Enquanto a bola não rolava, o assunto era um só entre torcedores, sócios e presidenciáveis em São Januário: a sucessão de Roberto Dinamite. Ainda sem data definida, as eleições dominaram os bastidores da vitória por 6 a 0 do Vasco sobre o Friburguense. No estádio vascaíno, a poucos metros de distância, quatro candidatos à presidência torceram e conversaram com torcedores antes, no intervalo e após o jogo. O presidente Roberto Dinamite, ainda preocupado com a rejeição ao seu nome, preferiu ficar em sala fechada, sem contato com a torcida.
O empresário Leonardo Gonçalves, que faz parte do grupo político que deve apoiar Jorge Salgado nas eleições, assistiu a partida à direita da tribuna de honra. Pré-candidato, o líder da Cruzada Vascaína, que deve ser candidato novamente caso Salgado decline da intenção de se eleger, assiste aos jogos do lado oposto ao de Eurico Miranda. O ex-presidente chegou ao estádio às 18h45. Aos 69 anos, ele subiu as escadas e, com papéis na mão, limpou as cadeiras empoeiradas de São Januário antes de se sentar e atender a fãs e ex-jogadores, como o ex-goleiro Acácio, campeão brasileiro em 1989, que foi cumprimentar Eurico.
O presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, estava muito próximo de Roberto Monteiro, ex-vereador e ex-presidente de torcida organizada do Vasco. Somente o último já se declarou candidato. Horta esteve muito próximo de fechar uma chapa com Salgado e Leonardo Gonçalves, mas este quadro só se definirá nas próximas semanas. O clima de eleições esquenta ainda mais os jogos do Vasco dentro de São Januário.
- Quando a bola não está rolando, não tem jeito. As pessoas só falam nisso (eleições). Todos estão muito preocupados com o destino do clube. Então as pessoas vêm conversar, prometem voto, perguntam se a gente da Cruzada vem firme, se o 'mensalão' vai votar. Mas no jogo, não dá, assisto com meus amigos e me concentro no campo - conta Leonardo Gonçalves, referindo-se ao processo de adesão em massa de quase dois mil sócios apenas no último dia de abril do ano passado.
O primeiro a ir embora foi Fernando Horta. Logo após o terceiro gol, ele deixou São Januário. Monteiro foi o segundo. Eurico saiu faltando 15 minutos. A goleada deixou o clima político mais ameno no clube, mas nem por isso foi possível ver Dinamite. Vice-presidentes e conselheiros ligados ao seu grupo ocuparam a tribuna de honra, enquanto o presidente preferiu assistir a partida no ar-condicionado da sala da presidência. Mas uma coisa não vai mudar: a cadeira onde senta Dinamite segue em disputa.
Fonte: GloboEsporte.com