Um dos debates em torno do cálculo sobre médias de público recai sobre considerá-las apenas do ponto de vista dos mandantes ou no cômputo geral. Durante um campeonato como o Brasileiro, não restam dúvidas que a melhor ótica é a dos mandantes - embora muitos visitantes lotem estádios distorcendo estatísticas a favor do adversário. Mas na média, tais números refletem com alguma veracidade o grau de comparecimento de cada torcida. Já nos estaduais a coisa é diferente.
Ao menos na opinião deste Blog, não há que se falar em “média como mandante” num campeonato disputado por doze pequenos praticamente sem torcida e alijados de seus estádios, como é o caso do Carioca. Nos confrontos de nanicos contra grandes, a quase totalidade das torcidas é visitante. Assim, optamos pela segunda forma de se estimar a média de comparecimento.
Segundo a ferramenta de públicos do Globoesporte.com, Fluminense (10.026), Flamengo (7.205), Vasco (6.694) e Botafogo (2.592) seriam os líderes do Campeonato Carioca como mandantes. As médias, em alguns casos, são até razoáveis. Mas não contemplam que seis dos sete piores públicos do Fluminense (e todos os seis piores do Vasco) foram na condição de visitantes - mesmo em estádios com razoável capacidade. E mais: a pior assistência de um grande, na partida entre Bonsucesso e Flamengo (375 pagantes) foi injustamente para a conta do Rubro-Anil. Mesmo a partida acontecendo em Volta Redonda, 120 km distante do estádio Leônidas da Silva.
Assim, segundo levantamento de Julio Cesar Cardoso, do FutDados – melhor portal de estatísticas do futebol da internet brasileira – esta seria a “real” média de público do Campeonato Carioca 2014:
Ainda que a ordem se mantenha igual, os líderes pioram refletindo questões acima debatidas. Curiosamente apenas o Botafogo melhora - pelo fato de apenas um de seus quatros piores públicos terem se dado como visitante. De resto, temos um panorama mais fidedigno da completa ausência de torcedores nas arquibancadas do Rio.
Algumas curiosidades que refletem as prioridades dadas ao torneio: enquanto o Vasco não jogou nenhuma vez para menos de mil pagantes, o Fluminense só o fez uma vez (976, contra o Duque de Caxias). No extremo oposto, Flamengo (três vezes) e Botafogo (quatro) foram os “campeões dos estádios às moscas”. Não por acaso, ambos jogaram majoritariamente com reservas, em virtude da participação na Libertadores.
Das 112 partidas disputadas, exatamente metade (56) aconteceu diante de plateias inferiores aos 500 pagantes. Diante do sombrio cenário, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ) aparenta finalmente se movimentar, estudando reduzir o número de participantes e outras medidas valorizadoras. O presidente Rubens Lopes, inclusive, se utilizou de uma estatística do Blog Teoria dos Jogos quando citou os “42% de audiência do Carioca, contra 43% do Paulista e 44% (sic) da Libertadores”. Ele se referia ao share da audiência televisiva, publicado de maneira exclusiva neste espaço há uma semana.
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Um grande passo, presidente, seria acatar as proposições do Bom Senso FC quanto ao calendário e moldes de disputa dos estaduais. Um Carioca no formato de Copa seria o chamariz perfeito para a volta do propalado "charme", infelizmente perdido. Não há mais espaço para vaidades.
Um grande abraço e saudações!
Fonte: Blog Teoria dos Jogos - GloboEsporte.com