Avó de Kayo fala sobre o neto e mostra coleção de camisas do Vasco do menino

Quarta-feira, 06/11/2013 - 18:40
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Cinco dias depois da morte do menino Kayo da Silva Costa, de 8 anos, atingido por uma bala perdida durante uma tentativa de resgate de presos do Fórum de Bangu, na Zona Oeste do Rio, a avó do menino diz reviver a cena a todo o momento. Rosana da Silva Isquierdo, de 45 anos, estava ao lado do neto quando ele foi ferido. Com o uniforme do menino e as chuteiras dele no colo, ela contou que, naquela quinta-feira, os dois haviam saído de casa dez minutos mais cedo porque Kayo estava ansioso pelo treino de futsal na escolinha do Bangu Atlético Club:

- Ele queria fazer gols. Nunca vou me perdoar por esses dez minutos. Se tivéssemos saído na hora de sempre, ele poderia ainda estar aqui. É uma culpa que eu vou carregar para o resto da vida.

Rosana disse que no caminho para a sede do Bangu ela e Kayo pararam na loja onde a mãe do menino, Tiane Isquierdo, trabalha, perto do Fórum.

- Ele deu um beijo na mãe e pediu que ela fizesse uma comidinha gostosa para quando ele voltasse do treino - disse ela.

Em seguida, os dois foram para a esquina das ruas Francisco Real com Silva Cardoso, onde pararam para aguardar o sinal fechar. Momentos depois, Rosana viu um carro da PM passar velocidade e subir na ciclovia. Na sequência, ouviu os tiros e viu Kayo cair.

- Eu me abracei a ele e falei: "Filho, vai ficar tudo vem. A vó está aqui". Mas o Kayo já não estava mais escutando - lembrou.

Rosana disse que a família não foi procurada por qualquer autoridade:

- Ninguém nos pediu desculpas pela falta de segurança perto do Fórum. E agora ficamos aqui, despedaçados. A minha filha não se levanta da cama, não consegue tomar banho sozinha. Ela já até falou em suicídio. Estamos desesperados.

Kayo era o único filho de Tiane. Uma da últimas lembranças do menino foi um bilhete escrito por ele, pedindo ao Papai Noel chuteiras iguais às do jogador Neymar.

Homenagem

Nesta quinta-feira, haverá um culto evangélico em homenagem a Kayo na quadra de futsal do Bangu Atlético Club. Segundo o treinador e diretor do clube, Luís Manoel Gomes, as crianças jogarão com uma tarja preta no braço e farão um minuto de silêncio. O salão estará decorado com fotos de Kayo e balões.

- Desde a morte do Kayo, todos os atletas, de todas as modalidades, fazem um minuto de silêncio antes das competições - contou Luís Manoel.

Vídeo pode ajudar nas investigações

Um vídeo obtido pelo EXTRA pode ajudar nas investigações sobre a morte de Kayo. As imagens mostram o momento em que o menino é atingido.








Fonte: Extra Online