PEQUENOS VASCAÍNOS 1987: O GRITO PELA MAIOR PAIXÃO
Seus maiores ídolos não são os grandes cantores de Rock ou da música popular Brasileira, que arrastam multidões para Estádio e casas de espetáculos.
Não são os atores ou cineastas famosos, nem políticos de destaque.
A paixão deles é ver a bola rolar suave e exata, dos pés de Geovani para Roberto, e deste, numa trajetória curvilínea, chegar a cabeça de Romário, para ser arremessada com precisão e morrer suavemente nas redes do gol adversários.
Eles, que na hora do gol, libertam o grito preso na garganta, fazem parte de uma espécie de confraria, mais conhecida como Torcida Organizada.
Amam o Vasco desde pequenos. São os chamados Pequenos Vascaínos.
A origem do nome da Torcida Organizada está no fato dela ter sido fundada por dez garotos, com idades entre 8 e 11 anos, capitaneados por um Vascaíno doente, Cláudio Macedo, em Olaria, em 1977.
Um ano depois a Pequenos Vascaínos, fundiu-se a Vasbicão, do Largo do Bicão, na Vila da Penha, mas os integrantes das duas Torcidas decidiram que prevaleceria o nome da Pequenos.
“Atualmente, a Torcida tem cerca de 200 componentes que comparecem a todos os jogos. Mas o número de Pequenos Vascaínos é bem maior, somos 3 mil, com carteirinha e tudo.
A base é na Vila da Penha, na esquina da Avenida Meriti com Rua da Inspiração,” informa o Diretor de Bandeiras da Torcida, Érico Rodrigues Júnior.
Ele é a pessoa responsável pelo material da Torcida, como bandeiras, instrumentos de precursão e papel picado.
O Diretor também mantem o ritmo de empolgação durante a partida e da criação de novos efeitos, como um movimento uniformizado, como a “onda mexicana”, vista na copa do Mundo de 1986;
Para as caravanas a outros Estados, a Torcida recebe uma ajuda do Vasco de 30 por cento do total a ser gasto com a viagem.
De acordo com Érico, o restante é dividido entre Torcida Organizada e os componentes que desejam viajar para acompanhar o time do coração.
A estrutura administrativa da Torcida é formada pelo Presidente, Vice Presidente, Relações Públicas, Tesoureiro, Diretor de Marketing, Diretor de Bandeiras, Diretor de Bateria e Diretor Social.
“É como se fosse um Clube. Dispomos de uma sala no Maracanã com geladeira, televisão, sofás, fogão e mesas de jogos, como se fosse uma casa. Lá são guardadas as bandeiras, mastros, instrumentos musicais e troféus”, informa Érico.
Segundo ele, a Torcida tem 110 bandeiras, de todos os tamanhos, cujos desenhos são criados pelo estudante de Administração de Empresa, Marco Antônio Bruno da Silva.
Fonte: Jornal O Globo 04 de Dezembro de 1987
PEQUENOS VASCAÍNOS 1987: DO ESTÁDIO AO BAR DO FREITAS, LÁGRIMAS E ALEGRIAS
Para se associar, segundo Érico, o torcedor paga uma taxa de Cz$ 200,00, apresenta dois retratos e recebe a carteirinha e uma camiseta padronizada.
Depois, paga uma mensalidade de Cz$ 30,00 e pode participar dos eventos organizados pela Torcida, frequentar a Sala colocada a sua disposição no Maracanã e torcer junto com os demais integrantes no Estádio, chorando as derrotas e cantando as vitórias.
“Uma vitória vale sempre uma comemoração no Bar do Freitas, que fica perto da base. É lá que nos encontramos para discutir os jogos e colocar a culpa no juiz no caso de derrota”, diz Carlos Henrique, o Nico, que entrou na Torcida em 1986.
Vascaíno por influência familiar, seu pai, sua mãe e seus irmãos são torcedores do Clube, ele conta que resolveu entrar para a Torcida, porque todos os seus amigos participam dela.
Um desses amigos é Jaime Max Barbosa, filho do Presidente da Torcida José Barbosa, o Zeca.
“Sou Vascaíno desde criança e quando meu pai assumiu a presidência da Torcida, passei a usar as camisas da Torcida e atualmente sou Assessor de Bandeiras”, diz Jaime.
Ele conta que não conhece a história do Vasco, mas sabe que o Clube está fazendo uma exposição no Museu do Primeiro Reinado, comemorativa dos 60 do Estádio São Januário;
“Me ligo mais no futebol. Gosto de estar com os outros componentes da Torcida na Sala do Maracanã, onde chegamos as 8 horas aos domingos e ficamos até a hora do jogo”.
A Sala, a 322-B do Estádio, fica aberta em dias de jogos e Érico Rodrigues avisa que as pessoas que desejam ingressar na Torcida podem entrar em contato com ele.
Fonte: Jornal O Globo 04 de Dezembro de 1987