Se engana quem pensa que o artilheiro do Campeonato Carioca Infantil de 2013 se destaca apenas pelo oportunismo. A persistência e determinação também são atributos de um dos talentos da geração 98 do Vasco da Gama. Autor de 29 gols no Estadual, Hugo Borges iniciou sua carreira aos seis anos de idade numa escolinha de futsal do Gigante da Colina, porém mudou de ares a partir do momento que começou a ter contato com o futebol de campo. O clube escolhido pelo garoto para dar prosseguimento a carreira foi o Fluminense.
No tricolor, o jovem natural de Duque de Caxias, viveu altos e baixos. Hugo batalhou bastante para conquistar um espaço na equipe. Volante e meia armador foram algumas da posições que o atleta precisou encarar para receber uma oportunidade no time. As chances apareceram, porém o fato de não atuar na região do campo onde começou sua carreira, no setor de ataque, desagradou Borges, que ficou perto de ser dispensado do Fluminense. A carreira de Hugo começou a dar uma virada a partir do momento que o treinador Ricardo Perlingeiro apareceu em sua vida.
Foi o profissional tricolor que deu ao jovem uma sequência de jogos como atacante na categoria infantil. A aposta surtiu efeito e o garoto viveu no primeiro semestre de 2013 seu melhor momento no clube das Laranjeiras. A boa fase, porém, não foi suficiente para impedir o Fluminense de abrir mão do atleta na primeira oportunidade. O time das três cores aceitou uma proposta feita pelo Vasco sem consultar o jogador. O episódio entristeceu Hugo, que só voltou a sorrir após tomar conhecimento que voltaria a atuar pelo clube da cruz de malta.
Os primeiros seis meses com a camisa vascaína não poderiam ter sido melhores. Além manter a média de gols no Estadual, Hugo conquistou dois títulos e encerrou o ano como um das apostas do juvenil para 2014. Momentos após festejar no dia 01 de janeiro seu 16º aniversário, o jovem conversou com a reportagem do Programa Só dá Base e revelou detalhes de sua caminhada no esporte. O artilheiro também fez um balanço da temporada.
Confira um bate-papo exclusivo com Hugo Borges, atacante da geração 98:
Por qual motivo você começou a jogar futebol? Onde foi o seu início?
"Sempre amei jogar futebol. Meu pai chegou um dia em casa me perguntando se eu queria isso para minha vida. Eu disse que queria muito e no outro dia meu pai chegou em casa com a folha da Escolinha do Vasco. Comecei a treinar com seis anos na escolinha. Eu acordava às quatro da manhã para ir para São Januário treinar futsal. Meu treinador era o professor Ênio. Quando completei três meses, o professor Ênio indicou uma garotada para fazer a peneira e se federado. Eu e o Andrey, com quem jogo ate hoje, estávamos. Fiz quatro gols nessa peneira e eles pediram os meus documentos. Quando o Márcio, diretor daquela época, me deu o uniforme dos federados, meu pai e minha mãe começaram a chorar".
Por qual motivo você trocou o Vasco pelo Fluminense?
"Eu joguei no Vasco durante quatro anos e meio. Quando chegou no meu quarto ano de Vasco, comecei a ver algumas coisas no clube que não me agradava. Algumas injustiças estavam acontecendo, algo que é normal no futebol. Foi quando os diretores do Fluminense souberam que eu iria sair. Eles ligaram para minha mãe. Resolvi ir para lá".
Como foi sua passagem pelo time das Laranjeiras?
"Passei o mesmo tempo no Fluminense, ou seja, quatro anos e alguns meses. No começo foi meio difícil. Cheguei como atacante e o grupo no campo já estava fechado. O treinador chegou para mim e perguntou se tinha algum problema de me escalar como volante. Eu falei que não. Fiquei um ano jogando de volante. Depois que passei para o mirim, outro treinador chegou e me botou para jogar de meia. Cheguei pedir ao treinador uma oportunidade no ataque, mas ele nunca me deu. Fui perdendo espaço e ia ser mandado embora. Foi quando eles preferiram ficar comigo por mais um ano. No meio do ano passado chegou o treinador Ricardo Perlingeiro. Ele confiou no meu trabalho e me botou para jogar no ataque. Veio o Carioca do ano passado e eu consegui me destacar. Agradeço muito a esse treinador. Tudo que estou conquistando agora é por conta dele".
Como foi essa negociação para você voltar o Vasco? Por qual motivo você aceitou?
"O Vasco teve interesse na minha volta e enviou uma proposta para o Fluminense. O Fluminense não me perguntou se eu queria ficar ou não. A diretoria me liberou sem me consultar. Eu fiquei triste pelo que eles fizeram comigo. Não me valorizaram como artilheiro do campeonato. O treinador Ricardo não queria que eu fosse liberado, mas quem manda são os diretores. Eles me liberaram. Fiquei triste, mas por outro lado fiquei muito feliz por estar voltando a minha verdadeira, casa que é o Vasco".
Você voltou ao Vasco sendo titular e fazendo gols. O que você poderia falar sobre seus primeiros seis meses no Vasco?
"Nunca passei por um momento tão bom na minha vida. Minha chegada ao Vasco foi maravilhosa. Todos me trataram muito bem. Amigos que já tinha aqui, mas fiz outros durante esses seis meses. A diretoria me tratou muito bem. Foi maravilhoso poder chegar em boa forma, Marquei gol na minha estreia e daí para frente foi só alegria. Conquistei um título importante com menos de três meses de clube. Falo da Brasil-Japão. Depois desse campeonato tivemos um tropeço, mas depois embalamos. Foi quando veio a pior fase. Foi quando perdemos seis pontos. Depois desse episódio o time ficou meio abalado. Não chegamos na final da Taça Rio, mas disputamos a decisão do Carioca. Enfrentamos o Flamengo e fizemos o nosso trabalho muito bem. Conseguimos os resultados e fomos campeões. Fiquei muito mais feliz por ainda ter conseguido terminar como artilheiro do campeonato com 29 gols".
Quais são seus ídolos? Qual é o seu estilo de jogo?
"Tenho muitos, mas o mais próximo que vejo atuar é o Fred. Também gosto do Alan, que jogou no Fluminense. Hoje ele está jogando no Red Bull da Áustria. Meu estilo de jogo é de um camisa 9. Sei fazer gols e me posicionar bem dentro da área. Também sei trabalhar fora da área".
Você falou que foi recebido muito bem. O fato de alguns jogadores como o Evander e o Allan fazerem parte do time te ajudou? Qual a diferença entre a geração 98 do Vasco e a do Fluminense?
"São duas equipes com excelentes jogadores. No Fluminense eu me dava bem com Ramon e Gustavo, que são dois jogadores de Seleção. O Vasco que para mim sempre foi um dos melhores times 98 do Brasil. Evander, que tem uma força no chute que poucos possuem, e o Pet com a genialidade dele me ajudaram muito a fazer mais gol. Me sinto feliz por fazer parte dessa equipe, que é uma das melhores do Brasil".
Você elogiou muito o seu antigo treinador do Fluminense. O que pode falar da atual comissão do Vasco?
"Um ótimo treinador. Já tive passagem no Fluminense com o Luiz Felipe sendo auxiliar-técnico. Ele ligou para os diretores do Fluminense e pediu a minha liberação. Agradeço a ele pelo reconhecimento e pelas oportunidades no Vasco".
Quais são seus objetivos para 2014?
"Meu objetivo é sempre estar na melhor forma, fazendo gols. Quero servir ao Vasco da melhor maneira possível. Vou buscar sempre estar à disposição do treinador Cássio. Quando ele precisar, quero estar ali para dar conta do recado. Seleção Brasileira também é um dos meus grandes objetivos",
Você passou um longo tempo no Fluminense, mas podemos dizer que o Vasco é a verdadeira casa do Hugo?
"Sim. O Vasco é minha verdadeira casa. Às vezes passo mais tempo com meus companheiros do que com a minha própria família. Amo o Vasco desde pequeno".
Que mensagem você pode deixar para o torcedor do Vasco?
"Que eles podem esperar muita dedicação da minha parte. Vou sempre buscar ajudar o Vasco quando estiver em campo. Quero colocar o Vasco sempre entre os primeiros do Brasil. O torcedor pode esperar de mim sempre muita vontade, amor ao Clube e muitos gols".
Com informações do Programa "Só dá Base/Só dá Vasco".
Fonte: Blog Meninos da Colina - Supervasco