Quando entrou na Ilha do Retiro para o treino do Vasco, nesta terça-feira, Juninho Pernambucano encontrou novamente Dilma e Fátima, funcionárias da lavanderia do Sport. Ali começava uma espécie de viagem no tempo para o jogador, que viveu ali seus primeiros momentos como jogador de futebol. Após a atividade no gramado que o revelou, ele admitiu estar balançado com o que deve ser sua última partida como profissional em Recife, onde nasceu – o jogo contra o Náutico, nesta quinta, na Arena Pernambuco.
Juninho deixou o Sport em 1995 e começou sua trajetória no Vasco, com o qual criou uma relação ainda mais estreita do que aquela com o clube que o revelou. Mas nem mesmo as hostilidades sofridas na Ilha do Retiro no ano passado abalaram o carinho e afetaram as sensações vividas na tarde desta terça.
- É sempre especial e passa aquele filme na cabeça. Já tenho 20 anos como profissional e saí do Recife há muito tempo, mas é sempre bom ser recebido dessa forma. Não foi assim no ano passado, mas o carinho sempre foi muito grande. Entendo a reação do torcedor pelo fato de eu não ter voltado para o Sport, mas ele age com a emoção e não com a razão. Mesmo assim, a relação com Sport nunca vai ser apagada porque foi aqui onde eu comecei. Hoje estou voltando quase quarentão, pai de três filhas e após viver em vários países. Vivi praticamente uma outra vida fora do Recife, e algumas pessoas não entendem isso. Mas essa relação vai ficar da melhor maneira possível, sabendo que provavelmente esta será a última vez que eu jogue uma partida aqui - disse.
Mesmo sendo inevitável lembrar de seus primeiros momentos na carreira, Juninho tem evitado atravessar esse túnel do tempo fazendo uma despedida aos poucos. Sem ainda anunciar qual será o rumo de sua vida a partir do ano que vem, ele prefere direcionar suas energias para o presente.
- Evito pensar em despedidas. Entro em cada jogo como sendo o mais importante, sem calcular muito até o momento de decidir que vou parar. No fundo todo mundo tem a consciência de que com essa idade, o momento está chegando. Mas não acho que deva sofrer de véspera ou sofrer numa partida pensando que vai ser a última. Prefiro pensar que é um privilégio jogar, ainda na minha idade, onde eu comecei e ter a sorte de não ter sofrido lesões importantes, o que me permitiu chegar até aqui.