Um suposto favorecimento aos times cariocas é apontado por dirigentes como um dos fatores responsáveis pelo ‘esvaziamento' do Proforte, anteprojeto do deputado federal Vicente Cândido, desenvolvido em parceria com o Ministério do Esporte, que permite aos clubes descontarem suas dívidas em troca de investimentos em esportes olímpicos.
A análise é de que, como os quatro grandes do Rio já possuem tradição em outras modalidades, eles gastariam menos para se adequar à lei que se encontra em análise e pode ser apresentada como Medida Provisória pelo Governo.
Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco estão entre os maiores devedores do futebol brasileiro e respondem por boa parte da conta de R$ 3,5 bilhões com a União divulgada nesta semana pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. O panorama atrai críticas de concorrentes que se encontram em ordem com suas finanças e não enxergam atrativo no programa.
"O Proforte interessa a eles porque eles contam com essas atividades náuticas. Mas é uma situação ruim para os clubes que não têm esses esportes. O investimento que tem que fazer é muito grande para ter essa renúncia fiscal", afirma o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, ao ESPN.com.br.
O anteprojeto prevê a possibilidade de que até 90% das dívidas dos times com o INSS, Fundo de Garantia e Imposto de Renda seja trocada por investimentos em esportes olímpicos e na inclusão social de comunidades vizinhas. Os outros 10% poderiam ser quitados em no máximo 240 parcelas.
Na tarde da última quinta-feira, presidentes de quatro clubes se reuniram na sede da CBF, no Rio de Janeiro, com um dos vice-presidentes da entidade, Marco Polo Del Nero, e reforçaram a tendência de deixar o Proforte de lado nesse momento. O objetivo das equipes é conseguir o alongamento do prazo para o pagamento dos débitos e a punição com perda de pontos para aquelas que não cumprirem o acordo que vem sendo negociado.
O fair play financeiro, como vem sendo chamado, foi apresentado nesta semana também em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, e entraria em vigor somente a partir de 2015.
Em resposta ao descontentamento de parte dos clubes com os cariocas, o ministro esporte Aldo Rebelo cogitou até mesmo criar um crédito para as equipes que não contam com dívidas fiscais elevadas.
Na proposta construída pelos times, a ideia é contar com pré-requisitos para que eles disputem as competições, como a obtenção das certidões negativas de débito (CNDs). O Flamengo foi um dos que conseguiram no início do ano acordo com a Fazenda para o parcelamento de sua dívida de R$ 8 milhões. A perda de pontos, por sua vez, poderia ser decidida através de contato entre o sindicato dos atletas e a Justiça Desportiva sobre o atraso, com um prazo para resposta e regularização do débito.
Fonte: ESPN.com.br