A denúncia de uma suposta compra de votos para as eleições presidenciais de 2014 no Vasco pegou Roberto Dinamite de supresa e gerou a indignação. O mandatário cruz-maltino classificou como "antiética" a manobra que fez 1.730 pessoas virarem sócias do clube em um único dia, mas evitou o confronto com a oposição e preferiu aguardar a análise de uma comissão formada por conselheiros para investigar o caso.
Em reportagem publicada pelo site "Globoesporte.com" nesta segunda-feira, mostrou-se que o Vasco teve 3.026 novos sócios apenas no mês de abril, data-limite para fazer parte do quadro social do clube e ter direito a voto nom próximo pleito. Somente no dia 30 de abril deste ano, 1.730 pessoas se associaram ao Vasco, número maior do que em todos os outros meses do primeiro semestre. De janeiro a junho de 2013, excluindo abril, foram 1.310 novos sócios em São Januário.
A adesão em massa de sócios seria uma medida financiada pelas campanhas do ex-presidente Eurico Miranda e também do ex-vereador Roberto Monteiro, que estariam pagando as mensalidades em troca de votos. O mandato de Dinamite vai até 8 de agosto de 2014, e as eleições presidenciais devem ocorrer no meio do próximo ano, mas a data ainda está indefinida.
"Recebo isso com bastante surpresa. Foi montada uma comissão para analisar o que aconteceu, tudo tem que ser feito de uma forma legal. Antiética seria uma coisa que é legal, mas que você não faria de forma alguma, e esse tipo de coisa eu não faria. Colocar vários sócios no clube antes da eleição, sócios que não são nem vascaínos, outros que não queriam ser... Isso não é uma realidade verdadeira do clube", afirmou Dinamite, em entrevista ao ESPN.com.br.
O estatuto do Vasco não impede que o pagamento das mensalidades seja feito por terceiros e nem limita o número de novas adesões por dia, o que não torna a manobra ilegal. Por isso, a diretoria cruz-maltina ainda busca a melhor maneira de como agir nesta situação. Nos bastidores, correm possíveis brechas nas regras que desta vez seriam a favor de Dinamite.
O presidente tem o poder de "expulsar" do quadro qualquer sócio, além de ter a possibilidade de antecipar a data das eleições. Desta forma, se o pleito for realizado em fevereiro, por exemplo, os milhares de novos associados de abril não teriam direito a voto. O atual mandatário, porém, ainda não cogitou adotar nenhum deste artifícios, considerados radicais de mais.
Atual líder do Conselho de Beneméritos do Vasco, Eurico Miranda está bastante ativo no clube e deve ser candidato à presidência. A relação entre ele e Roberto Dinamite é inexistente, mas ambos evitam ataques diretos um ao outro. Já Dinamite ainda não confirmou se vai tentar o terceiro mandato consecutivou e manda um recado para os críticos de sua gestão.
"Hoje eu estou muito focado no momento do clube, minha preocupação é tirar o Vasco na zona de rebaixamento. Busco isso ao lado de pessoas que querem o bem do Vasco, o importante é o clube. Se A, B ou C for candidato, eu não me importo, que quero que ganhe aquele que possa ajudar o Vasco da melhor forma. Eu não quero me eternizar no poder, não tenho essa vaidade", disse o atual presidente.
Para ser sócio do Vasco e ter direito a voto nas eleições, é necessário estar em dia com opagamento da mensalidade mínima de R$ 30, além de R$ 100 de taxa de adesão e R$ 15 da carteirinha. Muitos dos novos associados da adesão em massa de abril, nem sequer sabiam que estavm começando a fazer parte do quadro do clube. Alguns deles chegaram a solicitar o cancelamento, mas a reativação dos nomes foi pedida por Eurico Miranda e aprovada pelo vice-presidente geral e de comunicações Antônio Peralta.
O número de 1.730 novos sócios em apenas um dia, além de expressivo, pode ser decisivo nas eleições. Na disputa de agosto de 2011, Dinamite se reelegeu com 2.390 dos 2.716 votos possíveis.
Fonte: ESPN.com.br