Até a décima rodada da Taça Guanabara, no fim do mês, o Raulino de Oliveira vai sustentar a marca de ter recebido o Vasco mais vezes do que São Januário em 2014. Reduto de torcedores do clube, a cidade sul-fluminense abrigou três das últimas quatro partidas e, aos poucos, volta a ser uma espécie de segunda casa. A mudança tem feito a alegria dos cruz-maltinos mais fanáticos, embora o público não tenha comparecido em peso no estádio justamente porque deixou de ser novidade - a média é de três mil pessoas.
Um dos motivos para isso é o temático Sport Bar, a cerca de três quilômetros do Raulino, que carrega um escudo do Vasco em seu letreiro e tem a decoração de flâmulas, bandeiras e quadros do clube. O dono, Rodrigo Mota, mantém o estabelecimento como o pai, falecido há três anos e que o inaugurou há mais de 40, gostaria de ver. Sempre há dezenas de torcedores reunidos para acompanhar o time. Na final da Copa do Brasil de 2011, por exemplo, um telão foi instalado e fechou a rua, aonde, comenta-se, os rivais não são lá muito bem vistos. Mas o acúmulo de jogos em Volta Redonda, eventualmente, não faz bem para os negócios.
- Aqui é um bar tradicional que a gente consegue fazer esse cantinho do Vasco. Não tem igual dos outros times. Todo mundo conhece e vira freguês. A questão é que quando tem partida, a galera vai para o estádio, porque o ingresso é R$ 30 (com meia-entrada a R$ 15). Recebo mais gente quando é fora de casa. Aí, vem muito vascaíno tomar uma cerveja - explica Rodrigo.
Há torcedores de diversos municípios vizinhos no Raulino. Resende, que conta com uma torcida organizada, Barra do Piraí, Itatiaia e, principalmente, Barra Mansa, logo a entrada seguinte na estrada. É onde nasceu Gilson Arantes, que ignorou o calor de quase 40 graus, pegou o carro e levou os filhos para o duelo com o Nova Iguaçu, nesse domingo, para entrarem em campo com os jogadores.
- Deixei até de ir para São Januário como antes. Eles estão sempre jogando aqui, às vezes dez, 12 partidas no ano. E tem crescido esse número. A segurança é maior para trazer as crianças - acredita o torcedor, que trabalha em construção civil e foi um dos primeiros a chegar para não perder a entrada do ônibus vascaíno.
Fernando Almeida e Eduardo de Pádua são dois amigos que garantem não perder uma partida do Vasco. Colecionam ingressos de praticamente todos os adversários que já foram vitímas da equipe cruz-maltina, inclusive clássicos que vez por outra são disputados em Volta Redonda, desde a interdição do Engenhão, no período em que o Maracanã estava em reforma.
- Acho que o público não é grande porque não tem atrativos e justamente porque tem muito jogo aqui. Não é novidade mais. Só que tem uns 300 aí que nunca deixam de vir. Conhecemos todo mundo no estádio - brinca Fernando, advogado de 27 anos.
A logística também passou a facilitar o Vasco, que tem relação estreita com os administradores do CT João Havelange, em Pinheiral, a 25 minutos de carro do Raulino. Ligado a políticos locais, o presidente Roberto Dinamite, que também é deputado estadual, assinou contrato de cinco anos para fazer a pré-temporada nas modernas instalações. Isso sem falar que a viagem é até uma hora e meia mais curta em comparação a Macaé, outro bom estádio que dividiu espaço em jogos do Vasco em 2013.
A partir de 2011, a Federação de Futebol do Rio limitou o uso dos campos de várias equipes pequenas contra os grandes, e clubes como Boavista, Duque de Caxias, Cabofriense e mais recentemente o Audax ficaram sem casa perto de seus domínios, passando a ser itinerantes. Além disso, Olaria e América, tradicionais representantes da capital que explorariam mais Moça Bonita, outro que está apto a estas partidas, estão na Série B e abrem caminho para o interior.
Fonte: GloboEsporte.com