Botafogo e Vasco dependem um do outro, no domingo, para atingirem os respectivos objetivos: volta ao G4, no caso do Alvinegro, e permanência na Primeira Divisão, para o Cruz-Maltino. A questão é simples, já que o Glorioso, na luta por uma vaga na Libertadores, enfrenta o Criciúma, rival do Vasco na briga contra o rebaixamento. Do outro lado, o Gigante da Colina encara o Atlético-PR, que busca uma vaga no principal torneio sul-americano.
Portanto, alvinegros e vascaínos, conhecidos pela boa relação entre as duas torcidas – até mesmo organizadas –, deverão torcer juntos nesta última rodada do Campeonato Brasileiro, independentemente da rivalidade carioca.
Capitão do Botafogo, o goleiro Jefferson prefere não pensar em questão de ajuda ou rivalidade, mas sim em profissionalismo. O camisa 1 alvinegro contou também que nunca costumou torcer contra times do Rio por jogar no Glorioso.
– Nossa rivalidade é dentro de campo. Nunca fui jogador de torcer contra time carioca. Cada um tem seus interesses e objetivos – disse.
O meio-campo Pedro Ken, por sua vez, sabe que a situação do Vasco é ainda mais delicada, mas acredita que tanto o Botafogo como São Paulo, que recebe o Coritiba, têm tudo para vencer os jogos.
– Acho que sim, mas acredito que o São Paulo também fará um jogo duro contra o Coritiba, não vai facilitar. Pelo treinador, pelos jogadores, não tem o perfil de entregar, facilitar. O Botafogo está nessa luta. Eles precisam de nós, e nós, deles – afirmou.
Longe de ser traição, mas domingo, às 17h, alvinegros e vascaínos serão obrigados a dividir a paixão.
TORCIDAS DE VASCO E BOTA SÃO AMIGAS
Infelizmente, em clássicos regionais, brigas entre as torcidas são cenas comuns. No entanto, quando a partida é entre Botafogo e Vasco, isso não acontece.
Tradicionalmente, as torcidas de ambas equipes mantêm um respeito e não entram em conflito, o que fez com que a partida já fosse chamada de clássico da amizade.
Na década de 1980, quando um dos clubes ia disputar um jogo fora do Rio de Janeiro, membros das organizadas de ambos iam juntos nas viagens.
O laço de amizade começou a surgir quando, em meados da década de 1950, Dulce Rosalina assumiu uma das organizadas do Vasco. Entre 1956 e 1959, o time de São Januário ganhou nove vezes, contra apenas três do Botafogo. O hábito de Dulce de oferecer jantares aos líderes das torcidas rivais quando estes saíam do estádio derrotados, fez com que os encontros após os jogos se tornassem rotina e os aproximassem.
HORA DO FOGÃO AJUDAR
Na última rodada do Campeonato Brasileiro, os vascaínos já tiveram de torcer por uma vitória do Botafogo diante do Coritiba, no estádio do Couto Pereira. Não deu certo, pois o Coxa venceu por 2 a 1.
Durante o duelo do Vasco contra o Náutico, no Maracanã, o placar eletrônico do estádio anunciava os gols da partida. E no gol do Alvinegro os cruz-maltinos vibraram como se fosse do Gigante da Colina.
Naquela rodada, no entanto, a partida do time de São Januário não interferia na situação do Glorioso. Agora a situação é inversa, já que um depende do outro. Se o Bota não vencer o Tigre, só uma goleada do São Paulo sobre o Coritiba salvaria o Vasco, que tem de vencer.
ATLÉTICO-PR TRAZ BOAS LEMBRANÇAS
Para se livrar do rebaixamento, o Vasco precisa derrotar o Atlético-PR na última rodada. E, curiosamente, o Botafogo já encarou o Furacão numa partida derradeira de Brasileiro, em 2004, também brigando para não cair.
Na ocasião, o Glorioso precisava vencer para se livrar de vez da queda. Como empatou em 1 a 1, contou com o 3 a 3 entre Criciúma – que também estava na berlinda – e Coritiba para ficar na elite.
O Vasco já havia feito a parte dele na penúltima rodada, ao vencer o Atlético-PR por 1 a 0 e fugir da degola. Os paranaenses estavam na briga pelo título, conquistado pelo Santos. Se vencesse as duas partidas, seria campeão.
Fonte: Lancenet