Kayo da Silva Costa tinha 8 anos e um sonho — ser jogador de futebol. O menino, no entanto, que disputaria uma final de campeonato no Bangu Atlético Clube, perto de sua casa, foi assassinado na quinta-feira com um tiro na cabeça, durante uma tentativa de resgate de presos no Fórum de Bangu. Na hora, ele seguia para a escolinha de futsal, onde treinava há dois anos e jogava como zagueiro. Durante o velório, colegas de Kayo choravam muito a morte do menino, de quem lembravam como dono de um chute que era “chumbo forte”.
Avô de Kayo, Joamir Farias do Rosário já tinha recebido o pedido do neto para o Natal: uma chuteira do modelo que Neymar usa. Depois da tragédia, a família não tem mais motivos para comemorar as festas de fim de ano. O churrasco que o avô faria amanhã para celebrar mais uma vitória da equipe do Bangu no campeonato Rio Futsal Sub-9 também não vai acontecer. Em dezembro, Kayo começaria a jogar futsal na equipe mirim do Vasco.
Em clima de muita emoção, parentes e amigos se despediram do menino na Capela Moça Bonita, em Bangu. Sobre o caixão da criança, havia uma bandeira do Vasco, time do coração do garoto, a camisa da escolinha de futsal do Bangu e seu boné favorito. Adriano Costa, pai da criança, fez um desabafo emocionado:
— Não sei nem o que pensar. É uma dor infinita. Só quem passa por isso sabe o que é. Estamos arrasados, sem chão.
O enterro foi no Cemitério do Murundu, em Realengo. Após a cerimônia, parentes e amigos seguiram até o Fórum de Bangu em protesto, que teve o apoio de mototaxistas.
O PM Alexandre Rodrigues Oliveira, de 40 anos, também morto durante a tentativa de resgate, foi enterrado no Jardim da Saudade, em Sulacap. Ele era casado e não tinha filhos.