A briga entre torcedores de Atlético-PR e Vasco na última rodada do Campeonato Brasileiro, no domingo (8), em Joinville (SC), deixou 4 feridos e 3 detidos.
O confronto entre torcedores das duas equipes obrigou o juiz a paralisar a partida aos 17 minutos do primeiro tempo por aproximadamente 1h10. Um helicóptero desceu no gramado da Arena Joinville e resgatou três torcedores. O time paranaense venceu a partida por 5 a 1 e garantiu vaga na Taça Libertadores da América de 2014. O carioca foi rebaixado.
Leia o que dizem os envolvidos:
Atlético-PR
Em nota divulgada em seu site oficial, o Atlético-PR lamentou os acontecimentos e disse que vai ajudar na identificação dos envolvidos e punir as pessoas que por acaso tiverem alguma ligação com o clube.
O presidente do clube, Mario Celso Petraglia, criticou a falta de policiais militares dentro do estádio, neste domingo (8), na goleada por 5 a 1 sobre o Vasco. No total, quatro pessoas foram hospitalizadas, mas sem risco de morte. Petraglia também foi duro ao falar das torcidas organizadas e pediu a prisão dos envolvidos no tumulto.
"Temos que nos preocupar com a nossa torcida organizada, que nos tirou da Vila Capanema [estádio que fica em Curitiba], pois são alguns vândalos que se infiltraram e fizeram isso. Porque tinha que correr atrás e invadir [a área do Vasco]? Tem que acabar com essa impunidade. Tem que prender essa gente", disse em entrevista à rádio do Atlético-PR.
Nesta segunda-feira (9), durante entrevista à rádio oficial do Atlético-PR, Petraglia levantou a hipótese de a briga ter sido premeditada pelos vascaínos para tentar levar a decisão da partida para a Justiça Desportiva.
"Vieram, de forma premeditada, criar dificuldades para que o jogo não terminasse. Queriam que fôssemos para o tapetão, o que seria a última esperança de não voltar ao lugar deles, que é a segunda divisão. Toda essa coisa que nós vimos aqui, infelizmente, é herança desses dirigentes que investem, que prestigiam, que dão dinheiro e ingressos para essas torcidas organizadas. Sobrou mais um para o caixão do seu Eurico Miranda", falou o presidente do clube.
Vasco
Ainda durante a partida na Arena Joinville, o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, e o vice geral, Antônio Peralta, se mostraram contrários à continuação do jogo, que foi interrompido por aproximadamente 70 minutos. “Falei com o delegado do jogo e com a Polícia Militar. Se continuar o jogo e acontecer alguma coisa, os responsáveis são eles. Não estão respeitando o que é mais importante: vidas”, afirmou Dinamite.
No site oficial do Vasco, a nota que fala dos detalhes do jogo deste domingo (8) apenas cita a confusão e sugere que a segurança no estádio foi falha. “Com forte apoio dos torcedores presentes na Arena Joinville, mas sem nenhum policiamento, o Gigante [Vasco] foi com tudo em busca do resultado”
Empresa
Arilsson Alves, proprietário da empresa de segurança Mazari, contratada pelo Atlético-PR para a partida, diz que recomendou um número maior de seguranças, mas o Furacão não aceitou a proposta e contratou 60 homens. “Eles [os clubes] pedem o que acham necessário. A gente pede mais, mas eles não ouvem. Em partidas com o Joinville, a gente mobiliza de 60 a 70 pessoas. Imagina num jogo dessa proporção”, afirma Alves. A Mazari também foi responsável pelo jogo anterior do Atlético-PR na Arena Joinville, contra o Náutico e, segundo Alves, foram usados 30 seguranças.
Polícia Militar e Ministério Público
Momentos depois do jogo a PM afirmou que não estava presente dentro da Arena Joinville por determinação do Ministério Público, mas que fazia policiamento do lado de fora do estádio. A corporação ainda informou que “tomou conhecimento de uma Ação Civil Pública, por parte do Ministério Público, propondo que o Poder Judiciário proíba a participação de policiais militares em atividades que fujam da competência constitucional da Corporação"
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) afirmou, em nota, na segunda-feira que "não fez nenhuma Recomendação ou Ação que impeça a Polícia Militar de atuar no interior do estádio Arena em Joinville". O promotor Francisco de Paula Fernandes Neto, do MPSC, declarou que "o Ministério Público não tem essa autoridade sobre os órgãos de segurança pública" e que "na área do consumidor [torcedor] nós não fizemos qualquer reunião, não temos qualquer recomendação, orientação dessa natureza".
No final da tarde da segunda, MP e PM emitiram um comunicado conjunto em que dizem que a responsabilidade da segurança cabia ao Clube Atlético Paranaense, já que o jogo é um evento privado.
No dia 2 de dezembro, o Ministério Público de SC ajuizou uma ação civil pública, na qual pede que o Judiciário analise a atuação da polícia no estádio e recomenda, entre outras adequações, que a partir de 2014 a PM não interfira no que é próprio da iniciativa privada, o que inclui a responsabilidade pela área interna do local. Já a PM em Joinville entendeu por aplicar previamente a sugestão, que ainda não havia sido analisada pela Justiça.
Fonte: G1