Setembro é para o Vasco o mês de um aniversário que ninguém em São Januário quer comemorar. Há exatamente um ano o clube convive com o bloqueio total de suas receitas. Em processo da Fazenda Nacional, a Justiça determinou a penhora das verbas por conta de dívidas tributárias e previdenciárias. Embora este nó esteja perto de ser desatado – com o recente acordo para o parcelamento da dívida –, a estimativa é de que neste período o Vasco tenha deixado de receber em seus cofres cerca de R$ 30 milhões, que estão depositados em juízo, mais verbas recentes, como parte dos R$ 7 milhões da Nissan, além de outras receitas do clube.
Os R$ 30 milhões nem vão entrar no Vasco. Serão utilizados para abater a dívida total – pouco mais de R$ 100 milhões – a ser paga em 60 meses. Sem as receitas relativas a contratos de patrocínio e acordo para os direitos de transmissão, o Vasco se viu constantemente abalado por salários de funcionários e jogadores atrasados – o que muitas vezes teve influência direta e indireta no desempenho da equipe em campo.
Buscando receitas alternativas, o Vasco programou para esta sexta-feira o pagamento de um mês de salários a jogadores e funcionários. A expectativa é de que na próxima semana seja quitado o segundo mês em atraso.
- O impacto foi péssimo, mas o clube acertou dívidas que nunca foram acertadas durante anos. Um dia essa conta precisava ser paga. A hora chegou, e ao menos o problema foi solucionado. O Vasco ultrapassou um grande problema e vai cuidar para que não volte a ocorrer - frisou Marcello Macedo, um dos advogados contratados pelo Vasco para acertar a dívida com a Fazenda.
Desde setembro do ano passado têm sido muitas as tentativas de buscar um acordo de parcelamento da dívida, para que o Vasco volte a respirar com a injeção financeira. A primeira vitória ocorreu no fim de agosto, quando o Governo Federal finalmente assinou a proposta de ajuste da dívida com a Fazenda Nacional. Dessa forma, o clube poderá ter as verbas desbloqueadas.
No ano passado o Vasco encontrou nos patrocínios pontuais uma solução emergencial para amenizar a asfixia financeira. Em 2013, precisou sobreviver com venda de atletas (cerca de R$ 25 milhões no total), operações financeiras e novos patrocínios. Receitas certas, somente a dos associados – cerca de R$ 500 mil.
Além disso, o ajuste abriu caminho para a obtenção das Certidões Negativas de Débito com a União (CNDs). Com as certidões em mãos, o Vasco poderá assinar o contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal, que vai pagar R$ 15 milhões anuais. Atualmente existe um acordo de cessão não onerosa do uso da marca. O clube exibe o logo do banco sem poder receber por isso, mas já com a situação encaminhada. Além disso, o Vasco tem a perspectiva de receber os 30% restantes dos R$ 7 milhões referentes ao contrato de patrocínio com a Nissan, bloqueados por conta das dívidas com a União.
- O clube vem sobrevivendo a esse caos financeiro. O Vasco vem trabalhando sua reestruturação alongando passivos, renegociando dívidas com credores e impostos com Receita e Fazenda Nacional. Estamos trabalhando com a dívida e com a necessidade de manter as operações mesmo com recursos insuficientes para pagá-las - ressaltou Cristiano Koehler, diretor geral do Vasco.
O Vasco tem um passivo estimado em R$ 600 milhões. Em janeiro, o déficit era de R$ 80 milhões (correspondente à diferença entre receitas e despesas) e atualmente o clube precisa de R$ 30 milhões para fechar o ano com essa balança zerada.
Fonte: GloboEsporte.com