A equipe sub-17 de futsal do Vasco da Gama disputará a sétima edição da Taça Brasil de Clubes (Divisão Especial) de 13 a 19 de outubro, na cidade de Teresópolis (confira todos os detalhes da competição clicando aqui). O Vasco vem tendo uma preparação de certo modo conturbada para a competição, para a qual já está confirmado desde o começo do ano, quando foi designado pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) como clube sediante da competição. Ainda assim, houve diversas mudanças profundas no salão vascaíno durante o ano. E na categoria sub-17 (infanto-juvenil) não poderia ser diferente.
O antigo coordenador de futsal do Vasco, Alex Perpeto, deixou o clube no começo de abril, com a dupla Ricardo Leon Haddad (vice-presidente de quadra e salão) e Marco Bruno (gerente de quadra e salão) assumindo o comando da modalidade no clube. Como já estava em meio aos campeonatos do primeiro semestre e o planejamento já estava feito, não houve grandes mudanças num primeiro momento. Entretanto, após as competições (em que o Vasco, o que é raro, não conquistou o Carioca em nenhuma categoria, apesar de ser finalista em cinco delas da competição organizada pela Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro no primeiro semestre), a dupla optou por fazer essas profundas trocas.
Uma das principais foi nas comissões técnicas. À exceção do sub-20 (Marcelo Akra), todas as categorias tiveram os seus treinadores dispensados ou remanejados. Um dos exemplos desta última situação é Marco Antônio Avellar (foto), que saiu do sub-13 e foi para o sub-17, que era treinado por Elcio da Rocha (dispensado). Para explicar isto, os dirigentes colocam que precisavam de um dos melhores treinadores do clube para dirigir uma categoria que terá uma competição de tamanha relevância pela frente: a Taça Brasil é a principal competição nacional da categoria sub-17. Marco já treinou o time adulto do Vasco, como na Liga Futsal (maior competição do calendário brasileiro, conquistada pelo Vasco, que é o único clube do Rio de Janeiro a faturá-la, em 2000).
Neste período, o Vasco perdeu dois jogadores importantíssimos da categoria infanto-juvenil: Flavinho (foi para a Casa de España/Botafogo) e Arlen (voltou para a sua cidade, Manaus/AM), que já estavam no clube há muito tempo, sobretudo o primeiro. Diante de todas essas profundas mudanças, o Departamento de Quadra e Salão se viu com uma equipe bastante debilitada a poucos meses de uma competição importantíssima e extremamente difícil, para a qual os melhores times do Brasil na categoria sub-17 estavam confirmados. Houve uma busca por atletas para suprir as saídas e teve que ser elaborado um planejamento para essa competição, que é o principal foco do Departamento para o segundo semestre.
Com exclusividade ao Blog CRVG – Em Todos os Esportes, Avellar fala sobre as dificuldades que enfrentou, ao lado dos dirigentes, no começo desse árduo caminho para ter um Vasco forte na Taça Brasil, que ainda está em pleno andamento.
- O processo começou um pouco difícil, perdemos muitos jogadores, nossos principais jogadores praticamente foram embora. A comissão técnica foi trocada, e aí, junto com o Marco Bruno, nós falamos "vamos começar tudo de novo, do zero". Nessa troca fomos buscando jogadores, testando as peças.
Marco Antônio Avellar considera que sua equipe, para quem partiu do “zero” (como ele mesmo fala), vem evoluindo bastante. Como emblema desta flagrante melhora, a excelente vitória vascaína sobre o Fluminense no Campeonato Estadual por 2 a 0, em São Januário, no último dia 14 de setembro. O Tricolor das Laranjeiras estava há muito tempo invicto e conquistou o Campeonato Carioca, no 1° semestre. Ainda assim, o Vasco venceu com uma atuação muito boa. Além dessa rápida evolução, Avellar conta sobre como sua filosofia de trabalho vem sendo assimilada por seus comandados a fim de fazer uma boa apresentação em Teresópolis:
- Eu acho que evoluiu bastante. Tivemos o ápice agora no jogo contra o Fluminense, que é o melhor time do Rio de Janeiro, estava há um ano sem perder. Conseguimos a vitória com bastante autoridade na quadra, dois a zero, mas o trabalho ainda continua. Dezessete anos é aquilo: o trabalho vai e volta sempre, e eu nunca me dou por satisfeito. Esta é uma característica que eu tenho. Eu preciso tirar o máximo dos meus jogadores, não posso admitir que um garoto de dezessete anos não me dê o máximo que ele pode. E dentro desse meu trabalho nós estamos com muita quebra de paradigma. Os garotos chegam com uns determinados vícios, com falta de informação, e demora um pouco a tirar. Mas acho que estão começando a entender a minha filosofia de trabalho, estão começando a encaixar o trabalho, e eu acho que o nosso time pode fazer uma boa apresentação na Taça Brasil.
Apesar da liderança do grupo B do Estadual após sete jogos disputados (seis vitórias e uma derrota) e a vitória sobre o forte time do Fluminense, Avellar ressalta que faz de tudo para que isto não deslumbre os jogadores. A todo momento ele ressalta que o foco do clube para a categoria neste semestre é a importantíssima competição nacional. Ainda assim, o experiente treinador sabe que não pode relegar totalmente o Estadual, sendo também um compromisso da equipe, mas com foco total apenas após o dia 19 de outubro. Até lá, Avellar revela que vem usando a competição principalmente para testar os atletas e o sistema de jogo com vistas à Taça Brasil:
- Eu estou vivendo um paradoxo muito grande. É o que eu falo muito para eles: na realidade, eu estou trabalhando para a Taça Brasil, que é uma competição muito difícil. Mas no meio da Taça Brasil temos o Campeonato Estadual, em que nós também temos o compromisso sério aqui. No Estadual a gente começou devagar, usando basicamente para eu fazer os testes e as experiências, e culminou com a atuação brilhante deles contra o Fluminense que está me dando o primeiro lugar. Eu fiz questão de chegar ao vestiário e falar para eles o seguinte: "sabe o significou essa vitória sobre o Fluminense? nada". Não quer dizer nada eu ser líder, o que interessa, volto a falar, é o trabalho. A gente está no caminho da Taça Brasil, esse é o nosso foco e o nosso objetivo neste momento. É uma competição extremamente difícil, o Vasco é clube sediante da competição, temos uma responsabilidade muito grande. Depois da Taça Brasil começamos a pensar no Campeonato Estadual, que neste momento está servindo para a formação da nossa equipe e do nosso time.
Avellar também comenta sobre as importantes saídas de Flavinho e Arlen. Embora ressalte que tem conseguido suprir bem a ausência deles (exaltando a chegada de Everton, vindo do Fluminense), ele não se esquece de que com a presença dos dois sua equipe seria mais forte ainda:
- Esse foi o grande problema. Perdemos os dois principais jogadores, mas conseguimos repor com um desses que no campo poderiam ir muito bem: o Everton, que veio do Fluminense, um menino que eu só tenho que elogiar. Ele largou o Fluminense. Ganhava 350 reais lá, e largou isso tudo para vir jogar a Taça Brasil aqui, soube do nosso trabalho e preferiu trocar. O que eu acho que é o certo: não está na hora de ganhar dinheiro, mas de se formar. Eu consegui suprir bem a ausência dos dois. Mas eu também sei que poderia estar com os jogadores com quem eu supri a ausência dos dois e mais os dois. Meu time estaria bem melhor se eu estivesse com eles. Mas, uma vez que não teve jeito e eu perdi os dois... O Flavinho foi para o Botafogo e o Arlen voltou para o Manaus, de onde ele veio. Eu consegui por enquanto suprir, mas se os dois ainda estivesse aqui teriam somado ainda mais.
Após trabalhar durante um tempo considerável na categoria mirim (sub-13), na qual há ainda a clara intenção de formar os jogadores para o campo (como preceito de metodologia de trabalho do clube, sobretudo até a categoria mirim), Avellar retorna a trabalhar com uma faixa etária na qual os jogadores, salvo raras exceções, estão voltados apenas ao salão. Como já trabalhou até no adulto, o treinador conta que não sentiu dificuldades nessa transição, mas, por outro lado, lamenta que o intercâmbio entre o campo e o salão seja deficiente nesta categoria (não só no Vasco). Ele conta que alguns de seus atletas ainda tentam o sucesso no futebol de campo em clubes de menor expressão e afirma que alguns de seus atletas têm condições de serem aproveitados no campo no próprio Vasco. Neste sentido, ele, finalizando essa entrevista concedida ao Blog CRVG – Em Todos os Esportes, afirma de maneira incisiva que, apesar de mais velhos, continua formando jogadores, assim como fazia no sub-13.
- Essa transição para mim foi tranquila. Na realidade, eu já dirigi o Vasco até em Liga Nacional, já fui treinador de adulto até na Liga. Eu ainda considero estar trabalhando com jogador em formação, ainda estou formando. Meus meninos têm dezessete anos. Eu não conheço a equipe sub-17 do futebol de campo do Vasco, mas eu tenho jogadores aqui que eu não tenho dúvida de que se tivessem uma oportunidade poderiam ajudar e muito o Vasco da Gama no campo. Eu tenho jogadores aqui que jogam no campo em outras agremiações. Tenho jogador que está tentando no América, no time do Marechal Hermes, que é um time que eu nem sei de qual divisão é. Mas são meus melhores jogadores aqui. Mas, infelizmente, nós não temos muito esse intercâmbio nessa faixa etária com o campo. Até porque o Vasco teoricamente já vem com os jogadores formados, o que é uma pena. Tenho certeza que eu tenho valores aqui que se tivessem uma oportunidade no campo poderiam vir muito a ajudar o Vasco. É aquilo que a gente fala: do time hoje em dia de dezessete anos do campo quantos vão vingar em cima? A gente não sabe, se vingar um ou dois já está bom. Então eu não tenho dúvida de que os meus jogadores poderiam tranquilamente ter uma oportunidade e ser arrolado nesse bolo ainda de formação do campo, que está formando jogadores – encerra Avellar.