Foram dois anos longe do Vasco da Gama, mas para quem o conheceu de perto na marcante trajetória entre 2009 e 2011 no Gigante da Colina, sejam eles funcionários, jogadores, dirigentes e jornalistas, quase nada mudou. O jeitão gaúcho, disciplinador e metódico continua intacto, assim como sua boa conversa e as brechas para um breve período de descontração.
Tal qual em seu ano de chegada, assume a direção-executiva do Cruz-maltino na Série B e com a dura missão de recolocar o clube em seu devido lugar. Em entrevista ao LANCE!, ele falou não só sobre esse desafio, mas também sobre a saída do Fluminense, a relação com Dinamite e os grupos oposicionistas, os problemas do clube, a resistência que ainda há com executivos, além de outras questões. Confira abaixo:
Você saiu do Fluminense com mágoas?
Não saí com mágoa, pelo contrário. Tive uma grande oportunidade. Eu fiquei surpreso, na verdade. Conversamos em dar continuidade e dessa forma que eu vinha visualizando, quando fui comunicado de que meu contrato não seria renovado. Tenho boas lembranças e sou grato. Não era isso que haviam me dito, mas o clube tem o direito de fazer isso.
E quais foram as primeiras medidas no retorno ao Vasco?
Ainda estou num processo de absorver informações. Não tem como já ter um diagnóstico completo. Fizemos contratações, renovações, ao mesmo tempo que tomei a decisão difícil de tirar atletas, principalmente pelo aspecto financeira.
Você reencontra o Vasco numa situação igual, melhor ou pior do que em 2009?
O clube como um todo evoluiu por ter profissionalizado algumas áreas. O elenco de 2009 precisou partir do zero, agora é um pouco diferente, pois temos alguma base. Naquele momento o torcedor abraçou mais a equipe por ser a primeira queda. Esse momento requer o mesmo apoio e sacrifício da torcida. Mas a nível de elenco, temos uma base melhor e financeiramente temos que readequar o clube.
E como atuar no mercado com o Vasco atravessando um momento delicado dentro e fora de campo?
É difícil conseguir êxito, ainda mais com a queda de divisão. Ainda bem que clubes e representantes reconhecem a grandeza do Vasco. Muitos desses jogadores que chegaram tinham convites de outros clubes. Acredito que estamos montando um grupo competitivo.
Muito se falou que a relação entre você e o presidente Roberto Dinamite estremeceu após sua saída no fim de 2011. Como ela está?
Foram três anos de excelente convívio. Muita coisa foi construída, mas algumas precisavam ser ajustadas, e foi essa certa divergência de conceito que fez eu, mas nunca no campo pessoal. Agora ele e Ercolino (vice de futebol) me fizeram o convite. Se tivesse algum tipo de problema, ele nem ele teria me convidado e nem eu teria sentado para conversar com ele.
Você gosta de trabalhos a longo prazo. Como trabalhar nessa situação ciente de que ocorrerá uma eleição presidencial no meio do ano?
Quero que o futuro presidente faça a avaliação dele. Tenho uma relação boa com quase a totalidade desses grupos políticos por já ter me relacionado com essas pessoas em algum momento da minha carreira. Todos nós queremos a mesma coisa. Que o futuro presidente pegue o Vasco numa melhor condição que hoje.
Ainda há uma resistência interna nos clubes brasileiros com os executivos?
Claro que há. O que eu vejo é que há uma tremenda confusão. Não existe disputa nessa história. Existe as atribuições dos executivos e dos estatutários. Não são conflitantes. Só existe confusão quando o executivo entra na parte estatutária e o inverso. Falta um melhor entendimento de quem faz o quê.
Fonte: Lancenet