Não será tão simples para o Vasco reverter o mandado de segurança que deu a Índio, meia de 17 anos do Vasco, a rescisão indireta na Justiça do Trabalho. Na decisão em que o judiciário concedeu o mandado de segurança para que o jovem jogador possa jogar por outro clube, os desembargadores entenderam que o Vasco só pagou o que havia em débito com Índio após tomar conhecimento da ação de rescisão de contrato de trabalho. Em batalha judicial que começou desde antes de setembro - os advogados de Índio entraram com mandado de segurança dia 16 daquele mês -, a relação Vasco e DIS, braço do grupo Sonda, sai arranhada. Ninguém no clube comentou nessa quinta-feira o assunto. Do lado do grupo de investidores e do jogador, por enquanto, também reina o silêncio. Os investidores, aliás, entraram com ação na Justiça no fim do mês de outubro e cobram mais de R$ 100 mil do Vasco pela intermediação do empréstimo do atacante André para o clube carioca.
O contrato de Índio com o Vasco ia até maio de 2015 e foi rescindido, com publicação no site da CBF, nessa quarta-feira. O interesse da Penapolense, que tem parceira com a DIS, conforme informação da assessoria de imprensa do clube do interior de São Paulo, já estava, inclusive, anexo à ação do jogador contra o clube carioca. O GLOBOESPORTE.COM teve acesso ao documento. Índio cobra salários, obrigações trabalhistas e ainda 12 meses de direitos de imagem atrasados pelo Vasco. A renovação do jovem, pouco depois do sumiço e posterior perda de Mosquito para o Atlético-PR, foi um alto investimento vascaíno. A informação que corre nos bastidores de São Januário é de que houve um acerto de pagamento de R$ 200 mil em luvas para o jogador, que seriam divididas em 10 pagamentos de R$ 20 mil mensais. Índio e seus representantes também estariam insatisfeitos com uma expectativa frustrada de que o jogador fosse para o profissional ainda este ano.
O Vasco tenta reverter na Justiça do Trabalho. Nesta quinta-feira, a direção do clube não retornou os telefonemas feitos pela reportagem. Em entrevistas anteriores, a diretoria vascaína alegava que já havia pago ou estava por pagar todos débitos com o jogador. Na ação, Índio cobrava os salários de maio, junho, julho e agosto, além de contribuições previdenciárias e FGTS, mais valores de direitos de imagem de 12 meses. No entendimento da última decisão da Justiça, o clube, envolto em grave crise financeira, só pagou quando ficou ameaçado de perder o jogador por rescisão indireta.
“A própria decisão de primeiro grau deixa claro que a entidade desportiva está com as contribuições previdenciárias e o FGTS atrasados há mais de três meses. Além disso, os salários também foram atrasados por mais de três meses, sendo regularizado o pagamento somente após o empregador ter ciência do ajuizamento da ação trabalhista para, desse modo, impedir a concessão da tutela antecipada”, dizia trecho do processo do jogador contra o Vasco.