A 17ª rodada do Campeonato Brasileiro teve dois lances que chamaram a atenção pela falta de fair play, jogo limpo na tradução literal. No Mineirão, vascaínos reclamaram muito do atacante cruzeirense Willian, que devolveu uma posse de bola para o time carioca, mas de forma que favoreceu aos mineiros. No Maracanã, o goleiro Rogério Ceni conseguiu parar um ataque do Botafogo jogando uma segunda bola em campo. O procurador do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, afirmou que o lance do jogo no Rio de Janeiro será analisado e pode ser denunciado.
- O lance do Rogério Ceni ainda não analisamos. Ainda é cedo para falar em punição, mas vamos analisar durante a semana. Pode ser enquadrado em qualquer artigo sobre simulação ou falta de disciplina - disse o procurador.
No segundo tempo, o árbitro Sandro Meira Ricci apontou falta para o Botafogo próxima da área. O Alvinegro cobrou rápido enquanto os jogadores do São Paulo falavam com o juiz. Para interromper o lance, o goleiro Rogério Ceni jogou uma segunda bola em campo, o que fez com que Sandro Meira Ricci parasse a jogada, que era perigosa.
Na transmissão da TV Globo, o comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba afirmou que o goleiro do São Paulo deveria ter sido punido com o cartão amarelo. Para ele, o árbitro Sandro Meira Ricci preferiu não se complicar e mandou voltar o lance da falta a favor do Botafogo, que iniciou a confusão.
- Nesse caso, o Rogério Ceni deveria ter tomado o cartão amarelo porque estava com uma bola na mão e a jogou em direção a bola do jogo para tentar interromper a partida propositalmente, como fez. Como o árbitro já tinha autorizado a cobrança a falta, o correto seria dar bola ao chão onde a segunda bola interferiu no jogo. E nesse caso foi dentro da área. O árbitro fez o que a gente chama de 'Regra 18'. Foi mais fácil dizer que ainda não tinha autorizado a cobrança e mandou voltar - disse Gaciba, fazendo referências às 17 regras. Nesse caso, Sandro Meira Ricci teria usado uma regra que não existe.
Reclamação vascaína
No Mineirão, o atacante cruzeirense Willian criou polêmica em um lance de bola ao chão, que deveria ser devolvida ao Vasco. Ele chutou a bola na direção da linha lateral e em seguida correu para marcar Fagner, que dominou a bola. O vascaíno tentou dar um chutão, mas a bola bateu no jogador do Cruzeiro e após 41 segundos, o volante Lucas Silva acertou um lindo chute que resultou no quarto gol do Cruzeiro. Nesse caso, Paulo Schmitt não viu qualquer irregularidade.
- Não houve falta de fair play. O jogador chutou a bola e ainda levou mais de 40 segundos para sair o gol. O Vasco teve a chance de tirar a bola. Não dá nem para se falar em falta de fair play. A bola chegou a ficar dominada pela defesa - minimizou o procurador.
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Lédio Carmona, que comentou a partida no SporTV, disse que a atitude Willian não foi correta, mas não se pode dizer que o lance foi fundamental para que saísse o quarto gol do Cruzeiro, levando em conta o tempo que ainda se levou para sair o gol. No Redação SporTV desta segunda-feira, o comentarista Bob Faria disse que o atacante cruzeirense agiu certo, chutando a bola para a linha lateral e quem errou foi o lateral vascaíno Fagner, que tentou sair jogando. Para o técnico do Vasco Dorival Júnior, o lance foi desleal e decidiu o jogo.
- Imperou a deslealdade. Favoreceu a malandragem. O Willian pegou a bola e a jogou de uma maneira que poderia pressionar. Jogou a bola e foi em cima do Fagner, e o gol só saiu por causa disso. Fair play falso? Fair play sacana? No Brasil a gente aprende a valorizar a sacanagem, aprende a ser sacana desde pequeno. E foi isso o que aconteceu. O jogo foi definido numa jogada de falsidade de um fair play. Não tem por que usar de artimanhas e artifícios desleais ao esporte - reclamou Dorival após o jogo.
No final da partida, Juninho Pernambucano também se mostrou incomodado com a atitude do atacante do Cruzeiro e também afirmou que o lance foi definitivo para a derrota do Vasco.
- A bola era para ser jogada para o Vasco e o William agiu malandramente. Infelizmente no Brasil o malandro é sempre o certo, o mais esperto. Ele jogou a bola em condição de pressionar o Fagner, depois a jogada teve sequência e eles definiram a partida - disse o ídolo vascaíno.
Fonte: GloboEsporte.com