Cerveja, futebol e carnaval são marcas registradas da sociedade brasileira. Entretanto, os dois primeiros foram separados por proibição da CBF em 2008. Desde então, é proibida a venda de bebidas alcoolicas nos estádios brasileiros. Mas isto pode mudar. O advogado Henrique Cardoso conseguiu na última sexta-feira, na 12ª Secretaria dos Juizados Especiais de Curitiba, uma sentença favorável à volta da cerveja aos estádios de todo o Brasil. A decisão, que ainda não foi publicada, terá efeito imediato. A CBF poderá recorrer.
Cardoso alegou inconstitucionalidade na proibição baixada pelo órgão máximo do futebol brasileiro. Por tratar-se de um juizado especial, a sentença, além de válida imediatamente após a publicação, não pode sofrer com efeito suspensivo enquanto a ação estiver em curso nos tribunais. Em outras palavras, mesmo que a CBF recorra, haverá venda de cervejas durante o processo, até o veredicto final.
- Ao meu pedido, a resolução de 2008 foi considerada inconstitucional. O Estatuto do Torcedor veda o uso de substâncias proibidas, porém a cerveja pode ser vendida em qualquer esquina legalmente, o que tira este caráter - disse o advogado à "Gazeta do Povo", e afirmou que a bebida não é a causa de atos violentos:
- Não há um projeto de segurança pública no Brasil, apenas reações a problemas por meio de combates dissociados da realidade que é o recrudescimento da violência como um todo, os estádios sendo apenas um reflexo disso, basta ver os tristes episódios com o Coritiba em 2009 e com o Atlético e o Vasco em 2013, todos sob a proibição. Não adianta proibir cerveja, faixas e camisas se há impunidade com quem apronta nos estádios - finalizou.
O LANCE!Net ouviu João Henrique Chiminazzo, especialista em direito desportivo, que manifestou apoio ao colega advogado, mas questiona a inconstitucionalidade da decisão tomada pela CBF em 2008.
- Acho um absurdo proibir a cerveja. Estudos revelam que não é isto que vai coibir a violência. Há um abuso nesta proibição. Mas não penso que seja inconstitucional. A CBF dá as cartas dentro dos estádios brasileiros. Vamos supor que eu estou organizando uma festa, e proibo a venda de vodka. Por mais absurdo que isto possa parecer a alguns, a festa é minha e eu escolho o que vender, ou não. Dentro das substâncias consideradas legais, é claro - disse Chiminazzo ao L!Net
O futebol brasileiro acostumou-se com os tribunais no último mês, por conta do imbróglio envolvendo a Portuguesa, que escalou irrregularmente o jogador Héverton na última rodada e perdeu os pontos, dando ao Fluminense a vaga na Série A, através do tapetão - mas a situação ainda está longe de estar decidida.
Fonte: Lancenet