Embora seja o país mais ocidentalizado do Oriente Médio, a Jordânia ainda assim causa estranheza a quem trocou o feijão com arroz pela kafta e a carne de carneiro. Se há algo parecido com o Brasil, pode-se afirmar que é a receptividade do povo local, que acabou conquistando Junior, ex-Vasco e América. Há quatro meses vestindo a camisa 11 do Al-Faisaly, de Amã, o volante vê o idioma como a principal limitação, mas o convívio com outros brasucas ameniza a distância de casa.
O último clube de Junior foi o Madureira, no início deste ano. Com poucas chances devido ao mercado fechado, ele não pensou duas vezes e mudou radicalmente de vida aos 27 anos. E ainda levou a mulher, Daniela, e filho, Bernardo, nessa aventura.
“O idioma complica e a cultura é totalmente diferente. Mas o país é bom, tem quase tudo o que tem no Brasil. A amizade com Túlio Souza, que jogou no Botafogo, me ajudou. Depois chegou o Rodrigo Carioca para que o relacionamento entre as famílias ficasse ainda melhor”, lembrou Junior, acrescentando que o fato de os três serem cristãos ajudou na adaptação em um país de religião islâmica.
Sem entender muita coisa em árabe, o brasileiro se vira no inglês e ainda não se livrou das saias-justas de quem é novato na região.
“Certo dia fomos ao restaurante e um muçulmano colocou comida no meu prato com a mão. Foi um susto, mas é a cultura daqui. Pior, ele me obrigou a comer tudo, dizendo que eu estava fazendo desfeita. Túlio Souza e eu só damos risada”, contou, bem-humorado.
SONHO DA COPA VIVO
Com 32 títulos nacionais, o Al-Faisaly é um clube tradicional da Jordânia, que faz fronteira com Líbano (noroeste), Síria (norte), Israel (oeste), Iraque (leste) e Arábia Saudita (sul). Um feito recente ainda pode colocar o país de vez no mapa do futebol. Quinta colocada nas Eliminatórias asiáticas, a seleção local vai disputar a repescagem contra o Uruguai, dias 13 e 20, por uma vaga na Copa de 2014. Para Junior, o sonho é possível.
“O clima é favorável, pois nunca alcançaram um feito como esse. Eles estão animados e felizes”, revelou Junior, otimista com a evolução do país que o adotou e lhe deu a chance de recomeçar.