Carbajal, goleiro mexicano recordista de presença em Copas do Mundo, defende Barbosa: 'Barbosa não jogava só'

Quinta-feira, 27/03/2014 - 06:32
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Em ano de Copa do Mundo, nada melhor que escutar um dos dois jogadores do mundo com mais participações no principal torneio de futebol do planeta. O ex-goleiro mexicano Carbajal, mais conhecido com La Tota, aos 85 anos e com cinco Copas na carreira (assim como o alemão Lothar Matthäus), não foge de nenhum assunto, desde elogios a Pelé até críticas contundentes a Maradona, passando por uma defesa firme do brasileiro Barbosa, que é considerado o vilão grande da perda da Copa de 50. Carbajal ainda revela seu ídolo na posição, fala sobre Julio César e as expectativas nada animadoras para a participação mexicana no Brasil (assista ao vídeo).

Nascido na cidade do México, Antonio Carbajal é um ex-jogador de poucas camisas. Presente nas Copas de 1950 a 1966, começou a carreira como juvenil no España e, após participar das Olimpíadas de Londres de 1948, foi promovido ao time principal. Depois de apenas duas temporadas no time, Carbajal viu o España ser extinto em 1950. Em seguida, assinou contrato com o León, onde permaneceu até o fim da carreira, aos 37 anos. O camisa 1 da seleção do México por 16 anos ainda foi treinador de clubes no país e hoje dá aulas em um projeto social.

Pelé ou Maradona?

- Como pessoa, como um todo, Pelé, mas não uma vez, um milhão de vezes. Este senhor Maradona deixa muito a desejar como pessoa. Gostaria de uma vez ter um enfrentamento com ele. Primeiro se é pessoa e depois se é jogador. Foi endeusado de uma maneira que acabou perdido. Tua preparação não era adequada. Essa mão de Deus, de que se sente orgulhoso, a mim daria vergonha ganhar uma partida com a mão que ele meteu no Mundial do México. Apesar disso, reconheço o gol que ele fez, parece que foi contra a Inglaterra, que driblou todo mundo e foi gol.

Injustiça com Barbosa na Copa de 50

- Me incomodou muito, me incomodou muito. Lamento dizer, mas eu quero que me entenda. Que duros foram com Barbosa! Por que não foram com o resto da equipe? Barbosa não jogava só. Insisto. Quem perdeu a bola? Por que não brigou por ela quando estava no meio, na defesa? Ele cometeu um erro, somos seres humanos e cometemos erros, mas por que o julgaram tanto, tão duro? Por que o atacaram tanto? Por que os companheiros não saíram em sua defesa? Por que a imprensa não o defendeu? Por quê, por quê, por quê? É uma pergunta que sempre me fiz.

O melhor goleiro de todos

- O que eu mais gostei foi Mazurkiewicz, goleiro uruguaio. Mazurkiewicz, goleiraço. Dos europeus, Yashin, Gordon Banks. Latinos houve muitos bons. Lamentaria esquecer alguém. Inclusive goleiros mexicanos, já houve muitos bons. Gosto muito do Iker Casillas. É o que mais gosto.

Julio César na seleção

- É uma carta que o técnico joga. "Eu vou ter, ainda que não esteja jogando, porque conheço a sua capacidade". Mas lógico que terá que ver os treinamentos prévios, uma partida, duas ou três partidas que se tenha, dar-lhe a responsabilidade. E, se o jogador responder, eu o poria. Mas, sim, tem que estar à altura.

O Brasil da bola

- O Brasil tem o melhor futebol. É uma pena que enfrentamos o Brasil logo, pegamos o barco logo, logo. E isso não gosto muito. Mas no futebol tudo pode acontecer. Sabem que somos "mamão com açúcar", como se diz no futebol, espero que não saia, quer dizer, que saia o tiro pela culatra. E que o México siga em frente, apesar de ser um jogo difícil. Mas isso já é uma outra situação.

México campeão em 2014

- Gostaria que tivesse (chances). Mas insisto, tomara que me equivoque, mas não vejo futuro. Nos gabamos dos jogadores que estão na Europa. Quantos jogam? Falamos de Chicharito, que eu conheço desde criança, seu pai foi meu jogador quando eu era treinador da equipe do Morelia. Quantas partidas joga? Joga minutos. Ah, mas tem que ser obrigado a jogar na seleção mexicana. Eu não entendo futebol assim. Se se diz que tem, que devem estar os que estão jogando melhor, e o garoto joga em um torneio, não sei se duas partidas quando muito, juntando dez minutos agora, cinco depois, e 20... assim não se vai a lugar algum.



Fonte: Sportv.com