O Vasco conquistou no último sábado a Taça BH de juniores ao bater o Vitória por 1 a 0, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. O título até poderia ser considerado um feito natural para um dos principais clubes do país. Porém, a celebração envolveu mais do que o triunfo, pois representou para dirigentes e profissionais a comprovação da reviravolta na base cruzmaltina após 18 meses da morte de Wendel Junior Venâncio da Silva.
O jovem de 14 anos faleceu em 9 de fevereiro de 2012 durante uma peneira realizada no CT de Itaguaí. O episódio resultou em uma série de investigações e interdições dos alojamentos do clube por parte do Ministério Público. O órgão relatou desde falta de higiene até alimentação insuficiente para as promessas.
A diretoria reformou alojamentos em São Januário e Itaguaí. Os problemas com transporte e alimentação também foram aparentemente solucionados sob a supervisão do diretor Mauro Galvão, que bancou a permanência do técnico Sorato mesmo diante de resultados questionáveis no início do trabalho e a pressão de empresários por sua demissão durante o primeiro semestre.
Para os envolvidos no projeto de reconstrução, o investimento no futebol amador foi fundamental para voltar a conquistar um título de expressão após a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1992 e revelar novos atletas. Agora, a administração Roberto Dinamite discute a compra do CT de Itaguaí, local das atividades nos últimos dois anos.
O investimento até o momento é de R$ 300 mil por equipamentos e reforma do local. O custo definitivo está estimado em R$ 5 milhões. Os dirigentes planejam viabilizar a aquisição assim que ocorrer o esperado alívio financeiro por conta das renegociações de dívidas com o Governo Federal.
"As condições de trabalho e alojamento melhoraram muito. Isso foi fundamental. Temos um CT completo. Torcemos para que essa compra aconteça. Acho que o Vasco precisa ter um CT próprio e o momento está próximo. Hoje, a base é uma prioridade no clube", afirmou o técnico Sorato.
Atualmente, o Cruzmaltino fornece alojamento para 40 jovens em Itaguaí. Eles têm todo o aparato à disposição para o trabalho enquanto atletas. Com a melhoria da estrutura física, o principal desafio envolve os constantes salários atrasados, atualmente em dois meses.
"Vemos os esforços para superar a crise financeira. A dificuldade do clube é grande, mas existe a perspectiva clara de melhora. Compramos a ideia do trabalho e sabemos a importância de conquistar bons resultados para ajudar nesse processo. O grupo do Vasco é tranquilo. Os garotos têm a mentalidade de que as coisas estão se definindo na carreira. As dificuldades são naturais, a questão financeira às vezes atrapalha, mas tudo vai passar daqui a pouco", comentou o treinador.
Após o título, o Vasco estreou no Torneio OPG com um empate sem gols com o Boavista. No sábado, o duelo contra o América prossegue o trabalho antes da estreia na Copa do Brasil sub-20, diante do Joinville. Além das melhorias estruturais, o fato de revelar e recuperar atletas que subiram ao elenco profissional e não renderam o esperado, foi celebrado por Sorato.
"Tive a segurança de trabalhar diante de muita pressão. O objetivo é revelar o máximo de atletas. Os juniores precisam suprir o profissional, enquanto o juvenil vai suprir os juniores. O título é consequência. Recuperamos o Jhon Cley, que retornou chateado dos profissionais, mas mostrou que será muito útil. Temos o Danilo, Jordi, Dieyson, Guilherme, Yago, Thalles... São jogadores que vão dar muitas alegrias ao Vasco nesse trabalho em conjunto com o profissional", encerrou.
Fonte: UOL