Em duas noites consecutivas, na terça-feira e na quarta, o presidente Roberto Dinamite ouviu parte das queixas e das sugestões de representantes de um grupo de 40 conselheiros da situação. Dispostos a rachar com a já abalada base política do presidente, a corrente pediu a saída da diretoria executiva, sugeriu nomes para ocupar vice-presidências em aberto em 2013 e entregou exigências à Dinamite, que ficou de pensar nos próximos passos do clube. Mas, por enquanto, nada muda no turbulento cenário vascaíno.
Em comunicado divulgado pela internet, o programa "Só Dá Vasco" chegou a anunciar que Dinamite havia acatado "medidas emergenciais propostas" pelos conselheiros, mas não foi bem assim. Procurado pelo GloboEsporte.com, o presidente, através da assessoria de imprensa, respondeu que ainda não há qualquer mudança prática no organograma do clube. Nos últimos meses de sua gestão, enfraquecido pela crise vascaína e com o segundo rebaixamento em cinco anos, Dinamite resiste às reclamações dos vice-presidentes e do grupo de conselheiros.
Nos encontros em São Januário, o presidente perguntou aos interlocutores se havia nomes para ocupar a vaga de Cristiano Koehler, diretor geral, Gustavo Pinheiro, diretor jurídico, Miguel Gomes, diretor de planejamento e administrativo, além de Henry Canfield, de marketing, mas não recebeu respostas diretas. O grupo ficou de retornar com novos nomes e propostas em outra reunião que deve acontecer até o fim do ano.
Outras medidas, como reuniões de 15 em 15 dias de diretoria e nova distribuição de cargos entre vice-presidências, devem andar. Jayme Lisboa Alves, candidato à presidente nas últimas eleições, deve assumir a vice-presidência de Finanças e trabalhar ao lado de Jorge Almeida, diretor da área e poupado das cobranças. Dinamite deve oficializar algumas das sugestões de vice-presidências nos próximos dias, possivelmente até numa reunião na segunda.
Renúncia descartada
Pressionado, isolado e acuado politicamente, Dinamite nem cogita deixar o clube. No entanto, ele pode encurtar o mandato para não dividir a temporada em duas gestões e também evitar maiores chances do ex-presidente Eurico Miranda no pleito em junho - o presidente do Conselho de Beneméritos entraria com vantagem nas eleições, pois conseguiu adesão de grande número de sócios até abril deste ano. A pessoas próximas, Dinamite tem repetido que "não é homem de abandonar nada", reforçando que não renúncia. Um novo pleito permitiria a posse logo no início do Brasileiro da Série B - isso, claro, se o Vasco não obtiver sucesso na Justiça Desportiva com a reversão de pontos da partida contra o Atlético-PR.
O presidente da Assembleia Geral, Olavo Monteiro de Carvalho, se reuniu com o presidente Roberto Dinamite ao longo da semana. José Carlos Osório, ex-presidente do Conselho Deliberativo, e o advogado do clube Marcello Macedo também participaram das conversas com o presidente. Em pauta, além da crise do Vasco, uma possibilidade de antecipar as eleições.
- Renunciar está fora de questão. Roberto concorda que uma nova gestão pegar a presidência no início do Brasileiro é melhor. Porque pegar no meio da competição é muito ruim. Ainda não há nada definido, mas pode acontecer (as eleições) em março e abril - diz o advogado do Vasco.
Osório prefere não falar em antecipação de eleições, mas numa transposição das datas, do segundo semestre para o primeiro semestre, com o pleito sendo realizado até o mês de abril. Ele se refere ao processo judicial que exigiu convocação de eleições no meio de 2008, quando o presidente era Eurico Miranda. Na disputa, o candidato do "Casaca!" Amadeu Pinto da Rocha, que faleceu recentemente, perdeu para Dinamite.
- O que pode haver é a transposição das datas, obedecendo todos prazos estatutários, mas vai depender do presidente da Assembleia Geral (Olavo). Mas o mandato do Roberto tem que ser respeitado até o final.
Fonte: GloboEsporte.com