Presidente da Portuguesa admite que pediu empréstimo à CBF, mas considerou proposta absurda

Segunda-feira, 20/01/2014 - 17:44
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Após a divulgação do documento em que a CBF supostamente exigia da Portuguesa a desistência das ações na Justiça para não ser rebaixada em troca de R$ 4 milhões (em reportagem da emissora ESPN Brasil), o presidente do clube, Ilídio Lico, deu uma nova versão do caso. Segundo ele, foi a Portuguesa que pediu um empréstimo à CBF – garantido por cotas de TV – logo após o fim do Campeonato Brasileiro de 2013. A entidade aceitou emprestar o dinheiro, mas incluiu no contrato cláusulas determinando que a Lusa não acionasse a Corte Arbitral do Esporte nem a justiça comum para tentar evitar seu rebaixamento à Série B. O Ministério Público vai investigar o documento em questão.

- Eu vou fazer o que for melhor para a Portuguesa. Todos sabem da situação financeira que o clube passa, e pedimos um adiantamento à CBF. Precisamos de ajuda - explicou Lico, em conversa com a produção do Globo Esporte, no início da manhã.

Após falar à TV Globo em tom bem mais ameno sobre o pedido de garantia da CBF, o mandatário deu entrevistas às rádios CBN e Guaíba. Para esta última, mostrou-se indignado com a situação imposta pela entidade.

- Fiquei revoltado com a proposta feita pela CBF. Eu tenho que falar a verdade, tenho que abrir o jogo. O contrato é indecente. Ainda tenho que devolver o dinheiro em 2015. Acharam que eu assinaria aquilo. A minha plataforma é transparente. Falei com pessoas, mostrei o contrato, e tudo isso foi divulgado. Infelizmente essa é a realidade.No momento, não gostei (de o documento ter vazado). Poderíamos usar esse contrato, mostrar ao Ministério Público. A injustiça que estão fazendo conosco é muito grande. A Portuguesa vai morrer com dignidade, porque isso nós temos - afirmou em entrevista à Rádio Guaíba.

Para a Rádio Brasil, Lico ressaltou que a Portuguesa não esgotou as tentativas de disputar a Primeira Divisão do Brasileirão em 2014, mesmo que seja com uma mudança de regulamento e na forma de disputa da competição.

- Estou indignado com essas denúncias, os amigos da Lusa ficam chateados. Não tenho rabo preso com ninguém, estou à vontade para falar que não estamos envolvidos em nada disso. Se tiver que disputar (o campeonato) com 24 clubes, eu até aceitaria. O importante é estarmos na Serie A, pois o prejuízo financeiro é muito grande com a queda. Os valores são muito diferentes, e não podemos abrir mão até quando for possível - disse ele, esperançoso de um acordo com a CBF. - Estarei na eleição (para a presidência da Federação Paulista de Futebol). O Marin sempre me atendeu bem, e acho que não tem por que mudar. Vou lá para conversar, como sempre fiz.

À tarde, Ilídio Lico compareceu à sede da FPF, em São Paulo, para participar da reeleição de Marco Polo del Nero à presidência da entidade. No entanto, não conseguiu encontrar o presidente da CBF, José Maria Marin, que deixou o local enquanto o dirigente da Lusa conversava com os jornalistas. Ele reafirmou que o clube do Canindé não aceitará as condições impostas no contrato de empréstimo.

- Eu jamais aceitaria. Tenho mais de 60 anos, sou empresário. Se eu aceitasse, estaria morto na Portuguesa, seria condenado por todos os poderes. Fui me informar com o Marco Polo, e ele disse que não sabia (das cláusulas). Acho que se aproveitaram da situação de estarmos precisando de dinheiro e acharam que eu aceitaria todas as condições - disse.

Na versão do dirigente da Lusa, a nova diretoria do clube, que havia acabado de ser eleita e assumiria o comando em 2014, entrou em contato com a CBF e pediu o empréstimo. Ilídio Lico esteve na sede da entidade, no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro. A CBF aceitou o pedido. Mas com o surgimento do caso Héverton (no dia 10 de dezembro) a quantia a ser adiantada se tornou incerta, pois dependeria da divisão em que o clube jogaria (a garantia do empréstimo é o recebimento das cotas de TV, e a cota de cada clube varia de acordo com a divisão). Com a queda do clube, o empréstimo foi fixado precisamente no valor da cota a que o clube terá direito na Série B: R$ 4 milhões.

Como a confirmação da queda da Lusa só veio em 27 de dezembro, quando o departamento jurídico da CBF já estava em recesso, o documento de adiantamento só foi redigido no início de 2014. E neste documento – após os julgamentos no STJD – foram incluídas as cláusulas citadas na reportagem da ESPN Brasil. Para conceder o empréstimo, a CBF exigiu o compromisso da Portuguesa de que jogaria a divisão que foi determinada, no caso a Série B, e também a desistência de buscar alterar a decisão do STJD na Justiça comum. A CBF, por meio de seu departamento de comunicação, disse que por enquanto não vai emitir nota oficial sobre o caso.

Entenda o caso

No fim do ano passado, o STJD tirou quatro pontos da Portuguesa e do Flamengo por terem escalado Héverton e André Santos em condições irregulares, contra Grêmio e Cruzeiro, respectivamente. Esse cenário salvou o Fluminense, que havia caído para a Série B, e rebaixou o clube paulista. Uma série de liminares em ações impetradas por torcedores tem alterado a classificação do campeonato e incomodado a CBF.

Fonte: GloboEsporte.com