Foi no título da Copa Mercosul de 2000, no jogo chamado de “A virada do século”, que Carlos Henrique do Nascimento, mais conhecido como Caíque, surgiu pela primeira vez com sua tradicional folha de arruda. Hoje, torcedor-símbolo do Vasco ele representa, com seu sugestivo cartaz “fé”, o sentimento de esperança de milhares de cruz-maltinos, apreensivos com a decisiva partida contra a Ponte Preta, às 16h, no Moisés Lucarelli (SP), com transmissão em tempo real pelo LANCE!Net.
Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Caíque dedica boa parte de sua vida ao Gigante da Colina. Acostumado aos momentos de glória do clube, principalmente na década de 90, ele admite que a dura realidade da ameaça do rebaixamento o deixa temeroso:
– Estou preocupado, mas tenho fé em Deus que não seremos rebaixados. Vamos pegar a Ponte Preta e, creio eu, ganharemos deles lá, nem que seja um a zerinho para nós. O importante serão os três pontos.
Com sua folhas de arruda, a palavra “fé” escrita à mão, além das imagens de Nossa Senhora coladas no cartaz de papelão, Caíque virou quase uma “santidade” entre os vascaínos que buscam dias melhores.
– Tem uns caras que me param no jogo, pedem para serem benzidos. Eu vou lá, dou a benção, digo que ele está abençoado, mas é tudo mais na brincadeira, com respeito (risos) - se diverte Caíque.
Praticamente como um guru da esperança, Caíque se apega à sua principal palavra de incentivo para encorajar os torcedores do Gigante da Colina nesta crucial reta final de Campeonato Brasileiro, que começa hoje, diante da Macaca. Uma vitória pode tirar o time do Z4.
– Eu tenho fé que o Vasco vai sair dessa situação. Eu acredito! Tem que ter esperança, fé e acreditar. Eu sempre acreditei que o vasco vai dar a volta por cima. Se Deus quiser, está na hora! – disse o torcedor-símbolo.
Conquista de 2000 na conta dele
Muitos vascaínos creditam boa parte do título da Copa Mercosul de 2000 a Romário, que naquela partida contra o Palmeiras, marcou três gols na virada por 4 a 3. Porém, Caíque tem opinião diferente. De acordo com o torcedor-símbolo, foi ele mesmo quem trouxe a vitória ao Gigante da Colina.
– Até o pessoal aqui da redondeza fala para mim que aquele jogo fui eu que dei sorte para o Vasco. Com certeza fui eu que dei sorte – destacou Caíque, recordando que naquela partida no Parque Antártica (SP) ele inaugurou suas folhas de arruda. Foi a primeira grande aparição dele para os cruz-maltinos.
Geralmente, nos jogos do Vasco fora de casa, como o da final da Copa Mercosul, Caíque vai à convite de alguma torcida organizada ou de carona com algum cruz-maltino que quer ver o time com “uma sorte a mais” em campo.
Além da Mercosul de 2000, o torcedor também já foi focalizado, sofrendo e orando na arquibancada, em outros grandes jogos do time, como nas finais da Copa do Brasil, em 2011, quando o Vasco foi campeão vencendo o Coritiba, também atuando fora de casa.
Bate-Bola
Caíque
Em entrevista exclusiva ao LANCE!
Como surgiu essa paixão pelo Vasco? Vem de infância?
Minha mãe fala que meu pai era vascaíno nato, me levava para o Maracanã. Aí acho que puxei a ele.
E a ideia da plaquinha e da arruda, como surgiu?
Essa plaquinha já tem bastante tempo. No Parque Antártica, contra o Palmeiras, em 2000, na Mercosul, peguei a arruda e comecei a me benzer. Viramos para 4 a 3 e, de lá pra cá, passei a usar sempre. Deu certo, então continuei usando.
Como vai aos jogos? Afinal, mora em Nova Iguaçu, que é longe...
Pego um ônibus, que me deixa na Avenida Brasil e dali me desloco. Para o Maracanã, vou de trem. Ainda tomo um refrigerante, como um negócio, bato um papo... Sou um cara humilde, gosto de me dar bem com todo mundo. Não bebo, não fumo e levo a vida na paz.
Já esteve em outros grandes jogos do time, além de 2000?
No título brasileiro de 1989, no Morumbi, gol do Sorato de cabeça, eu estava. Em 2000 (Mercosul) e 2011 (Copa do Brasil) também.
Quem é seu ídolo atual?
O Juninho. Tenho até foto com ele. Juninho é o cara.