Hoje no Catar, Madson diz que torcerá pelo Vasco neste domingo e fala em voltar ao clube

Sábado, 09/11/2013 - 18:41
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Pivô de farras e polêmicas que deixaram seu futebol insinuante em segundo plano, entre 2009 e 2011, Madson se diz finalmente regenerado, um novo homem. Garante que bastou casar, ter filhos e amadurecer - agora aos 27 anos - para entender que sua carreira precisava de um rumo. No modesto Al Khor, do Catar, há duas temporadas, o meia sonha com a chance de voltar ao país para provar que ainda pode brilhar. Enquanto isso, acompanha o Campeonato Brasileiro e, apesar do carinho pelo Santos, diz que espera vitória cruz-maltina neste domingo, no Maracanã, para afastar a chance do drama que viveu em 2008.

- Para torcer, é fifty-fifty (50% a 50%, em inglês), né? Mas o Vasco precisa mais agora, então vou dar uma vibradinha maior para saírem dessa situação logo. Vou assistir com certeza, gosto do bom futebol e tenho amigos nos dois clubes. Quero o melhor para os dois.

Na sequência, Madson citou a lição aprendida e fez questão de mandar força aos vascaínos.

- Quero deixar uma mensagem para os companheiros que estão lá em São Januário: não pode deixar para depois, para não depender de ninguém. Esse talvez tenha sido um erro nosso naquela época. Vá pensando "não posso deixar o Vasco cair" no caminho para o treino, para casa. É assim que eu fazia, mas não deu, infelizmente. Tem que se concentrar o tempo todo em campo, ganhar de qualquer jeito. É um clube de tradição e acredito que vá se livrar dessa. Desejo toda sorte, e que no ano que vem possa vir com tudo - afirmou.

Se não fosse a marca do rebaixamento em sua saída, o baixinho provavelmente seria lembrado com mais entusiasmo pelos torcedores. Por isso, se anima e abre as portas para um retorno no futuro, ainda que tenha mais um ano de contrato a cumprir no Oriente Médio.

- Voltaria com muito prazer, mesmo com os problemas. Se o Roberto tentar ou quiser que eu volte, sem dúvida estou de braços abertos. É só negociar. Foi onde eu comecei, despontei e não consegui título, não deixei nada positivo marcado. Conquistar títulos e vitórias pelo Vasco seria legal mesmo. Ganhei até uma Taça Guanabara, mas com o Volta Redonda, em 2005 - lembra.

O mesmo discurso é adotado pelo camisa 11 - número que assina no e-mail e em perfis de redes sociais - quando o assunto é o Peixe. Tudo porque a saudade da família, da harmonia do dia a dia, da competitividade, do calor das arquibancadas e até das críticas bate cada vez mais forte. A adaptação ao Catar até foi rápida, segundo Madson, que se diz contente. No entanto, o salário pago a destaques nos clubes grandes daqui cresceu no período e ultrapassa o que recebe. Sem falar que sua realidade, avisa, não inclui carros importados e casas de luxo.

- No clube onde estou não tem prêmios absurdos. Em outros, tem. Mas aqui é normal, é o que dá para pagar. Mas é bom fazer valer pelo merecimento. Fui eleito o melhor jogador da partida várias vezes, principalmente no início, e a Federação dá US$ 2 mil (cerca de R$ 4 mil) na hora. Nunca tive motivo para reclamar. E nem dei problema - acrescenta.

'Mudado', mas sem arrependimentos

A fase do meia-esquerda não é positiva só nas quatro linhas - fez parte da seleção do último campeonato. No dia a dia, aprendeu a ter limites e, embora não se arrependa dos erros que cometeu, quer enterrar no passado os episódios históricos que sujaram sua imagem. Casado com Fabíola e prestes a se tornar pai pela terceira vez, celebra a mudança de comportamento depois da polêmica da twitcam na concentração do Santos, no qual ele e alguns companheiros discutiram com torcedores via internet, atrasos a treinos e excesso nas noitadas.

- Acho que aquilo tudo me prejudica ainda, sim, mas hoje estou tranquilo, mudado mesmo. Não dava mais para continuar daquele jeito. Pelo fato de muitas coisas terem tomado proporções grandes, dificulta. Não digo que me arrependo, só que é passado e não faria de novo. Era para acontecer, penso assim. Não tinha noção da dimensão que podia dar. A webcam, então... não queria que desse esse "chabu" todo. Fui o maior prejudicado, porque era tudo culpa do Madson, que era o bagunceiro, que influenciava. Rapaz, quando o negócio saiu no Jornal Nacional, falei: "caramba, que isso, agora ferrou". Se fizer de novo, perco a credibilidade com os meus fãs e agora com meus filhos. Nem sei onde estaria se continuasse assim. Penso bastante sobre a vida, converso muito com a minha esposa no tempo livre aqui - refletiu, emendando: - Mas quem sabe um dia não vão lembrar do Madson de novo como um cara mais cabeça? Aquela correria toda que vocês conheciam ainda não deixei de fazer, "tô" garoto ainda, pô - descontraiu o jogador.

Consciente do que causou, Madson não reluta em discutir os problemas e confessa que esperava deixar a Vila Belmiro antes mesmo do fim de 2010, quando já não tinha mais espaço. O título da Copa do Brasil, com Wesley, Ganso, Neymar e Robinho como protagonistas o segurou.

- Atingi o nível mais alto de um jogador de futebol ali no Santos. Estava bem, a torcida gostava de mim. Lógico que com a chegada de grandes jogadores, tive que entender a opção do Dorival. Mas toda vez que eu entrava conseguia mostrar meu futebol. Aí aconteceram aquelas coisas, e com a Twitcam a diretoria não aguentou mais. Acho que eu já teria rodado há muito tempo se o time não estivesse ganhando tanto, com os títulos e tal.

Dispensa, falta de perspectiva e teste

Emprestado ao Atlético-PR, seguiu "desnorteado", como o próprio define. Desta vez, sem taça e com apenas algumas boas apresentações. Irritou a diretoria com novas indisciplinas e amargou o ostracismo após a dispensa, em outubro. O Peixe, com o qual tinha vínculo, não o queria. No fim de 2011, o empresário Léo Rabello conseguiu um teste no Al Khor. Ninguém o conhecia bem no Catar, e o compromisso era de cinco meses. Madson entrou nos eixos, levou Fabíola junto e agradou os xeques locais com sua velocidade e habilidade na canhota.

- Os caras não sabiam quem eu era. Na TV era uma coisa, parece que eu tenho 1,70m. Quando cheguei, olharam e devem ter pensado: "ou esse baixinho (tem 1,56m) joga muito ou é um cabeça de bagre". Enquanto a bola não rolasse, iam desconfiar de mim. Era uma prova de fogo. Depois deu tudo certo, quiseram renovar na hora com o baixinho (risos). Eles gostam muito de futebol e têm poucos jogadores com a minha característica - ressaltou.

Com seu jeito irreverente, o meia tira de letra até a comida e os costumes diferentes dos país, os quais apresentou aos brasileiros Júlio Cesar e Bruno Mineiro, que também fazem parte do elenco e dão um toque de qualidade a mais. E nem pensa em tentar aprender a língua árabe.

- Não tem como entender nada. Eu me viro com o tradutor e meu inglês "tabajara". Falo um obrigado, bom dia, parabéns e olhe lá. É engraçado, mas ninguém teve preconceito. Se criaram apelido para mim, eu não entendi (risos). Os brasileiros me chamam de Baixola. Mas se me perguntarem, eu digo que pareço com o Messi (risos). Tenho que valorizar, né? Quanto à comida, tem o haruf que come com a mão direita. Com a esquerda, não pode nem tocar que dá problema. É uma bagunça gostosa, sentadinho e metendo para dentro - diverte-se.

Devido ao investimento menor, o Al Khor jamais passou da quinta colocação no campeonato nacional. Mas foi vice-campeão da Copa do Golfo, em 2012. Madson espera voltar a disputar títulos no Brasil, quando voltar, e com um bom rendimento chegar à seleção brasileira.

- Sempre sonhei, tinha 23 anos, no auge e não aconteceu. Era o Mano Menezes, com quem eu já tinha jogado contra. Ele elogiava meu trabalho, mas foi pouco. Acho que com uns 29 ainda dá.

Madson pelo Vasco, em 2008, e pelo Santos, em 2010


Fonte: GloboEsporte.com