Contratado a pedido de Paulo Autuori, Rafael Vaz era uma aposta com pouca margem de erro, segundo avaliação da comissão técnica. Zagueiro canhoto, com chute potente e boa saída de bola, mesmo na má campanha do Brasileiro ele chegou a impressionar os vascaínos com boas atuações e três gols nos primeiros nove jogos. Cinco partidas depois, porém, Dorival Júnior (substituto de Autuori) retirou Vaz da equipe, e ele nunca mais retomou a posição. Para o zagueiro, o motivo da saída até hoje está mal explicado.
Ele nega mais uma vez que tenha enfrentado problemas extracampo, com noitadas e indisciplina, e esclarece que nunca entrou na Justiça Trabalhista para deixar o Vasco - como chegou a ser cogitado em São Januário até mesmo pelo ex-presidente Eurico Miranda.
- Nunca houve nada disso. Fiquei sabendo dessa história de eu ter ido à Justiça pela internet. Mas as pessoas do Vasco sabiam que isso era mentira. Eu estava com a consciência tranquila, estou num grande, jamais faria isso - diz o zagueiro.
Passando férias em São José do Rio Preto com a namorada, o jogador, que assinou contrato de três anos com o Vasco em maio, concedeu entrevista por telefone e contou um pouco da sua trajetória no clube.
GloboEsporte.com: Como você avalia esta sua primeira temporada no Vasco?
Rafael Vaz: O começo foi bom para mim. Posso falar que a minha chegada foi boa, fiz algumas boas partidas, pude fazer alguns gols. Mas depois mudou. O mais difícil para mim foi a forma que saí da equipe e a forma que acabou o ano.
Por que acha que saiu do time?
Isso é uma coisa que até hoje não sei. O Dorival não me falou por quê. Falou que eu tinha alguns erros, mas só isso. E depois simplesmente me tirou da equipe.
Você foi indicado pelo Autuori. A troca de comando acabou sendo prejudicial.
Quando há mudanças, às vezes a gente não se encaixa no que o treinador gosta. Pode ser isso que tenha me prejudicado. Com Autuori, eu poderia ter continuado no time. Mas também nada é certo. Poderia acontecer de sair também com ele, que havia pedido minha contratação.
No fim do campeonato você voltou ao banco de reservas com Adilson Batista. Como foi a relação?
Ele me tratou superbem, conversou comigo, disse que era para eu continuar trabalhando, que a oportunidade iria aparecer. E eu respeito, sabia que naquele momento havia outros atletas, mas continuei trabalhando todos os dias. As coisas que falaram, de extracampo, nada foi provado. Meu negócio era trabalhar e focar no Vasco. Mas infelizmente não pude ajudar dentro de campo.
Você citou a parte extracampo. Ao longo do ano, houve problemas de excessos, de indisciplina? Lembro que, através de assessoria de imprensa, negou anteriormente.
Quando tem esses boatos, a gente começa a ficar esperto, pela forma que eles se espalham. No dia que saiu a notícia de que eu estava com esses problemas, era até o meu aniversário, minha família toda estava comigo, dentro de casa. Mas essa história não bateu. Infelizmente isso acontece, mas meu negócio é trabalhar, treinar e ajudar o Vasco no próximo ano.
Você entrou na Justiça ou chegou a reclamar dos salários atrasados? Seria outra justificativa para sua saída do time. Isso existiu?
Nunca houve nada disso. Fiquei sabendo dessa história de eu ter ido à Justiça pela internet. Mas as pessoas do Vasco sabiam que isso era mentira. Eu estava com a consciência tranquila, estou num grande, jamais faria isso. Só quero trabalhar e demonstrar meu futebol.
A família viajou para ficar contigo para evitar notícias extracampo?
Depois que começaram a sair essas conversas, minha mãe e meu pai ficaram sempre comigo. Isso é uma maneira para não ter nenhum tipo de boato. Estou namorando há quatro meses também e estou muito tranquilo.
Há propostas para sair do Vasco? Ou continua normalmente?
De propostas, não sei, isso fica mais com o Reinaldo Pitta (empresário). Ele sabe que estou muito feliz. Apesar de tudo neste ano, sou muito grato pela oportunidade que o Vasco me deu de vir jogar aqui. Tenho contrato e quero ajudar o clube a voltar para o lugar de onde não deveria ter saído. Quando saí de férias, eles disseram para mim que têm interesse em me utilizar no ano que vem. Só quero poder continuar meu trabalho e finalmente mostrar por que eu vim.
Acompanhou nesse tempo em que esteve na reserva os pedidos da torcida para que voltasse a jogar?
A minha família que olhava e comentava comigo. Mas eu não tinha o que fazer. Tinha que mostrar dentro de campo. Quero retribuir esse carinho que a torcida criou comigo.
Até o fim do primeiro turno, o Vasco até sonhava chegar perto da faixa de classificação da Libertadores. Consegue entender por que terminou rebaixado?
A gente sabe quando um planejamento não dá certo. É culpa de todos. Da diretoria, dos atletas, erramos todos de um modo geral. Isso fez com que o Vasco caísse, erros pequenos que foram cruciais. Na reta final nós todos pecamos muito.
A briga de Joinville influenciou na goleada de 5 a 1 do Atlético-PR?
A gente sabia que o emocional nessa hora de decisão ia contar muito. Já sabíamos que chegaríamos com a pressão e a responsabilidade de vencer a partida. Saímos atrás e aí acontece aquilo tudo, é complicado. Somos profissionais, mas somos seres humano. Muito difícil conseguir controlar o psicológico naquela circunstância. Isso pode ter atrapalhado, sim, mas também não justifica uma coisa com a outra.