Federação de Jogadores peita CBF e ameaça ir à Justiça por mais férias

Sábado, 21/09/2013 - 16:37
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O calendário do futebol brasileiro de 2014, divulgado pela CBF nesta última sexta-feira, não foi bem aceito pelos jogadores. A ideia da entidade era de que os clubes dariam 15 dias de férias no fim do ano e os outros 15 na pausa do calendário para a Copa do Mundo, no meio da temporada. A medida, no entanto, encontrou resistência dos boleiros, que bateram o pé e contam com o respaldo da Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol, que ameaça até ir à Justiça do Trabalho caso o direito aos 30 dias de descanso não seja aceito.

Quem revelou a insatisfação foi Alfredo Sampaio, vice-presidente da entidade e presidente do Sindicato dos Atletas do Rio de Janeiro. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o treinador admitiu surpresa com a postura firme dos jogadores e detonou o calendário apresentado pela CBF.

- A CBF sabe há quantos anos que teremos Copa do Mundo em 2014? Somente na semana passada nos procurou, para apagar o incêndio. Mas os jogadores pela primeira vez agiram de forma rígida e disseram: ‘Não queremos e não vamos ter só 15 dias de férias no fim do ano’. É algo histórico – disse o treinador, que falou com todos os capitães da Série A do Brasileiro.

Alfredo Sampaio teve duas reuniões na sede da CBF, no Rio de Janeiro. A primeira no dia 12 de setembro e, a outra, na última terça-feira. Ouviu a sugestão dos dirigentes, procurou os atletas e deu a palavra final dos jogadores. Desta forma, com o Brasileirão terminando apenas no dia 8 de dezembro, os atletas deverão gozar as férias até o dia 7 de janeiro, se reapresentando somente no dia 8.

O problema é que o calendário marca o início dos estaduais para o dia 11 de janeiro. Neste caso, os jogadores teriam apenas três dias para treinar antes de estrear na temporada, o que pode levar o Sindicato dos Atletas a procurar a Justiça para preservar os jogadores.

- Na terça-feira passada oficializei a posição dos atletas para a CBF. Ela não pode infringir a Lei Pelé, que determina os 30 dias de férias. A CBF, então, transferiu para os clubes e federações o problema. A volta teria de ser dia 8 de janeiro, mas já teria jogo dia 11. Isso não é humanamente possível. Vou esperar o calendário das federações e, se isso ocorrer, tentar de alguma forma um mandado de segurança para que os atletas não joguem em quatro dias. Vamos ter de apelar ao Ministério do Trabalho – explicou Alfredo Sampaio.

Por conta do aperto nas datas, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, por exemplo, estuda cortar as semifinais dos turnos da competição. Para Alfredo Sampaio, o problema de todo o país seria facilmente contornado caso o calendário de 2013 já estivesse adaptado para o ano seguinte, quando o Brasil sediará a Copa do Mundo.

- Se a CBF tivesse antecipado em uma rodada a Série A deste ano, e a encerrasse junto com a Série B (30 de novembro), estaria tudo resolvido. Quem sai da Série B, por exemplo, não terá problema. Mas a CBF ainda aumentou a Copa do Brasil e tirou todas as datas de escape. Agora quem paga as contas? Os atletas, os clubes ou os estaduais.

Fonte: GloboEsporte.com