Em contato com o Supervasco, o ex-VP Jurídico do Vasco, Luiz Américo de Paula Chaves comentou o aspecto jurídico sobre a confusão gerada pela diretoria do Atlético-PR e por vândalos em Joinville. O ex-dirigente aproveitou ainda para lembrar da passividade da diretoria vascaína em outro caso nos Tribunais.
"Um capítulo terrível para o Vasco começou a ser escrito na reeleição do Roberto e terminou este final de semana. Nesse último jogo o torcedor conseguiu presenciar ao vivo, em cadeia nacional de TV, o despreparo de uma série de dirigentes que acompanharam o time nos seus jogos. Quando explodiu a violência generalizada, no estádio de responsabilidade do Atlético Paranaense, pensei que a diretoria, após 60 minutos de paralisação, decidiria que o time não voltaria a campo, passando a jogar com o Regulamento Geral das Competições, uma norma da CBF, aprovada por todos os clubes que participam do campeonato. A interrupção da partida durou 72 minutos, ficou evidente que a violência se deu por falta de segurança dentro do estádio e por iniciativa da torcida do Atlético. Portanto, bastava o Vasco informar ao delegado do jogo, após 60 minutos de paralização, que não voltaria a campo, por força do § 1º, do Art. 19, do regulamento. O Atlético Paranaense perderia no STJD a partida, pelo placar de 3 a zero", indignou-se Luiz Américo
Perguntado sobre os motivos pelos quais os dirigentes vascaínos não tomaram a atitude de interromper a partida, o ex-VP Jurídico foi duro e não poupou de críticas Roberto Dinamite e Antônio Peralta.
"Um detalhe impediu o Vasco de tomar essa atitude. A incompetência e a ignorância dos seus dirigentes, que não conhecem o regulamento. Tenho absoluta certeza, que nenhum dos dirigentes presentes no jogo sequer já leu o regulamento da competição, incluindo o Presidente Roberto Dinamite e o seu vice Antônio Peralta. Como os dirigentes presentes concordaram em prosseguir com a partida, perderam a possibilidade de conseguir a vitória no STJD. Ou seja, se não tivéssemos dirigentes desse nível, o nosso Vasco da Gama, seria poupado, legalmente, de ser rebaixado. Não me surpreende que coisas como essa ainda aconteçam no Vasco", afirmou o ex-dirigente.
Com o intuito de fundamentar melhor suas críticas ao modelo decisório dentro do Vasco e revoltado com o rebaixamento, Luiz Américo aproveitou para revelar os bastidores de uma situação vivenciada por ele no clube em 2009, sobre a qual ele jamais havia se pronunciado publicamente.
"Nunca cheguei a falar publicamente, sobre o ocorrido na perda dos 6 pontos, da Taça Guanabara de 2009, ocorrido em janeiro daquele ano. Não falei na época, principalmente porque estava envolvido na defesa do clube no TJD e falar sobre esses detalhes prejudicaria a defesa. Quando sai do Vasco em outubro de 2009, decidi permanecer calado sobre o assunto por alguns motivos, mas agora pode exemplificar muito bem o despreparo e a as atitudes deste presidente. Meu papel, na minha passagem pelo Vasco, era gerir o departamento jurídico e dar meu parecer nas diversas demandas em que o clube estava envolvido. Diante da liminar conseguida na Justiça do Trabalho, pelo Brasiliense, para suspender o contrato de trabalho do Atleta consegui, através do nosso advogado trabalhista, cassar a liminar que impedia a escalação no sábado, dia do jogo com o Americano. Estava eu, juntamente com o Rodrigo Caetano e o Lanceta (Superintendentes de Futebol), no hotel onde estava concentrado o time, em Copacabana, quando recebi a notícia da cassação da liminar. O Mandarino (vice de futebol), estava ocupado no Uruguai, descansando no Hotel Conrad, no dia da estreia do Vasco na temporada. Imediatamente repassei a informação do ocorrido e debatemos, todos, em detalhes, por telefone, o caso com advogado responsável pelo direito desportivo. Isso sempre é necessário já que o caso era multidisciplinar. Ao final da reunião, o parecer do departamento jurídico, era que não se deveria escalar o jogador, já que não era possível dar qualquer garantia de sucesso em uma futura demanda. O Rodrigo Caetano entendia que era possível escalar e a minha posição permanecia a mesma, com a recomendação de não escalar. A decisão então passaria a ser do Presidente Roberto Dinamite. Ligamos para ele, expliquei toda a situação, informei que o departamento jurídico recomendava NÃO correr o risco da escalação. Em seguida, o Rodrigo Caetano, falou com o presidente e o convenceu com a seguinte frase: 'Roberto, esse caso é tão fácil, que se der merda até eu vou lá e defendo.' Não defendeu e deu no que deu. Em seguida, voltei a falar com o Roberto e ele confirmou a escalação do jogador. O Dorival foi somente comunicado da decisão. Como nunca foi, nem nunca será o departamento jurídico o responsável por escalar ou não o time, que fique claro. O Departamento Jurídico, recomendou que o jogador não fosse escalado. Testemunhas não faltam. Por esses e outros motivos, fomos todos condenados a voltar para o purgatório", finalizou o ex-dirigente.
Fonte: Supervasco