O Cais do Valongo, sítio arqueológico do Rio, poderá se tornar patrimônio mundial. Para isso, ainda é necessário o tombamento da área pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Amanhã (20), no Dia da Consciência Negra, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), vai inaugurar uma placa comemorativa no local com o objetivo de incentivar a candidatura do Cais do Valongo, localizado na Avenida Barão de Tefé, no bairro da Saúde, área portuária da cidade.
Para o presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo, a importância do Cais do Valongo ser reconhecido como patrimônio mundial remete às raízes e aos antepassados negros.
"O Cais do Valongo é um dos raros patrimônios materiais vinculados à escravidão de africanos e sua diáspora pelo mundo. No Porto Maravilha, pensamos no futuro e resgatamos o passado a todo o momento. Ao mesmo tempo em que estamos preparando uma área totalmente reurbanizada, o passado deste lugar, especialmente da cultura negra, aparece com todo vigor”, disse Fajardo.
Ele acrescentou que o Rio de Janeiro tem “muito orgulho” de suas raízes e dos antepassados negros. “Por isso, queremos que o Cais do Valongo e o Circuito da Herança Africana sejam reconhecidos como patrimônio mundial pela Unesco[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura]", destacou o presidente do instituto.
A sugestão de lançamento da candidatura do sítio arqueológico como patrimônio mundial foi apresentada na reunião com membros de 20 países do Comitê Científico Internacional do Projeto Rota do Escravo da Unesco, que está reunido no Rio, na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL). O local já é um sítio arqueológico municipal e a placa que a prefeitura vai colocar, considera aquele lugar patrimônio cultural e histórico da cidade.
Pelo local, no século 19, passaram cerca de 1 milhão de escravos africanos. O projeto da rota dos escravos aponta diversos lugares em todo o mundo e consideram o Cais do Valongo como um desses locais pertencentes a rota de escravos.