O Vasco anunciou oficialmente há dois meses a saída do técnico Paulo Autuori. Substituído por Dorival Júnior, ele deixou claro o descontentamento com as promessas não cumpridas pela diretoria em relação ao pagamento dos salários e obtenção das certidões negativas de débitos - documento que comprova a renegociação de dívidas com a União. O tempo passou, o impasse continua em São Januário e a administração Roberto Dinamite vê uma longa batalha para a resolução definitiva da crise financeira.
A atitude do também ex-treinador do São Paulo - substituído por Muricy Ramalho na última segunda-feira - caiu como uma bomba nos bastidores durante o início de julho. Autuori havia estipulado o mês como prazo final para a regularização do impasse financeiro e pagamentos de atletas e funcionários. A situação não foi normalizada e resultou em uma esperada saída do comando.
Os dirigentes reprovaram publicamente a atitude do profissional e o acerto poucos dias depois com o São Paulo, quando o Cruzmaltino anunciou as parcerias com a Caixa Econômica Federal e Nissan. No entanto, o montante superior a R$ 20 milhões está retido por conta das dívidas com o Governo Federal e respectivas penhoras.
A revolta da torcida também apareceu nas redes sociais e seguidos jogos do time em São Januário. As duras cobranças do técnico anterior ganharam um tom mais leve com Dorival Júnior. Mas o clima de tensão ainda é considerável na cúpula cruzmaltina, já que o problema esteve próximo de ser solucionado, mas foi bloqueado pela Justiça na última semana.
"Não vamos falar até tirarmos as certidões. O Vasco vai manter o silêncio. Esperamos resolver essa questão o mais rápido possível. Pode até acontecer até o final da semana. Vamos aguardar", explicou o diretor geral do Vasco, Cristiano Koehler.
No dia 3 de setembro, a juíza Fabíola Utzig Haselof, da 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro, decidiu não homologar o acordo entre Cruzmaltino e Fazenda Nacional pelo parcelamento em cinco anos da dívida superior a R$ 100 milhões. Com isso, o clube está impedido de obter as CNDs e assinar o contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal. O departamento jurídico vascaíno busca um recurso para reverter o posicionamento, já que a homologação era considerada certa depois que o acordo com a Fazenda Nacional foi publicado no Diário Oficial.
A juíza questionou o oferecimento da Sede Náutica da Lagoa e contratos do Vasco como garantias do acordo. Segundo a decisão, o local não está atualizado no Registro Geral de Imóveis. Já os contratos são insuficientes na ótica da Justiça, que os considera penhorados em outras execuções fiscais.
A dívida total do Vasco com a Fazenda Nacional é de mais de R$ 170 milhões. No entanto, o acordo foi feito primeiramente para viabilizar o pagamento do passivo ativo - valor originário do débito - de pouco mais de R$ 52 milhões quando as partes começaram a negociar. Com o passar dos meses, o montante subiu para mais de R$ 100 milhões em correção promovida pela tabela da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e juros correspondentes.
O clube decidiu dar de entrada mais de R$ 20 milhões que estão penhorados. No acordo, o Vasco deve pagar até o final do ano pelo menos seis parcelas de cerca de R$ 500 mil. Em 2014 e 2015, serão 24 prestações de pouco mais de R$ 1 milhão, enquanto em 2016 e 2017 as parcelas estão fixadas em R$ 1,2 milhão. O valor aumenta ainda mais em 2018.
Fonte: UOL