Na China, os imperadores eram conhecidos como “filhos do céu” e eram reconhecidos como dirigentes de tudo que há embaixo do céu. Em mais de 2.100 anos foram quase 400 mandatários. Mas nos gramados chineses há apenas um dono: Muriqui. Artilheiro da Liga dos Campeões da Ásia com 11 gols, o ex-jogador de Madureira, Atlético-MG e Vasco tem mais moral no país do que os astros Elkeson e Conca no Guanghzhou Evergrande, que está nas semifinais da competição.
“Pensei muito antes de vir, Eu era titular no Atlético e trocar a estrutura do Galo pelo desconhecido dá medo. Mas a cidade aqui é sensacional e tem muitas facilidades para os estrangeiros”, afirma Muriqui, de 27 anos, que ainda tem mais três anos de contrato com a equipe e não faz planos de voltar ao Brasil.
“As coisas mudam na vida. Tenho três anos de um bom contrato e é difícil eu receber o que ganho no Brasil. Tenho um filho de quatro meses. Sinto falta do calor da torcida, da pressão, mas voltar não me passa pela cabeça”, disse.
Muriqui sabe que vestir a camisa da Seleção é um sonho distante. Tão distante quanto um voo do Brasil para a China. Embora não descarte a naturalização, o atacante não crê nessa possibilidade
“Os caras da Seleção dificilmente chamam quem joga em times menores da Europa, imagina quem atua na China. Sinceramente não acredito mais em seleção brasileira, mas deixo nas mãos de Deus. Teve uma conversa sobre naturalização por aqui, mas é bem complicado. Nenhum esporte na China tem naturalizados, já que o país não permite duas nacionalidades. Ou você é chinês ou é outra coisa”, explica o jogador, que além de lutar pela Liga dos Campeões da Ásia, que dá vaga no Mundial de Clubes, está também perto do tricampeonato chinês com o Guangzhou Evergrande.
DROGBA E ANELKA
Feliz na China, Muriqui admite que nunca experimentou as iguarias da culinária chinesa, como baratas, gafanhotos, escorpiões e até carne de cachorro. O atacante garante que esse não foi o principal motivo da saída dos craques Drogba e Anelka, que deixaram o Shanghai Shenhua sem receber os supersalários prometidos:
“Pelo que soube, eles saíram porque quem os contratou já tinha uma parte das ações do clube e foi prometido que ganharia mais uma parte se levasse os dois. Quando o Anelka e o Drogba chegaram, não cumpriram o prometido. Como era o investidor que pagava os salários, os jogadores não receberam”.