Basquete: Diretor Francisco Vilanova fala sobre temporada 2014 e possível formação de um time adulto

Terça-feira, 25/03/2014 - 09:04
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O basquete do Vasco vive uma fase ruim já há muitos anos. Isto é de conhecimento geral. A ausência do clube desde 2007 do Campeonato Estadual da categoria adulta serve como emblema para isto, além de, de 2008 em diante, conquistar títulos apenas na categoria pré-mirim (o bicampeonato estadual 2012-2013). Por outro lado, diversas pesquisas feitas por grandes sites vascaínos demonstram de maneira cabal que o basquete é, de maneira disparada, o segundo esporte preferido da torcida vascaína (atrás apenas, é claro, do futebol). Desde 2001 o clube não conquista o Estadual, que foi vencido nos últimos nove anos pelo Flamengo.

Entretanto, trabalho dos profissionais do clube não falta. Mesmo com escassez de recursos financeiros e graves problemas estruturais (o ginásio principal de São Januário já entra no seu quarto ano de interdição), os funcionários vascaínos lutam bravamente no cotidiano para que o Vasco se reerga na modalidade. Mesmo sem time adulto, em nenhum momento o Vasco deixou de disputar as competições das categorias de base, do pré-mirim ao juvenil. No último ano, houve ligeira melhora, com o pré-mirim chegando ao bicampeonato e o clube chegando à semifinal nas categorias sub-13 (mirim), sub-14 e sub-17 (infanto-juvenil), além do quinto lugar no juvenil (sub-19) - em 2012, por exemplo, o Vasco chegou em sétimo lugar no Estadual de todas as categorias, do sub-13 ao sub-19. Para este ano, com o retorno a São Januário (treinos e jogos de todas as categorias no Forninho, ginásio secundário da Colina Histórica) e uma substancial melhora no dia a dia de treinamentos (melhores logística, preparação física etc.), espera-se que os resultados melhorem mais ainda, mas ainda sem pretensões à altura da história do Vasco no esporte. Time adulto, então... Permanece extremamente fora de cogitação. O objetivo, em primeiro lugar, é consolidar um trabalho nas categorias de base.

Em 2014, o Vasco disputa o Estadual nas categorias sub-13, sub-14, sub-17 e sub-19, além buscar o tricampeonato no Circuito Estadual pré-mirim (sub-12). A única a estrear foi a sub-14, que venceu o Pedra Branca, em Italva (noroeste fluminense), no último sábado (22/03).

Com base em todas essas considerações, o Blog CRVG - Em Todos os Esportes realizou uma entrevista com o diretor de basquete do clube, Francisco Vilanova, que está no cargo desde o primeiro semestre do ano passado. Nela, ele ressalta que o fato de o Vasco estar em meio a um processo eleitoral é fator impeditivo para que o clube busque patrocinador para eventualmente formar uma equipe adulta. Ele também dá a posição do clube em relação à Associação de Basquetebol de Veteranos do Rio de Janeiro (ABVRJ), onde o Vasco vinha treinando e jogando desde 2011. Porém, houve um desentendimento com o clube localizado na Praça da Bandeira, presidido por Benedicto Tortelli, o Paulista, ex-diretor do Vasco. Em 2011, em troca da utilização do ginásio, o Vasco cedeu à Associação duas tabelas suas, que eram utilizadas no Vasco-Barra. Vilanova diz que as tabelas ainda são do Vasco e que faz questão de trazê-las para Sâo Januário, além de reclamar da estrutura apresentada pela ABVRJ e dizer que para este ano o Paulista cobrou do Vasco dinheiro mensal para utilizar o ginásio. Ele foi bastante veemente ao definir a situação do basquete vascaíno: "dinheiro é zero em São Januário, está uma situação muito difícil".

Leia, abaixo, a íntegra da entrevista:

Quais as suas expectativas para o Campeonato Estadual das categorias de base?

"Estamos com uma grande esperança, estamos reforçando as nossas equipes dentro de nossas possibilidades. Estamos com a esperança de desenvolver um bom trabalho. Com muitas dificildades, mas com a ajuda dos amigos, trouxemos alguns garotos de fora. Dinheiro é zero em São Januário. Nas grandes equipes, os garotos a partir do infanto já recebem 200, 300 reais de ajuda de custo. Para ver a situação da dificuldade do Vasco, nós estamos com dificuldades de pagar a arbitragem. Então eu acho que, dentro das possibilidades e do trabalho que estamos desenvolvendo, dá para desenvolver um bom basquete e estar entre os primeiros."

Qual o balanço que você faz de sua atuação como diretor de basquete do Vasco, desde o ano passado?

"O balanço é positivo. Conseguimos voltar para São Januário. Nós treinávamos na ABVRJ, e hoje estamos treinando dentro da nossa casa, vamos jogar em casa. Estamos com uma estrutura relativamente boa. O que falta realmente é dinheiro."

Não tem como falar em basquete do Vasco sem pensar em time adulto forte. Quais são as perspectivas atuais sobre isso?

"Disputar o adulto, sem condições. Só se vier um patrocínio bom de fora, mas está muito difícil. O Vasco está atravessando um processo eleitoral, tudo se dificulta. O próprio patrocínio não sabe quando serão as eleições, qual será o próximo presidente. Tudo está indefinido. Então dificulta para arrumar patrocinadores, não se sabe nem o candidato da situação. Hoje temos um candidato que foi escolhido pelos conselheiros e diretores da situação, que é o Tadeu Correia, vice-presidente do Departamento Infanto-Juvenil e Responsabilidade Social. Tudo esta difícil neste ano em São Januário. Está na estaca zero [o time adulto]. Como você vai conversar com um patrocinador se você não sabe nem quando serão as eleições? Como fechar um contrato se em cima serão as eleições, será outro presidente? Não tem como. Está uma situação muito difícil."

Explique o litígio com a ABVRJ e o retorno integral do basquete do Vasco a São Januário.

"O litígio é porque era muita situação muito triste. A ABVRJ não deixava o Vasco nem tomar banho. Só três ou quatro jogadores podiam tomar banho porque gastava água. Eles têm que entender que o Vasco é uma potência. O simples fato de o Vasco estar treinando lá é prestígio para a Associação. E o presidente, que é ex-diretor do Vasco, o Paulista, enquanto ele estava aqui [como diretor], estava tudo bem. Depois que ele saiu do cargo começou um pouco esse revanchismo, de querer dinheiro. Se eles querem dinheiro, a nossa tabela está lá. Uma tabela hoje é R$ 40 mil. O que vai acontecer é que vamos retirar a tabela porque estamos necessitando dela para colocar nas quadras externas. Quando não pudermos usar o ginásio Forninho, vamos utilizá-las. Não tem litígio, tem legitimidade. A legitimidade é de que a tabela é do Vasco, e o patrimônio do Vasco tem que voltar para São Januário. Não tem [contrato assinado], o que tem é um pedido deles de empréstimo da tabela, que já terminou há muito tempo, mas vínhamos deixando lá porque estávamos treinando. Depois que ele quis cobrar dinheiro mensal, resolvemos voltar a São Januário. Consegui isso junto à administração. Não vamos mais sair daqui."

Saiu na imprensa recentemente que o presidente da FBERJ, Alvaro Lionines conversou com o Vasco para ver a possibilidade de o clube voltar a ter time adulto...

"O presidente da FBERJ conversou comigo, realmente convidou o Vasco para voltar. Mas o problema não é convidar, é a estrutura que nós não temos justamente devido ao processo eleitoral. Tudo vai depender dele. Antes disso vamos trabalhar até o sub-19, para fazer um grande campeonato e disputar os primeiros lugares. Temos time para ser campeão. Fizemos algumas mudanças. Esperamos que o sub-19 desenvolva um bom trabalho, o infanto, o sub-14, vamos desenvolver um grande trabalho."

E a reforma do ginásio principal, que está desde 2011 interditado?

"Eu acho que vai começar uma obra. A Ambev está cuidando de tudo, e em breve vai começar a obra. Acho que em final de abril para maio já vai começar a obra. E aí vamos a voltar a estrutura que temos, esse ginásio maravilhoso, que não vai deixar a desejar a nenhum do Rio de Janeiro."



Fonte: Blog CRVG Em Todos os Esportes - Supervasco