A greve dos agentes penitenciários no Estado forçou o cancelamento de seis audiências criminais que deveriam ter ocorrido na quarta-feira no Fórum de Joinville. Como a paralisação dos agentes suspendeu o trabalho de escolta dos detentos, os réus presos no Presídio Regional de Joinville não puderam comparecer às sessões.
Uma das audiências canceladas previa o interrogatório de dois acusados de matar um comerciante no bairro Ulysses Guimarães, em agosto do ano passado, por causa de uma escova de lavar roupas que havia sido furtada do microempresário.
Por precaução, a juíza da 1ª Vara Criminal, Karen Francis Schubert Reimer, decidiu cancelar também a audiência em que seriam interrogados os torcedores vascaínos Jeferson Helmann e Bruno Pereira Ribeiro, atualmente presos em Joinville por envolvimento na briga durante o jogo entre Atlético-PR e Vasco, em dezembro do ano passado, na Arena.
A sessão deveria acontecer nesta quinta e não chegou a ser pautada novamente. Quem também deveria ter sido ouvido quarta-feira é um réu acusado de integrar a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) – organização criminosa das cadeias de São Paulo.
Marcos Júnior Moraes, de 24 anos, foi denunciado pelos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico, falsificação de documento e envolvimento em organização criminosa. Como ele não foi escoltado ao Fórum, a audiência teve de ser remarcada para abril.
Na 3ª Vara Criminal, que cuida dos processos de execução de pena, outras três audiências foram canceladas quarta-feira pelo mesmo problema. Apesar de não ter cancelado audiências quarta-feira, a 4a Vara cancelou sete sessões com réus presos na semana passada por causa da greve.
Nada de audiências nesta quinta
Nesta quinta, o problema não deve se repetir porque não há audiências com réus de processos das quatro varas criminais de Joinville. Nas datas em que a agenda é prejudicada, diz o juiz da 2ª Vara, Gustavo Aracheski, é preciso reorganizar a pauta para minimizar o impacto no andamento das ações. Por enquanto, observa o magistrado, a situação não exigiu a adoção de medidas extremas.
Desde o ano passado, a Polícia Militar deixou de fazer a escolta de presos. Assim, o trabalho ficou restrito aos agentes penitenciários. Nos últimos dias, a PM executou o serviço de forma emergencial.
Clima de insegurança nos presídios
A greve dos agentes penitenciários entra nesta quinta no décimo dia e sem avanço nas negociações com o governo de Santa Catarina. O clima, que estava ruim em termos de segurança pública, inclusive com a soltura de 17 presos que estavam nas delegacias de polícia de São José, na Grande Florianópolis, nesta semana, pode piorar.
O Sindicato dos Servidores Públicos de Santa Catarina (Sintespe) esteve reunido quarta-feira à tarde com o secretário adjunto da Secretaria de Justiça e Cidadania, Sady Beck Júnior. A entidade alertou sobre a informação de uma articulação dos detentos para motins, fugas e greve de fome. No começo da noite, o Serviço de Inteligência foi informado.
— Não temos nada que nos aponte para isso. Mesmo assim, a atenção está redobrada nas unidades prisionais — disse Sady.
A inquietação dos presos ocorre pela suspensão das visitas e o sentimento de insegurança que passaram a ter desde o início da greve.
Fonte: A Notícia