Vasco e Corinthians foram punidos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) com perda de quatro mandos de campo. Na tarde desta quarta-feira, os auditores decidiram pela condenação dos clubes por confusão entre as torcidas no Mané Garrinhca, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Serão dois jogos com portões fechados e outros dois com ingressos apenas para os visitantes, além de uma multa de R$ 50 mil para os cariocas e R$ 80 mil para os paulistas. A CBF ainda decidirá quais serão as partidas que as agremiações serão punidas.
Os clubes responderam pelo artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata de deixar de tomar providências capazes e prevenir ou reprimir desordens ou invasão do campo. As penas variavam de uma a dez partidas de punição, disputa dos jogos com portões fechados e multa de R$ 100 a R$ 100 mil. O Vasco, mandante do jogo, também respondeu ao artigo 191, por ter responsabilidade sobre a segurança dos torcedores. A pena, nesse caso, variava entre R$ 100 e R$ 100 mil. O caso preocupou o procurador Rafael Vanzin.
- As imagens trouxeram ao Brasil uma dúvida no atual cenário que temos em virtude da Copa do Mundo. São extremamente lamentáveis os fatos ocorridos, a selvageria praticada, torcedores se tornando reféns desses vândalos, policiais sendo agredidos. Denota total ausência de repressão de ambas as equipes denunciadas - disse.
A advogada do Vasco Luciana Lopes lamentou a decisão, mas não revelou se o clube irá recorrer. Ela assegurou apenas que a agremiação carioca fará um apelo à CBF para que a punição ocorra em partidas de menor apelo de público.
- A punição foi muito severa. A diretoria jurídica do Vasco vai se reunir para decidir como agira agora. A gente clama à CBF que a punição seja em jogos de menor apelo, já que o clube passa por problemas financeiros.
A briga aconteceu no intervalo do duelo, que terminou 1 a 1. Corintianos aproveitaram que não havia divisória entre as torcidas e invadiu o lado vascaíno, dando início ao confronto. A Polícia Militar apelou para o uso de spray de pimenta para conter o tumulto, que assustou muitas famílias que estavam próximas à confusão.
Na briga, foram identificados torcedores do time paulista que estiveram presos em Oruro, na Bolívia, por conta da morte do garoto Kevin Espada, de 14 anos e torcedor do San José, em fevereiro. Doze corintianos ficaram cinco meses detidos e, liberados em agosto, estavam no Mané Garrincha participando da baderna.
Com um tom de ironia, o advogado do clube paulista João Zanforlin disse que pensava em fazer a defesa em inglês "pois o procurador pede aplicação de normas internacionais, da Fifa, e a principal lingua da Fifa é o inglês". Porém, ao comparar sua pronúncia "mais para Joel Santana do que para Shakespeare", seguiu o discurso defendendo o Timão das acusações. Depois da condenação, se mostrou surpreso com a pena de quatro jogos.
- Foi uma decisão ousada. O Corinthians vai se reunir. Temos prazo de três dias para recorrer ao Pleno. Como vou prender, colocar algema num torcedor?! E é mentira que o clube paga ingresso ou ônibus para a Gaviões da Fiel - disse Zanforlin.
Rixa antiga
A rivalidade entre torcidas de Vasco e Corinthians é conhecida de longa data. Em 2009, antes do segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil, um corintiano foi por morto por vascaínos, em briga na Marginal Tietê, em São Paulo. Em reação ao ato violento, os paulistas revidaram queimando um dos ônibus que havia transportado os vascaínos até São Paulo. Para o jogo de Brasília, por exemplo, torcidas organizadas do Corinthians proibiram mulheres e menores de idade de viajar, prevendo confusões.
Fonte: GloboEsporte.com