Manoel Pereira, diretor da base do Vasco, fala sobre o boicote ao São Paulo

Sexta-feira, 18/10/2013 - 13:49
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A possível ausência do São Paulo na próxima edição da Copinha vem sendo bastante discutida nas últimas semanas. O Tricolor é acusado de aliciamento a jovens jogadores pelos principais clubes do país. Equipes como Vasco, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Atlético-MG, América-MG, Vitória, Sport, Ponte Preta, Corinthians e Coritiba ameaçam não participar da importante competição se o time paulista estiver nela.

O boicote tem como objetivo dar fim ao roubo de atletas nas categorias de base. Na última semana, ocorreu uma reunião na Federação Paulista de Futebol e nela foi estabelecido um prazo para o São Paulo responder se aceita ou não assinar um documento se comprometendo a não mais contratar jogadores sem a autorização dos clubes.

Diretor não-remunerado das categorias de base do Vasco, uma das equipes que lidera o boicote, Manoel Pereira deu detalhes do movimento e explicou o motivo que levou os clubes a adotarem uma postura rígida contra aqueles que não respeitam o acordo de ética criado após reunião realizada na Confederação Brasileira de Futebol:

- O Vasco juntos com todos os outros clubes grandes do Brasil sentiu que havia um necessidade de se fazer um acordo para preservar o atleta. Nós iniciamos aqui nossa formação do futsal. Nós hoje temos atletas no futsal de alto nível e de alto rendimento. Quando eles chegam aos oito ou nove anos, nós começamos a transição deles para o campo. Aos oito anos nós até levamos um grupo para disputar um Mundialito da Fifa na Europa. Começamos a fazer essa transição lenta, mas bem programada para o campo. O atleta passa pelo pré-mirim e pelo mirim. Quando ele chega ao Infantil, ele é federado. Grande parte deles assina um contrato de formação e passa a receber uma ajuda de custo do clube. Quando ele chega aos 16 anos fazemos um contrato profissional com aqueles que mais se destacam. Não é justo que um clube ache mais fácil ficar de fora olhando para no momento do assinatura do contrato profissional oferecer um valor salarial maior e tirar ele do seu clube de origem. É fácil fazer isso, até porque não teve nenhum investimento no atleta. O São Paulo não tem esse respeito. Eu trouxe faz um tempinho um atleta do Fluminense, que hoje é o artilheiro do Estadual infantil. Ele veio através de uma permuta feita com o Fluminense. Tinha um atleta nosso que queria ir para o Fluminense. Isso é normal no futebol. O que não pode é um clube achar mais fácil preencher suas deficiências tirando atletas do outro de forma irregular. Todos os clubes possuem deficiências. Nós temos hoje pessoas como o Almir e o Mauro Galvão que viajam o Brasil inteiro captando atletas. É muito mais fácil você assistir um Campeonato Carioca, um Campeonato Brasileiro ou uma Votorantim e depois chegar no empresário e oferecer ao atleta o dobro que ele ganha. Isso não é justo. Os clubes concordaram com isso e fizeram um acordo de respeito. O São Paulo, infelizmente, não age assim, inclusive com alguns clubes de São Paulo - afirmou com exclusividade ao programa "Só dá Base".

O dirigente vascaíno lamentou a atitude que vem sendo tomada pelo São Paulo e afirmou que o clubes só aceitarão disputar a Copinha com o Tricolor se sua diretoria assinar o documento citado acima, comprometendo-se assim a não mais contratar atletas sem a autorização de seus respectivos clubes:

- Temos um acordo com todos os clubes, exceto com o São Paulo. Por qual motivo o São Paulo é o único que não aceita o acordo? Houve uma reunião e nela o São Paulo pediu uma semana para responder se aceita ou não fazer parte desse grupo. É um grupo que não exige muita coisa. O clube continuará fazendo seu trabalho normalmente, porém terá que consultar o outro se tiver interesse na aquisição de um jogador que já está federado. Eu espero que o São Paulo participe do grupo, até mesmo para não prejudicar o atleta. Um exemplo maior é o Thiago Mosquito. Ele foi o top da Seleção no Sul-Americano sub-15. Não quis assinar com o Vasco e foi oferecido para muitos clubes. Tentou ir para o São Paulo, porém na oportunidade o São Paulo não aceitou. É bom que se diga que o São Paulo fazia parte desse grupo na época que o René Simões estava lá. O Mosquito acabou indo para o Atlético-PR e o clube sofreu com isso, pois foi excluído de todos os torneios. No final houve um acordo e o Vasco foi indenizado por esse atleta. Ele voltou a jogar, mas não nível de antes. O tempo cobra muito do atleta. O atleta precisa jogar e não só treinar. O Mosquito sentiu isso. Quero que ele tenha muito sucesso, mas também espero que o caso dele sirva de exemplo para pais e empresários. Tudo tem seu tempo. Quando o atleta tem capacidade, no momento certo ele, os empresários e o clube vão ganhar muito dinheiro - disse o diretor ao programa "Só dá Base".

Vale lembrar que recentemente o São Paulo desistiu de participar da Taça Belo Horizonte devido a um movimento parecido. A final da competição foi entre Vasco da Gama e Vitória e o grande campeão foi o time de São Januário.

Com informações do Programa Só dá Base/Só Dá Vasco.

Fonte: Blog Meninos da Colina - Supervasco