O técnico Adilson Batista pegou leve no discurso. Apesar de abrir o manual de boas condutas em suas palavras na coletiva de imprensa - citando profissionalismo, lealdade, companheirismo, entre outras lemas -, ele não quis descartar André e nem Rafael Vaz do restante do Brasileiro. Mas, nas entrelinhas e com a anuência da diretoria, a sentença já está praticamente definida: os dois dificilmente voltam a campo este ano pelo Vasco.
A decisão não é só do técnico Adilson. Em São Januário, há tempos, a postura dos jogadores incomodava até mesmo outros companheiros, que contestavam o comprometimento em momentos delicados na reta final do campeonato, exemplificado pelos excessos em compromissos noturnos em meio a um momento delicado do time. A paciência esgotou depois que o atacante chegou atrasado às duas primeiras atividades comandadas pelo novo treinador. Por conta disso, na segunda delas, realizada na última quinta-feira, ficou fora até mesmo do time reserva durante o coletivo, assim como Rafael Vaz.
André chegou a sair para uma festa na Zona Sul poucas horas depois de, segundo relato de pessoas do Vasco, se esconder no departamento médico da “dura” que uma torcida organizada deu nos jogadores há três semanas no vestiário de São Januário. Há cerca de dois meses, saiu de um treino e pegou um helicóptero numa sexta-feira rumo a uma festa em Angra dos Reis, onde ficou até a madrugada. Na manhã seguinte retornou a São Januário para mais um treinamento de véspera de uma partida pelo Campeonato Brasileiro.
Próximo a atores globais, como Caio Castro, entre outros, André virou figurinha fácil ao lado do jogador de vôlei Bruninho, filho do técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho. Quando foi suspenso pelo terceiro cartão amarelo, aproveitou um samba no Centro até as 6h. Mais discreto, Rafael Vaz também se mostrou uma decepção para o clube, após tanta espera em sua contratação, que foi pedida por Paulo Autuori. O jogador perdeu a vaga para Cris e nunca mais voltou ao time do Vasco.
A direção do clube evita falar sobre o assunto, mas internamente o recado já está claro: na reta final só joga quem quer e quem oferecer sacrifício em nome do difícil objetivo de escapar da Segunda Divisão. Na leitura da direção vascaína e da comissão técnica, a dupla não se esforça para superar as adversidades e para abrir mão da exposição neste momento delicado.
- Acho até que eles gostaram desse afastamento - disse de forma irônica uma fonte do Vasco.
Com contrato de empréstimo com o Vasco até dezembro (o de Rafael Vaz é até junho do ano que vem), André tem mais dois anos de vínculo com o Galo. O jogador, que é artilheiro do time no ano, com 11 gols, é visto em São Januário como talentoso, mas um jogador que mostra comprometimento num momento delicado do clube.
- Ele não tem noção da situação. Não é possível. Podia estar nos ajudando muito - lamentou um jogador do Vasco.
Pai de André, Lenílson, que é torcedor do Vasco, nega que o filho tenha cometido um ato de indisplina e vê o atacante como injustiçado.
- Claro que estou chateado com essa situação. Ele é o artilheiro do time e estão inventando essas coisas. Não houve atraso - afirmou.
Fonte: GloboEsporte.com