Sérgio Cabral é o trunfo do presidente Roberto Dinamite e de rivais para neutralizar o possível retorno de Eurico Miranda ao principal posto do Vasco. O governador do Estado do Rio de Janeiro recebeu convites de chapas para manifestar oficialmente apoio ao candidato que ainda pretende escolher e usar sua influência empresarial e política para tentar "definir" a eleição do clube no próximo ano.
A ideia dos participantes é convencer o governador, que já apoiou Dinamite nos pleitos anteriores, a atuar como "cabo eleitoral" e frear a candidatura de Eurico Miranda. O contato político de Sérgio Cabral é considerado primordial para a gestão do Vasco. Desta forma, seu nome é consenso entre a maioria dos conselheiros envolvidos no processo.
O político intermediou recentemente o patrocínio do Cruzmaltino com a montadora de automóveis Nissan e tem sido braço importante nas negociações com a Receita Federal para a obtenção das certidões negativas de débitos - documento que comprova o acordo para o pagamento de dívidas com a União.
Embora remota, a possibilidade de Cabral sair como candidato ao cargo máximo do clube já foi sondada por pessoas ligadas ao presidente Roberto Dinamite e rivais políticos. O governador dificilmente aceitará o desafio, já que deve renunciar ao comando do Estado no início do próximo ano e assumir um ministério oferecido pela presidente Dilma Rousseff.
"O Vasco é um clube democrático e a busca por alianças é normal. A minha prioridade no momento é regularizar a situação da instituição em todos os sentidos. Não pretendo me aprofundar no tema eleição por enquanto", afirmou o presidente vascaíno ao ser consultado pela reportagem do UOL Esporte.
A tendência é que uma frente apoiando o Grande Benemérito Jorge Salgado seja formada e busque o aval do político para criação de parcerias e projetos com empresários. A meta de uma virada administrativa com apoio de Sérgio Cabral e também de seu pai - sócios cruzmaltinos - promete ter aceitação considerável em diversas correntes.
"Sabemos que ainda é um trabalho inicial, mas as chapas se interessam e disputam o apoio do governador na esfera política e empresarial. Porém, considero que o mais do mesmo não seria interessante ao próprio Sérgio Cabral. Precisa ser uma coisa nova e com um objetivo claro para os envolvidos", explicou um cartola do Vasco, que preferiu não se identificar.
Ainda existem a Cruzada Vascaína, presidida por Leonardo Gonçalves, o grupo Identidade Vasco, de Roberto Monteiro, e o Pró-Vasco, encabeçado pelo ex-vice de marketing Eduardo Machado. Outro grupo, também formado por ex-dirigentes, tenta convencer José Hamilton Mandarino a lançar candidatura. Entretanto, apoiar Salgado não é uma questão descartada.
As chapas rivais possuem algumas ideias divergentes, mas concordam no desejo de não aceitar o retorno de Eurico Miranda, atual presidente do Conselho dos Beneméritos e integrante do grupo Casaca. O objetivo é trabalhar com uma terceira via, capaz de mudar o panorama e fugir da "guerra" entre Eurico e Dinamite.
Apesar da boa aceitação de Sérgio Cabral entre os cartolas vascaínos, alguns envolvidos na eleição observam a situação com receio. Devido aos protestos recentes e manifestações pedindo a renúncia do político, o ex-vice de finanças Nelson Rocha, entusiasta da candidatura de Mandarino, diz não acreditar que o governador possa fazer diferença considerável no momento.
"O Sérgio Cabral é uma pessoa de renome, mas não o vejo ainda como fundamental no momento político do Vasco. Até pela situação atual do governo. O aval de uma autoridade sempre é importante, mas talvez atrapalhe mais na eleição do clube em uma fase delicada politicamente no Rio de Janeiro", encerrou.
Procurada pela reportagem, a assessoria do governador do Estado do Rio de Janeiro não manifestou posição oficial até o fechamento da matéria.
Fonte: UOL