O Campeonato Brasileiro feminino, lançado na sede da CBF na última segunda-feira, ainda é uma incógnita para equipes e até organizadores. Apesar de ter sua exibição negociada com emissoras de televisão pelos próximos três anos, nem a entidade máxima do futebol nacional, nem o Ministério do Esporte ou a Caixa, patrocinadora da competição, conseguiram assegurar que novas edições serão realizadas após 2013. O contrato de R$ 10 milhões do banco estatal, que permitiu a organização do torneio, é válido até o final da temporada.
A SportPromotion, responsável pela organização do torneio e comercialização de placas de publicidade e patrocinadores, assinou contrato com o canal FOX Sports por três temporadas para transmissão de partidas ao vivo. Outro vínculo também foi firmado com o BandSports, que exibirá os jogos em horários alternativos. A Band terá boletins com gols e lances, além de propagandas da competição. Os valores não foram revelados. Segundo Paulo Roberto Bastos, diretor da parceira da CBF, apesar do patrocínio da Caixa ser válido por um ano, a projeção é otimista para que o Brasileiro torne-se fixo no calendário.
"Acreditamos muito no futebol feminino por trabalharmos com ele desde 1995, quando organizamos o Sul-Americano, que dava vaga ao Mundial. Vamos realizar esse Campeonato Brasileiro com qualidade e aposto na sua continuidade. Temos contrato de três anos com a CBF e não acredito que tenhamos problema para conseguir renovar ou mesmo buscar novos patrocinadores. Quando começa a passar na televisão, atrai o interesse de empresas", disse Paulo Bastos.
Os 20 clubes participantes terão 25 passagens aéreas custeadas em partidas acima de 500 quilômetros de distância da sede. Abaixo disso, o transporte será feito por ônibus leito. Hotel e alimentação também serão pagos pela CBF, que dará uma 'ajuda de custo' de R$ 5 mil por jogo aos clubes visitantes. As equipes não terão direito a nenhuma fatia dos contratos de patrocínio ou direitos de transmissão. A premiação ao vencedor também não foi divulgada.
O UOL Esporte apurou que muitas equipes confirmadas na disputa do Campeonato Brasileiro ainda buscam campos para treinamento, além de contarem com equipes reduzidas. Uma delas deverá estrear com apenas 14 jogadoras, segundo relato de um dirigente. Como não terão repasses para bancar salários, os clubes tiram recursos do próprio bolso e buscam outros anunciantes. A Caixa poderá estampar sua marca no uniforme dos participantes.
De acordo com o Bastos, o custo para realização do torneio é de aproximadamente R$ 13 milhões. A competição contará com equipes de 13 estados e do Distrito Federal, com 70 partidas ao todo. As finais acontecem nos dias 1 e 4 de dezembro. A expectativa era de que o Brasileirão feminino tivesse 32 equipes, mas muitas desistiram em cima da hora. Além disso, a demora na aprovação do patrocínio da Caixa também atrasou o projeto.
"Não tenho uma receita [do sucesso do torneio]. Acho que se existir um calendário com continuidade, permanência, que dê aos clubes a possibilidade de ir atrás de patrocinadores, creio que poderá tornar-se viável. As equipes tradicionais do futebol precisam de uma motivação. De qualquer maneira, quero valorizar e reconhecer as agremiações que estão em ação atualmente. Os que fazem acontecer", disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
A CBF ficou responsável por escolher os clubes participantes, que foram os 20 melhores ranqueados pela entidade. O último Campeonato Brasileiro Feminino aconteceu em 2001 e teve como campeão o Santa Isabel-MG, mas deixou de existir pela falta de patrocinadores. Desde então, o único torneio nacional organizado no país é a Copa do Brasil, que teve início em 2007 e tem sistema eliminatório.
Fonte: UOL