Eles são jovens, talentosos e estão chegando com vontade de remar para novos rumos e triunfos em suas carreiras. Marcos e Renato retornam ao clube que os revelou e Yanka estampa a Cruz de Malta pela primeira vez. Os três são os reforços e esperança de medalhas do Vasco da Gama na temporada 2014.
Marcos Oscar começou no remo dentro do Vasco, em 2008, na modalidade 8 Com, inclusive junto de Renato. Mas sua carreira esportiva vem de muito tempo antes. O remador já se aventurou em diversas áreas esportivas, incluindo o futebol de base do próprio cruz-maltino. Além disso, praticou jiu-jitsu, capoeira e kung-fu até que um amigo o apresentou ao esporte que se tornaria mais que paixão, uma religião.
– Quando eu comecei, até dormindo eu sonhava que estava remando e sentia até as ondas – relembra Marcos.
Marquinhos, como é chamado pelos amigos, chega forte nas provas de dupla no peso leve (também compete no aberto) e que atualmente treina na categoria 4 Sem pela seleção brasileira, já conquistou bons resultados no Vasco, sendo campeão estadual e nacional. Porém, em 2013, por motivos pessoais e financeiros, rumou para o Botafogo e competiu durante todo o ano, mas as melhorias em estrutura do clube chamaram sua atenção e o coração vascaíno falou mais alto.
– Voltei porque o clube melhorou sua estrutura, me fez uma boa proposta e por ser vascaíno e disse, assim que saí, que eu voltaria para cá, não passaria de um ano mesmo – conta.
Mesmo sendo cedo para avaliar o trabalho, Marcos almeja uma conquista estadual e claro, estar na delegação brasileira que participará da segunda etapa da Copa do Mundo, em abril, na França, e do pré-Pan, dois meses mais tarde, no México.
O remador de 25 anos está confiante no futuro vascaíno dentro do esporte e espera que isso atraia mais atletas para a equipe vascaína.
– Pode se dizer que agora nós encontramos um padrão melhor no Vasco. Aqui tá tendo investimento na estrutura, só tá faltando atleta – conclui Marcos Oscar.
Assim como Marcos, Renato está retornando este ano ao clube que lhe revelou. Incentivado pela prima, começou no esporte em 2003, quando tinha 13 anos e exercia a função de timoneiro. Ficou até 2006, quando tornou-se remador.
Sempre competiu no 2x100m com o amigo Marcos e no 4x100 peso leve aberto, esteve na seleção brasileira de 2008 a 2011. Nesse período, rodou o mundo competindo. Renato já passou por Áustria, Colômbia, Suíça, Chile, Argentina, França, Alemanha e Estados Unidos, mas esses foram apenas o que ele se lembrou. Porém o remador garante que ainda tem muito espaço em seu passaporte.
– Eu sonho ainda em competir pela seleção e classificar para esses torneios internacionais, se eu perder esse sonho, eu paro de remar, porque é isso que me faz levantar cada dia motivado a trabalhar mais – diz o esperançoso Renato.
Mas justamente em 2011, Renato se viu saindo do Vasco. Durante uma regata, teve uma divergência com seu então treinador Marcelo Neves. Depois desse atrito, o remador foi para o Flamengo. Mas logo após sua saída do clube, Renato fala que sua volta já estava encaminhada e esse retorno seria concretizado em questão de tempo, pelo Vasco ser seu clube de origem, sua casa e ter criado um laço familiar com treinadores e atletas que, talvez por ter toda essa afinidade, tenha gerado o conflito.
– Um mês depois deu ter saído, o Vasco já tava me chamando de volta e para mim foi um peso sair. O Fábio, o próprio Marcelo, além de parentes vascaínos que diziam para eu voltar. Aqui é como se eu estivesse em casa, tenho um carinho enorme pelas pessoas daqui – revela.
O atleta, de 23 anos, conta que até poucos dias atrás pensou em realmente abandonar o remo pela falta de investimento que acontece no esporte em todo o Brasil. Renato conta que o fato de ter duas filhas para sustentar pesa, mas que sua mãe mostrou que ele está no caminho certo. E por falar em filhas, o vascaíno tem uma ótima história para contar sobre a mais nova:
– No dia do nascimento da minha segunda filha foi também o dia de uma competição minha. Na madrugada, minha esposa teve contrações e o meu sogro a levou para o hospital enquanto eu fiquei tomando conta da minha outra filha. Eu liguei para o treinador explicando a minha situação e que talvez não fosse competir, mas no fim das contas, tudo deu certo no parto e eu consegui chegar a tempo de competir e ainda venci.
Renato diz que a melhoria em infraestrutura na sede do remo do Club de Regatas Vasco da Gama o seduziu a voltar para o lugar que chama de casa e tem por objetivo a conquista do estadual no 2x100m peso leve e o retorno à seleção.
“Eu voltei para cá porque aqui é a minha casa, aqui é meu lar, onde eu comecei a treinar. Aqui me dá vontade de treinar, dá vontade de querer buscar um algo a mais, dá um fôlego de competir, mesmo quando a situação era ruim. Por isso que eu voltei ao Vasco e é onde quero encerrar minha carreira.”
Diferente de Marcos e Renato, que são crias do Vasco e estão há bastante tempo nas raias, Yanka Britto começou há apenas três anos, mas já tem história para contar. A começar pelo seu nome, que tem origem iugoslava cujo significado é “Deus é bom”. Ela é a terceira filha de um total de sete meninas e brinca que seu pai “só trabalha com fabricação específica”.
Aos 15 anos, Yanka foi morar nos Estados Unidos, onde foi estudar e passou quatro anos. Em sua volta ao Brasil, conheceu o remo através de uma amiga e, a partir daí, largou o emprego em uma loja de roupas e ingressou no esporte representando o rubro-negro carioca. Lá, iniciou como estreante e chegou à seleção nacional, competindo no Sul-americano junto de Fabiana Beltrame, que é um espelho para a jovem atleta de 23 anos.
– Não são somente os resultados. O dia a dia com ela é um aprendizado sem parâmetros, ainda mais para alguém como eu, que estava engatinhando no esporte. É uma esportista bem focada e concentrada, o que temos de buscar como exemplo – elogia Yanka.
Em 2014, Yanka Britto fará sua estreia pelo Vasco da Gama e conta como foi a escolha de vir para o clube e como estão sendo seus primeiros dias na nova casa.
– Fui super bem recebida pelas pessoas. Meu namorado remou pelo Vasco, meu pai é amigo do Fábio e falou muito bem do clube. Sinto que aqui tem um grande potencial de atletas e com a chegada de mais alguns atletas para atingir um número satisfatório de competidores, temos muita chance de conquistas – analisa.
O foco da atleta de 23 anos é o campeonato brasileiro na prova de skiff aberto, na qual competiria justamente contra Fabiana Beltrame. Perguntada sobre enfrentar e ter a possibilidade de ganhar da sua referência dentro do esporte, Yanka Britto não afrouxa e acredita que pode se dar bem, apesar de o páreo ser duríssimo.
– Nada é impossível. Não tem milagre. É só treinar e focar para conseguir. Se ela chegou, por que eu não posso chegar? – acredita a remadora vascaína.
Para encerrar o nosso bate-papo, os três novos reforços do remo cruz-maltino deixaram um recado final:
– Olhem com carinho para o remo do Vasco que está voltando com tudo, senão não seria Club de Regatas Vasco da Gama e no remo não seria imortal – finalizaram.
Fonte: Site oficial do Vasco