Em guerra política por conta da eleição para a presidência do clube em 2014, o Vasco vê uma possível luz no fim do túnel para promover mudanças administrativas e fiscalizar gestões. A aprovação do novo estatuto caminha paralela ao pleito e deve ser votada na Assembleia Geral que vai eleger o próximo mandatário. Mesmo sem data para entrar em prática, o documento repercute por limitar as regalias presidenciais e ter razoável resistência entre conselheiros mais antigos.
O estatuto do Vasco está obsoleto na opinião dos próprios cartolas. O ofício de 1979 facilitou a assinatura de longos contratos e mandatos consecutivos de presidentes. Desta vez, a ideia é impedir qualquer tipo de manobra que aumente dívidas e prejudique a administração cruzmaltina.
No início do mês, a comissão de reforma do estatuto entregou o modelo inicial aos conselheiros. Os mesmos têm até o início de dezembro para protocolar pedidos de alterações e aguardar a entrega da versão final no mês de março. Após votadas, as mudanças farão parte da minuta de proposta que será referendada (através de voto sim ou não) na Assembleia Geral de 2014, quando o novo presidente do Vasco será eleito.
As principais mudanças no documento são: eleição direta, limitação de apenas uma reeleição para presidente do clube, aumento do número de conselheiros de 300 para 350, sendo 200 eleitos e 150 natos, aumento do conselho fiscal de três para cinco membros, criação de um conselho de justiça para evitar expulsões de sócios por mandatários do clube, e obrigar o presidente a pedir autorização do conselho deliberativo para fechar contratos de patrocínio ou televisionamento que ultrapassem em um ano o seu mandato.
Além do fim das conhecidas regalias, o novo estatuto indica a inclusão obrigatória da camisa negra como uniforme especial. O modelo deve existir para marcar a luta do Vasco contra o racismo. Procurado pela reportagem do UOL Esporte, Leonardo Gonçalves, um dos membros da comissão de reforma do estatuto, explicou a importância das alterações.
"Essa proposta de estatuto, que ainda será aperfeiçoada com sugestões de todos os conselheiros até dezembro, representa um avanço em termos de introduzir melhores práticas e aumento da fiscalização com a direção do clube. Penso que toda gestão deveria nomear assim que assumisse uma comissão para atualizar o estatuto a cada três anos. A ideia é evitar que o documento fique com quase 40 anos e desatualizado", afirmou o também presidente do grupo político Cruzada Vascaína.
Inclusive, a eleição direta foi uma bandeira levantada pela corrente de Gonçalves no pleito passado. A Cruzada não apresentou o seu candidato na votação do conselho deliberativo, cumprindo uma promessa de campanha, para que fosse respeitada a vontade do sócio em eleger Roberto Dinamite.
Agora, a luta é para driblar a insatisfação dos conselheiros mais antigos e seguir o cronograma normalmente. O ex-presidente Eurico Miranda, atual mandatário do conselho dos beneméritos, é contra algumas alterações e protocolou uma carta para que nova comissão seja formada. Desta forma, existe a possibilidade remota de que a votação atrase e não aconteça até a eleição de 2014.
Fonte: UOL