Aos 38 anos, Juninho Pernambucano mostra fôlego de sobra para continuar jogando. Mas, ao mesmo tempo, começa a pavimentar o caminho que será feito no momento em que decidir se aposentar. Nesta quinta-feira, ele passa a integrar a bancada de comentaristas de um programa de rádio da França, no qual fará uma participação semanal abordando temas como seleção brasileira e Copa do Mundo. No ano que vem, possivelmente já com as chuteiras penduradas, o ídolo do Vasco passará a integrar um time dos comentaristas de televisão. Pelo menos esse é seu desejo.
Juninho admite lidar bem com as críticas. E, no momento em que passará de alvo a produtor delas, sabe que não será uma situação fácil de lidar. Até porque, segundo ele, os jogadores ainda não conseguem absorver de forma tranquila alguns comentários na televisão feitos por ex-atletas.
- Nunca me incomodei de ser criticado. Tudo é a maneira como se faz a análise. Isso já se comenta no vestiário. Os jogadores se incomodam mais com a crítica dos ex-atletas do que com a dos jornalistas. Quando se faz uma crítica mais forte, a do jornalista é aceita de uma maneira mais fácil. Mas eu entendo o atleta que passa para o outro lado. Você também não pode se omitir. O ideal é ter uma opinião, mas existe sempre uma maneira de ela ser expressada. Talvez seja algo com o qual a gente tenha que aprender com o tempo - disse.
Acostumado a ser procurado pelas câmeras dentro de campo, Juninho garante que não são os holofotes que o atraem neste desejo de participar de transmissões. A vontade de continuar no meio do futebol discutindo, trocando opiniões e passando informações são os elementos que o fazem cogitar a possibilidade de entrar para o mundo jornalístico quando decidir parar de jogar, provavelmente em 2014.
- No futebol nunca ninguém tem razão. Podemos ter opiniões diferentes e ter razão do mesmo jeito. Essa é a paixão do futebol. O que me atrai é essa discussão, a crítica. Tudo o que está relacionado à discussão do futebol me dá prazer. E se, quando decidir parar, eu escolher alguma coisa que me dê prazer, talvez seja mais fácil de conseguir ser recompensado, porque não é fácil parar de jogar após 20 anos como profissional. Se eu me sentir à vontade e tiver bons convites, gostaria de trocar essas informações - explicou.
Juninho espera que a experiência na rádio francesa seja uma espécie de categoria de base para alguém que vai novamente viver como um novato, desta vez do outro lado das câmeras. Ele sabe que a provável experiência na televisão vai demandar algum aprendizado técnico, mas entende que poderá compensar qualquer possível falta de adaptação à desenvoltura em comentários e informações preciosas.
- Quero aprender com quem já está do outro lado. É uma troca, então é preciso paciência. O ex-atleta tem que ter a humildade de reconhecer que não possui formação acadêmica. Ao mesmo tempo, nós podemos colaborar como alguém que viveu no campo, no vestiário, naquele pré e pós-jogo. Situações em que vocês (jornalistas) não veem o que acontece. E que talvez num simples olhar a gente seja capaz de passar alguma coisa. Não é entregar a boleirada, mas são as vantagens de quem é ex-jogador. Sei que não é tudo uma maravilha, que existem cobranças. Vou começar agora nessa função, não é algo definitivo, mas que me atrai.
Juninho vai estrear no programa “Luis Attaque”, comandado pelo ex-jogador e ex-técnico Luis Fernandez, na rádio RMC. O jogador do Vasco vai participar sempre às quintas-feiras, das 16h às 18h (horário da França; atualmente de 11h a 13h de Brasília). Ex-jogadores também fazem comentários no programa, que existe desde 2003 e é transmitido de segunda a quinta, como Frank Lebouef, campeão do mundo de 1998, e Coupet, goleiro que foi companheiro de Juninho no Lyon.
Fonte: GloboEsporte.com