Alianças, participação do governador Sérgio Cabral como "cabo eleitoral" e pedido formal para antecipação da escolha do novo presidente do Vasco. É assim que a política cruzmaltina se movimenta para o pleito inicialmente marcado para o segundo semestre de 2014. Os rivais do ex-mandatário Eurico Miranda, porém, desejam acelerar o processo para que os novos associados ligados ao dirigente não tenham direito ao voto. E o impasse nos bastidores já configura uma nova decisão na Justiça de acordo com os envolvidos.
A escolha do presidente parar no poder judiciário não é novidade em São Januário. Pelo menos os últimos dois processos eleitorais seguiram o caminho com acusações envolvendo alteração na lista de votantes, sócios irregulares e compra de votos. Desta vez, o que incomoda os adversários do ex-presidente Eurico Miranda é a mobilização do cartola para angariar novos associados e ter vantagem teórica na corrida pelo principal posto do clube quase dez meses antes da abertura das urnas.
Desde o início de 2013, os grupos "Cruzada Vascaína", "Identidade Vasco" e "Casaca", ligado ao ex-mandatário, trabalharam para cadastrar novos sócios e aumentar o número de votos no pleito. O final da mobilização apontou cerca de dois mil associados partidários de Eurico, número suficiente para fazer diferença na eleição. Como para votar é necessário ter pelo menos um ano de vida associativa com o pagamento das mensalidades em dia, o desejo dos conselheiros rivais é antecipar o pleito para março ou abril e impedir a suposta manobra irregular de Miranda.
O objetivo é que apenas sócios cadastrados até o final de março possam votar. Entretanto, o processo foi realizado até os primeiros dias de maio. Um documento será elaborado e entregue ao presidente da Assembleia Geral, Olavo Monteiro de Carvalho, responsável por marcar a data da eleição e que ainda aguarda as ponderações das partes envolvidas. Pressionado, ele pode definir o dia do pleito este ano, embora o provável seja o anúncio no início de 2014.
"É insustentável que uma eleição aconteça com o claro processo de compra de votos. É imoral. Os poderes do clube não podem permitir isso. É algo desmoralizante para a instituição. O presidente da Assembleia Geral tem a responsabilidade de conduzir as eleições. Ele vai tomar a medida nesse sentido se os fatos chegarem com sustentação. Ir à Justiça é sempre indesejável, mas se transformou em uma realidade usual no Vasco. Não é bom, porém, bem provável que aconteça novamente. Não existe outro caminho quando manobras desse tipo acontecem", afirmou José Hamilton Mandarino, ex-vice de futebol e um dos líderes do grupo "Vira Vasco", formado por antigos aliados do presidente Roberto Dinamite.
Procurado pela reportagem do UOL Esporte, Eurico Miranda respondeu aos opositores e reafirmou que vai lutar pelos direitos dos eleitores caso seja necessário.
"O estatuto do Vasco é muito claro. Antecipar a eleição é ir contra o próprio estatuto. Isso é um manifesto político violento contra os novos sócios. Não é desta forma, basta conhecer um pouco de legislação para saber. Vou intervir se fizerem qualquer coisa. Um grupo de pessoas planeja escalar o Himalaia. Tudo bem, podem ir. Não quer dizer que vão conseguir. Não me diz absolutamente nada. Se subirem, posso falar alguma coisa sobre essa iniciativa", afirmou.
O ex-presidente aumentou o teor das críticas aos adversários políticos e abordou o suposto "mensalão eleitoral" que seria pago por ele aos novos associados.
"Esse grupo de conselheiros se reúne para tudo, mas nunca vi fazer algo concreto para o Vasco. A probabilidade de o time cair para a segunda divisão é imensa e estão preocupados comigo. Não fizeram e nunca vão fazer nada para o bem do clube. Eles têm fobia de o Eurico voltar, ficam nervosos. Contesto o sistema e eles tremem. Não aceito a posição subalterna que o Vasco ocupa no momento", comentou.
"Mais de quatro mil sócios aderiram ao recadastramento. Não sei quantos votarão no Eurico. Não foram apenas os meus seguidores que entraram para o quadro social. Os novos sócios foram importantíssimos para o Vasco em todos os aspectos. Foram mais de R$ 500 mil em mensalidades e taxas de adesão. Essa quantia foi fundamental para as despesas do clube. A coisa precisa ser feita com isenção, rigorosamente é isso", encerrou o polêmico dirigente vascaíno.
Fonte: UOL