Amarildo amarrava o sapato branco da fantasia como se fosse uma chuteira. Julio Cesar Uri Geller usava termos do futebol para comentar sobre o desfile. Alguns ex-jogadores alongavam e encaravam como uma partida decisiva. Fotos e pedidos de autógrafos. Quando a bateria entrou na avenida para abrir os trabalhos, exatamente à 1h08m desta terça-feira, bandeiras do Flamengo tremularam no Setor 1 da Marquês de Sapucaí. O aquece da Imperatriz Leopoldinense foi com “Parabéns a você” para o aniversariante do dia, que completou 61 anos, e também com o hino rubro-negro, levado no gogó e nas palmas. O desfile da escola com o enredo "Arthur X - O reino do Galinho de Ouro na corte da Imperatriz" em homenagem a Zico transformou a Sapucaí em Maracanã.
Na letra do samba, a palavra Flamengo não apareceu uma única vez. No microfone, um dos diretores da Imperatriz fez questão de destacar que “a torcida era a parte mais bonita do espetáculo, que o samba não se preocupava com rivalidades, mas sim com o homem íntegro e ídolo nacional que é Zico”. Mas ficou apenas no discurso. A associação com o Flamengo foi vista nas centenas de camisas e bandeiras espalhadas pelas arquibancadas. E também virou a segunda pele de integrantes da escola verde e branco.
Muitos integrantes vestiam a camisa do Flamengo por baixo de fantasias ou do uniforme de trabalho. Foi o caso do empurrador de carro alegórico Vinícius Pereira, com o “manto” por baixo do macacão.
- Juntou três paixões: Flamengo, Zico e Imperatriz - vibrou Vinícius.
Vascaíno na bateria e spray em Dinamite
Mas, na bateria, logo surgiu a rivalidade. Um dos integrantes tratou de exibir uma grande cruz de malta tatuada nas costas. Perto dali, os presidentes de Flamengo e Vasco - Eduardo Bandeira de Mello e Roberto Dinamite - trocaram aperto de mãos cordial e tiraram fotos.
Mas, pouco depois, quando parou mais adiante, Dinamite levou um jato de spray de espuma dos populares que se localizavam no viaduto próximo da Sapucaí. Vaias, mesmo que abafadas pelo barulho da bateria, foram ouvidas.
- Todo e qualquer rubro-negro tem que prestigiar o Zico. É o maior ídolo da história do clube - disse Bandeira de Mello, antes do desfile.
Os jogadores da década vitoriosa de 80 vestiram ternos dourados . Júnior, Leandro, Adílio, Andrade, Cantarele, entre outros, também foram exaltados.
Zico vence disputa com Sabrina Sato
Antes da Imperatriz, o setor da concentração viveu alvoroço quando Sabrina Sato, rainha de bateria da Vila Isabel, apareceu. Ela foi cercada por dezenas de jornalistas, câmeras e flashes. Depois, quando Zico chegou para o desfile, o número foi multiplicado e deixou a musa para trás.
O hino puxado no aquece da bateria da Imperatriz foi a senha para uma coreografia conhecida no Maracanã: mãos para cima e palmas ritmadas. E cartazes em homenagem ao Galinho de Quintino. O som dos fogos lembraram os tempos de outrora no Maracanã. Na época de Zico, ainda eram permitido os rojões usados sem fins violentos nos estádios.
Os diversos setores se animaram, mas o maior momento de euforia sempre acontecia com a passagem de Zico, vestido como rei no último carro da escola, com direto a coroa. O estandarte da Imperatriz virou capa para o Galinho, que vestia calça branca e camisa rubro-negra com detalhes em dourados. Gritos de campeão e agradecimento do Galo
No fim do desfile, a cena de estádio de futebol se repetiu. Assim como acontecera no setor 1 - no início da odisseia de Zico - o setor 13 recebeu o ídolo do Flamengo com “Parabéns a você” e doses de otimismo aos gritos de “é campeão”.
Fonte: GloboEsporte.com