“Depois dos recentes atos de inaceitável violência, a Nissan informa que não manterá o contrato de patrocínio junto ao Club de Regatas Vasco da Gama. A direção da Nissan considera que os referidos atos de violência são incompatíveis com os valores e princípios sustentados e defendidos pela empresa em todo o mundo."
Esse comunicado direto, sem rodeios mexeu com o futebol brasileiro.
A Nissan rompeu unilateralmente o contrato que tem com o Vasco.
Não aceitou ver sua marca suja de sangue.
O presidente mundial da Nissan é brasileiro, naturalizado francês.
Carlos Ghosn comanda não só a Nissan como a Renaut.
É um dos executivos mais poderosos do planeta.
A aproximação com o Vasco se deu de maneira natural.
A Nissan abriu uma fábrica em Resende.
O investimento será de R$ 1,4 bilhão.
E viu no esporte a oportunidade de divulgar a marca.
Já será patrocinadora da Olimpíada e da Paraolimpíada do Rio.
Tem 30 atletas olímpicos e paraolímpicos brasileiros sob sua tutela.
Bancar um clube popular do Rio foi algo natural.
O acordo foi fechado em julho com a direção de Roberto Dinamite.
Nada menos do que R$ 7 milhões para estampar o nome da montadora.
Ele ficaria por quatro anos nas costas do uniforme vascaíno.
O patrocínio proporcionaria R$ 28 milhões até 2017.
A direção carioca pediu e conseguiu um adiantamento.
Estava tudo bem.
Até que houve a selvagem briga entre as organizadas em Joinville.
As imagens correram o mundo.
O clube da Nissan no Brasil envolvido na selvageria.
2reproducao12 O rompimento da Nissan com o Vasco, por causa da violência, assusta os dirigentes do Brasil. E dificulta ainda mais clubes sem patrocínio como o Palmeiras. Se as autoridades são indecisas, executivos não brincam com a imagem de suas empresas...
Ghosn acompanhou chocado o que havia acontecido.
Executivos não são indecisos quanto dirigentes.
Ele tratou de entrar em contato com o presidente da empresa no Brasil.
François Dossa também entendeu o desastre.
E a montadora comunicou ao Vasco que estava rompendo o contrato.
Não quer ver sua marca associada à barbárie, à violência.
Essa postura deixou em choque a direção do Vasco.
Ela promete ir até a justiça para que o contrato seja cumprido.
Mas a Nissan garante que não recuará na sua decisão.
Está disposta a enfrentar uma batalha judicial.
Não há interesse em investir no futebol de clubes no Brasil.
Essa notícia se espalhou de maneira assustadora.
Mexe principalmente com clubes de torcidas organizadas violentas.
O Palmeiras está desde março deste ano sem patrocínio.
Nem o atrativo do centenário de 2014 tem animado os executivos.
Os vários casos recentes assustam, intimidam.
Como alguns vândalos caçar o ex-presidente Arnaldo Tirone.
Invadir e depredar o restaurante do ex-vice Roberto Frizzo.
Fora o incêndio criminoso na loja oficial do clube.
Tudo isso aconteceu no ano passado, quando o clube foi rebaixado.
1gazetapress6 O rompimento da Nissan com o Vasco, por causa da violência, assusta os dirigentes do Brasil. E dificulta ainda mais clubes sem patrocínio como o Palmeiras. Se as autoridades são indecisas, executivos não brincam com a imagem de suas empresas...
O atual presidente, Paulo Nobre, rompeu com a principal organizada.
Não tem mais nenhum contato com a Mancha Verde.
Embora seja milionário e trabalhado no mercado financeiro...
Seu passado como membro da Inferno Verde não ajuda nas negociações.
Não é segredo que jogadores já recusaram o Palmeiras por medo de suas organizadas.
Tudo isso foi levado em consideração na rejeição da Caixa Econômica Federal.
A estatal não quis se arriscar patrocinando o Palmeiras.
Atualmente, ela já gasta R$ 97 milhões por ano.
Banca 11 equipes.
Inclusive o Atlético Paranaense.
A decisão da Nissan faz executivos da estatal analisarem.
Pensarem se vale a pena continuar bancando o outro clube envolvido na barbárie.
Antes mesmo da estúpida briga em Joinville, o Palmeiras estava descartado.
Nobre tem propagado que não reatará laços com a Mancha.
Mas isso não tem ajudado.
O limitado time que veio da Série B provoca desconfiança.
Assim como a briga com a construtora WTorre.
A Arena Palmeiras deverá atrasar mais dois meses.
Talvez esteja liberada apenas em junho.
Ou seja, esse primeiro semestre não há atrativo algum.
Esse é um dos motivos que fez a diretoria santista se virar.
Fechar com Oswaldo de Oliveira, Leandro Damião, tentar fechar com Vargas.
Consultar Diego e Robinho sobre possíveis retornos.
O Santos não tem patrocínio master desde janeiro.
Desde que foi confirmada a saída de Neymar no meio do ano.
Sua torcida organizada também tem fama de violenta.
Esses fatores afastaram os patrocinadores.
Por isso o Comitê Gestor resolveu inverter o caminho.
Em vez de esperar patrocinadores para buscar jogadores...
Resolveu apostar que trazendo ídolos, as empresas virão.
A direção do Corinthians sabe que a Caixa e a Nike não estão contentes.
O ano de 2013 trouxe muita violência nas arquibancadas.
A morte do garoto Kevin Spada, a briga em Brasília com a torcida vascaína.
Mario Gobbi já conversou com as chefias das organizadas.
E exigiu uma mudança de comportamento para 2014.
"Para o bem do Corinthians."
O envolvimento do clube com as organizadas não é segredo para ninguém.
As patrocinadoras nunca estiveram tão forte.
A Adidas deve descontar R$ 3,6 milhões dos R$ 36 milhões que pagaria em 2014.
O clube carioca teria a obrigação de ficar até décimo terceiro no Brasileiro.
Com os pontos perdidos ontem no STJD ficou em décimo sexto.
A cúpula rubro-negra não tem como contestar.
Está no contrato.
Os dirigentes dos grandes clubes brasileiros já estavam pressionados.
Ficaram muito mais depois de ontem, da postura radical da Nissan.
Os grandes patrocinadores que ficaram têm uma exigência.
Querem o afastamento total das organizadas.
Não querem vândalos brigando com suas marcas.
Uma ideia é as diretorias pedirem que suas torcidas usem camisas próprias.
E não as do time.
Parece ridículo, mas é só puro desespero.
Os clubes precisam de dinheiro dos patrocinadores.
Além da crise internacional têm de lidar com a violência das suas organizadas.
Estão estarrecidos com essa postura da Nissan.
Com muito medo.
Não só de não conseguir novos investidores.
Como de perder os atuais patrocinadores.
As autoridades brasileiras não tomam atitudes contra a barbárie.
Os dirigentes titubeiam.
As empresas não perdem tempo e nem dinheiro.
Zelam por seu patrimônio.
Não vão queimar suas marcas por selvagens nas arquibancadas.
E outra vez os grandes prejudicados são os clubes brasileiros.
Que amor inconsequente de bárbaros é esse?
Não o que as patrocinadoras queiram.
Agora esses selvagens que arrumem R$ 28 milhões para o Vasco...
Fonte: Blog Cosme Rímoli - R7