Às 11 horas desta segunda-feira, cinco homens sentam para começar a decidir o futuro do Vasco. Após convocação do presidente da Assembleia Geral, Olavo Monteiro de Carvalho, o presidente do clube Roberto Dinamite, Eurico Miranda, que preside o Conselho de Beneméritos, Hélio Donin (Conselho Fiscal) e Abílio Borges (Conselho Deliberativo) se reúnem em São Januário em encontro que promete alimentar de vez a guerra política vascaína. Na mesa, Olavo deve colocar a polêmica proposta de vetar os sócios que entraram em abril do ano passado, mesmo se somente definir a data do pleito deste ano em uma segunda reunião. O voto da maioria aprova ou desaprova a intenção do presidente da Assembleia Geral do clube de São Januário. A assessoria de imprensa do Vasco comunicou, após o clássico contra o Fluminense, que o clube estará fechado, sem acesso à imprensa e de torcedores, justamente por causa da misteriosa reunião.
A ação de Olavo, que consultou juristas, entre eles o grande benemérito José Carlos Osório, faz parte da estratégia de um grupo de situação - e une correntes de oposição também - que tenta impedir a volta de Eurico Miranda ao poder do Vasco. Somente em abril de 2013, o ex-presidente e seu grupo político - o Casaca! - foram responsáveis pelo cadastro de cerca de dois mil sócios-eleitores. Roberto Monteiro, vice-presidente do Conselho Deliberativo, tem por volta de mil entre os possíveis novos eleitores de abril do ano passado - o que deixaria os dois nomes com larga vantagem num processo eleitoral que não costuma ter nem mesmo quatro mil votos nas urnas.
Segundo informações obtidas pelo GloboEsporte.com, Olavo tem em mãos uma lista de pouco mais de 13 mil nomes. A grande expectativa é para a data de fechamento dos sócios admitidos no ano passado - se vai até o final de abril, portanto com os associados da polêmica adesão do fim daquele mês, ou se os aptos a votar vão apenas até o meio de abril., sem a permissão para votar de três mil novos associados. Os sócios de abril, desde fevereiro, passam por recadastramento.
A convocação desses três mil sócios pela comissão de sindicância é uma outra alternativa que mobiliza a repartida situação do clube. Nesta semana deve ser encerrado o recadastramento, que teve pequena procura e muita reclamação de oposicionistas. Para a comissão, no entanto, os associados só terão direito às prerrogativas do estatuto - entre elas, a do voto - a partir do momento que receberem suas carteirinhas e que tenham a assinatura do presidente Roberto Dinamite. Sem isso, esses nomes não podem ser considerados como admitidos no enxuto quadro social de São Januário.
Além de Eurico e Monteiro, o clube tem como postulante à presidência Nelson Rocha, que entrou com pedido de investigação do Ministério Público na última semana contra os dois concorrentes. O MP deve aceitar a notícia crime e embaralhar mais ainda o processo eleitoral do Vasco que já deve começar da mesma maneira que os mais recentes terminaram: na Justiça.
Dependendo do resultado da reunião - que ainda não deve fechar a data da eleição, mas sim uma lista de eleitores e elegíveis para apuração, impugnação e revisão -, é esperado uma quarta e até, possivelmente, uma quinta via surgindo para os eleitores do Vasco. Jorge Salgado, Fernando Horta e o grupo da Cruzada Vascaína tentam superar as diferenças para construir uma frente de oposição, que contaria ainda com Pedro Valente, candidato pelo Casaca! nas eleições de 2011 - embora tenha retirado a candidatura sob protesto de falta de transparência no processo eleitoral de três anos atrás. Para completar o quadro, na terça, um grupo de conselheiros também deve lançar candidatura própria. Dois grupos concorrem em votação interna. Estes, da situação, porém, dificilmente não vão juntar com outra chapa.