A relação é de amor, embora se chegue ao consenso de que há um pouquinho de ódio também. O mix de sentimentos é a realidade atual tanto da torcida com o Vasco, quanto da própria com Bernardo. Porém, com o jogo da vida pela frente no próximo domingo,qualquer rusga fica para trás e se torna pequena, já que o objetivo maior é a dura missão de deixar o Vasco na Série A do Campeonato Brasileiro.
Personagem do Gigante da Colina na vitória sobre o Náutico na última rodada, o apoiador Bernardo recebeu a reportagem do LANCE!Net em um restaurante da Barra e abriu o coração, falando sobre o momento do time e também sobre essa louca paixão que vive com os vascaínos, que como um típico casal, briga e tem altos e baixos, mas que deixa sempre o sentimento maior prevalecer.
– A relação é de amor. Fui revelado no Cruzeiro e também tenho um carinho muito grande, mas o Vasco foi quem me acolheu, me abraçou, foi onde eu fiz gols, que ganhei título. Acho que é uma relação de amor e de ódio nos certos momentos em que eu avacalhei (risos), mas acho que do lado bom, é isso, é amor – se declara. Confira o bate-papo abaixo:
Você está voltando agora ao time. Como está vendo o grupo para essa decisiva partida contra o Atlético-PR?
São grandes profissionais que estão fazendo de tudo para tirar o Vasco desta situação. Todo mundo está abraçado. Vou dar o exemplo do Cris, que chegou, passou por alguns momentos difíceis, mas que voltou a jogar bem, botou a cara. Mesmo com as críticas, conseguiu se superar e é um cara fundamental para nós, um xerife. Estamos fazendo de tudo, trabalhando, ninguém está de brincadeira. O que pensamos é tirar o Vasco da zona de rebaixamento.
Qual foi a sensação do gol após a lesão?
Passou um filme depois de tanto tempo fora (sete meses). Foi uma emoção grande voltar a ter a alegria de fazer um gol.
Você imaginava que depois de um início de ano animador, passaria por tantos problemas dentro e fora de campo?
Cheguei focado em ser campeão carioca, botei na cabeça isso e pensava em ser artilheiro também. Chegamos na final da Taça Guanabara e estava fazendo gols. Depois da lesão que começou a ser ruim. Jamais pensava que seria desse jeito, atrapalhou muito. Se eu não tivesse lesionado, poderia ser um ano bem diferente.
Depois de tanto tempo de recuperação, você passou a dar mais valor ao dia a dia de treinos e jogos?
É horrível o cara que machuca ter que ir para a fisioterapia, mas tem que ser superado. Graças a Deus eu fui guerreiro e superei. Às vezes, batia a preguiça, mas tinha que pensar para a frente. Dependo do meu corpo para fazer o que gosto. Foi um período chato, mas agora é só alegria por poder estar de volta aos campos.
Passou pela cabeça o risco de você ficar mais marcado pelas coisas negativas do que positivas?
Pelas coisas extracampo, pensava em voltar a treinar, mas não sabia se, quando fosse para o jogo, o torcedor iria me apoiar. Teve uns meses atrás que o torcedor foi lá em São Januário e cobrou com razão. Isso eu não escondo. Se você faz o bem, vai escutar coisas boas. Se faz algo ruim, vai escutar coisas ruins. Espero sempre deixar minha imagem com a camisa do Vasco com gols, jogadas e títulos. Espero isso daqui para frente.
Após o jogo de domingo, mesmo ovacionado, você pediu desculpas nas entrevistas ao deixar o gramado...
Porque foi uma situação chata que, querendo ou não, mancha um pouco a tradição do Vasco, a camisa, e o Vasco é muito grande. Então, eu pedi desculpa, não esperava que isso acontecesse, mas passou. Agora, só peço a Deus que me dê forças para continuar meu trabalho no Vasco.
Seus filhos são pequenos. Sentiram falta de não vê-lo em campo?
O Enzo, que é maior, entende mais. Ele perguntava: “papai, você machucou?”. Respondia que ia ficar um tempo parado, mas que logo, logo estaria de volta. Mas no domingo, após o jogo, liguei para casa e soube que eles viram a partida e meu gol.
O Adilson disse que você ainda não tem condições de suportar 45 minutos e que, o ideal, são 25. Em 25 dá para mostrar quem é Bernardo?
Dá. Como fiquei um bom tempo parado, é difícil jogar 45 minutos. É uma lesão complicada e, querendo ou não, ganhei um pouco de peso, mas depois que voltei a treinar forte, consegui perder o que ganhei.
E não rolou uma ansiedade nesses jogos para entrar logo?
Queria estar em campo, até sair no tapa com treinador e entrar lá sozinho (risos). Estou brincando, claro que sempre vou respeitar a opinião do treinador. Fica uma vontade imensa de ajudar, mas o time já vinha jogando, está melhor fisicamente, então, vou seguir procurando meu espaço devagarinho.
Você foi, disparado, o jogador que teve o nome mais gritado e pedido nos últimos jogos...
Fiquei feliz, mostra que tenho crédito com o torcedor. É uma motivação extra, ainda mais depois de tudo que passei. Ficou um receio de saber qual seria a reação da torcida, se ficaria feliz com minha volta ou não, mas pelo que vi nesses jogos, ainda tenho um carinho grande.
Como é sua relação com o Adilson. Teve alguma conversa desde que ele chegou?
O Adilson me conhece desde 2008. É um cara que dá puxão de orelha quando tem que puxar, mas espero que ele nos ajude sempre. Ele chegou e disse: “Vou precisar de você. Está voltando agora, então, se recupera e entre em forma, porque você será importante para o grupo”.
Embora já tenha sido decisivo, acha que pode mostrar ainda mais na sua carreira?
Tenho muito o que mostrar. Fui importante em alguns momentos, feliz, mas penso algo bom lá na frente. Penso que posso ser o melhor do Brasil. Sou novo, tenho vitalidade e acho que, treinando, fazendo minha parte e me cuidando fora de campo, tenho tudo para me tornar um grande ídolo.
Já projeta um 2014 da mesma forma como no início de 2013?
Sim. Esse ano podia ser maravilhoso para mim e o Vasco. Penso no domingo, que será fundamental, mas quero que 2014 seja meu ano. Quero uma boa pré-temporada. Tem que ser tudo muito bom. De agora em diante na minha vida será tudo muito bom.
Fonte: Lancenet