Até onde vai a idolatria transmitida de pai para filho, de avô para neto, nas lembranças compartilhadas de histórias que elevam um homem a um patamar acima dos demais? Uma geração inteira de vascaínos vive o conflito entre o que ouviram dizer e o que de fato testemunham. Para eles, é difícil acreditar que o Roberto Dinamite que é um grande ídolo dos gramados é também o presidente que pode entrar para a história como o que estava à frente do clube em seus dois rebaixamentos para a Segunda Divisão.
Moradores do Cachambi, os vascaínos Carlos Alexandre, Alan Vinícius e Caio Luiz têm entre 16 e 17 anos. Nenhum deles era nascido quando o camisa 10 se tornou artilheiro do Campeonato Brasileiro e foi campeão em1974. Não o viram se tornar o maior goleador da história do Vasco e também do Brasileirão. Não chegaram nem a acompanhar sua despedida dos campos, em março de 1993. Mas o trio de vascaínos testemunhou o rebaixamento para a Série B, em 2008 e, atualmente, vive a apreensão em relação a uma segunda queda.
- Fico abismado por causa do momento do Vasco, pelo que Roberto Dinamite era na época de jogador. Meu avô falava que ele jogava para caramba, que tinha um chute muito forte, batia muito bem na bola. Para mim, a culpa pelo momento que o Vasco vive hoje é da presidência - lamentou Carlos Alexandre Santana da Cruz.
Se os meninos não nasceram a tempo de vibrarem com Dinamite em campo, chegaram a ver sua ascensão à presidência como solução para a sequência de anos apagados que o Vasco vivia com Eurico Miranda. Em vão.
- A gente sabe que o Vasco vinha mal desde a gestão do Eurico, mas o Roberto Dinamite assumiu o clube e não conseguiu acertar as coisas. Ninguém quer ver o time ser rebaixado de novo. Eu ainda acredito - afirmou Alan Vinícius Lamy de Oliveira.
Renovação da torcida ameaçada
A sequência de resultados do Vasco tem sido negativa para a formação de novos torcedores. Quem não tem um carinho grande pela Cruz de Malta começa a ficar em dúvida sobre para qual time torcer.
- O Vasco vai cair de novo para a Série B. Dá até vontade de mudar de time. Sou vascaíno por influência do meu pai e aturo muita zoação por causa do momento do time - afirmou o torcedor Caio Luiz Pacheco Rosa.
Encontrar culpados para o mau momento da equipe é até fácil para os torcedores, o difícil é ver uma solução para acabar com a crise e retomar os resultados.
- O Vasco precisa trocar o time, pegar uns jogadores da base e trazer outros mais experientes - opinou Carlos Alexandre.
Enquanto o time sucumbe, as novas gerações sofrem junto. O Vasco luta para não ser rebaixado para a Segunda Divisão, e os adolescentes brigam para manter a chama acesa. Independentemente de a equipe seguir na Série A ou não, o sentimento dos vascaínos não pode parar.
Fonte: Extra Online