A participação no estudo para a frustrada tentativa de "virada de mesa" no Campeonato Brasileiro foi mais um episódio pautado pela divergência na diretoria do Vasco. A complicada relação entre cartolas amadores e executivos contratados pelo presidente Roberto Dinamite acentua-se a cada dia. A convivência aparenta estar longe das melhores, mas é amenizada no discurso por conta do objetivo final em escapar do segundo rebaixamento nos últimos cinco anos.
Diretor geral do Cruzmaltino, Cristiano Koehler foi apresentado oficialmente em janeiro. Ele contratou dois executivos na sequência. Gustavo Pinheiro assumiu o cargo de diretor jurídico e Jorge Almeida ganhou a pasta de finanças. Os profissionais remunerados chegaram principalmente para colocar "ordem na casa" após a debandada de vice-presidentes da administração Dinamite no segundo semestre de 2012.
Koehler e sua equipe conquistaram vitórias importantes nos bastidores. O clube conseguiu o acordo com a Fazenda Nacional para parcelamento da milionária dívida, desbloqueou receitas, assinou dois contratos de patrocínio (Caixa e Nissan) e regularizou pagamentos de jogadores e funcionários em determinadas ocasiões. Porém, a relação entre executivos e amadores jamais foi considerada tranquila.
A questão da profissionalização está definida pelo presidente Roberto Dinamite. Entretanto, a metodologia empregada por Cristiano Koehler e seus pares é constantemente criticada nos corredores de São Januário. Tornou-se corriqueiro alguns vice-presidentes reclamarem do que apelidaram "ditadura azul". O termo tem relação com a passagem recente do diretor geral pelo Grêmio.
Seja por perderem comandos ou pelas dificuldades no relacionamento, os cartolas manifestam as insatisfações e recebem com frequência o apoio de conselheiros influentes no Cruzmaltino. A tentativa de "virada de mesa", orquestrada pelo Coritiba e comandada no Vasco pelos executivos, expôs mais uma vez a convivência delicada.
Procurado pela reportagem do UOL Esporte, o vice-presidente geral Antônio Peralta assegurou que as divergências fazem parte do trabalho e deixou claro não ter sido comunicado antecipadamente sobre a atuação do departamento jurídico.
"Eles são executivos profissionais e estão aqui para ajudar o Vasco. O trabalho está andando e conseguimos resolver o problema dos bloqueios. As discussões profissionais acontecem, pois cuidamos de uma instituição muito grande. Posso dizer que não tomamos participação nessa história do tapetão. Soube disso apenas na segunda-feira. Os clubes têm o direito de investigar, mas jamais atentar contra um co-irmão. A nossa preocupação emergencial é sair do risco de degola. Temos que zelar o máximo possível pela imagem do clube", afirmou.
O diretor geral Cristiano Koehler seguiu a linha de Peralta e tratou o assunto com tranquilidade apesar da pressão administrativa e resultados nas quatro linhas.
"Ninguém vai convergir o tempo inteiro. São insatisfações que acontecem em algumas ocasiões por pontos diferentes. Sabemos que o Vasco precisa de pelo menos cinco anos para se recuperar. O profissionalismo é fundamental. Estou tranquilo em relação ao trabalho e não vejo essa situação como ponto de conflito. A preocupação é apenas evitar o rebaixamento e pagar as contas", encerrou.
Mudanças na diretoria não estão descartadas após o Campeonato Brasileiro. A administração Roberto Dinamite pretende avaliar pontos e atuações de executivos e amadores durante o mês de dezembro. Remanejamentos e dispensas devem entrar em pauta no processo natural de reformulação em cada final de ano.
Fonte: UOL