Um projeto iniciado pelo Corinthians há cinco anos seduziu Vasco e Botafogo no objetivo de aumentar os lucros com a venda de produtos oficiais e combater à pirataria. Apesar dos avanços nas respectivas parcerias com a rede de franquias SPR, a dupla carioca caminha lentamente para obter os benefícios que o contrato ainda pode oferecer. O diagnóstico dos envolvidos na iniciativa contempla a falha na divulgação da união entre as partes pelos clubes e a luta pela intensidade no trabalho contra uniformes pirateados.
A SPR funciona como uma franqueadora master e promove o elo entre agremiações e empreendedores. Corinthians, São Paulo, Vasco, Botafogo, Cruzeiro, Internacional e Vitória são os participantes do projeto. Os interessados em abrir uma franquia precisam dispor de R$ 150 mil a R$ 300 mil. A capitalização de clientes em potencial no Rio de Janeiro sempre interessou a empresa, que conseguiu firmar compromissos com os rivais cariocas. Entretanto, passado pouco mais de dois anos da entrada no Vasco, os resultados ainda são questionáveis apesar das 20 lojas franqueadas.
O Cruzmaltino saiu de R$ 500 mil em licenciamentos no ano de 2008 para cerca de R$ 10 milhões atualmente. Mas a certeza de um potencial de investimento maior é pauta do debate entre as partes. O caso do Botafogo é diferente, pois o projeto está em estudo no seu primeiro ano e comporta apenas três unidades de franquia no momento. Porém, a divulgação da parceria é pequena perto da expansão do projeto, o que dificulta o principal objetivo: combater e praticamente colocar fim à pirataria de produtos oficiais.
"Posso dizer que a venda de produtos tem funcionado. Mas a luta é constante contra a pirataria. O Corinthians praticamente zerou o número de produtos falsificados. Foi um trabalho em conjunto e que ainda está em evolução no Rio de Janeiro. É importante o torcedor entender que SPR e clubes são parceiros e não existe uma concorrência. Isso é um fator que melhora a atuação das partes envolvidas. A divulgação é fundamental. O Botafogo, por exemplo, faz esse trabalho contra à pirataria há algum tempo", explicou o diretor da SPR, Pedro Grzywacz.
"Outra coisa que dificulta o processo é o próprio momento dos times nas competições. O Vasco teve um pico em 2011 com o título da Copa do Brasil, caiu e voltou a crescer timidamente. O projeto do Botafogo está no início, é diferente do que acontece em São Januário. Ainda estudamos o tamanho das franquias que vamos utilizar, mas a tendência é alcançar dez lojas do clube até o final do ano que vem", completou.
Além das questões sobre pirataria e baixa divulgação, os envolvidos no projeto preocupam-se com os contratos das agremiações com outras empresas, obstáculos para a exclusividade solicitada em documento pela SPR na linha casual. A concorrência atrapalha a comercialização de produtos não-pirateados.
A ideia é fazer o projeto decolar nos moldes de Corinthians e São Paulo. Para se ter uma ideia, o Tricolor Paulista firmou vínculo com a SPR depois do Vasco e já atingiu o número de 37 lojas franqueadas gerando lucro e impedindo consideravelmente a circulação de uniformes piratas.
Procurado pela reportagem, o Botafogo esclareceu que tem a preocupação de combater à pirataria desde a posse do presidente Maurício Assumpção, em 2009. Neste período, o clube promoveu ações em dias de jogos para acabar com os camelôs no entorno do Engenhão, apreendendo cerca de cinco mil camisas falsificadas. Com a interdição do estádio, o Alvinegro não voltou à batalha, mas tem reuniões agendadas pelo assunto com a SPR para meados de setembro. A parceria com a empresa foi diagnosticada como mais uma ação positiva.
"O Botafogo sempre se preocupou com a pirataria. Porém, existem dois tipos. A pirataria vagabunda, que apenas copia o uniforme oficial com péssima qualidade. E a outra é a que envolve empresas que fazem produtos ligados ao Botafogo sem ter contrato com o clube. É uma briga difícil e sofremos com isso. Ainda não fizemos muita divulgação da parceria com a SPR, pois temos a preocupação de montar algo grandioso. Não desejamos apenas divulgar a parceria, mas também quem não é parceiro. Nosso jurídico está correndo para finalizar a questão e impedir retaliações", afirmou o diretor executivo alvinegro, Sérgio Landau.
Já o diretor geral do Vasco Cristiano Koehler assegurou a colaboração com as iniciativas da empresa e disse que novas medidas serão adotadas para melhorar o contrato entre as partes. "Sabemos que o número de vendas está ligado diretamente ao desempenho do time em campo. Estamos ajustando as partes para que as coisas possam caminhar da melhor maneira possível. Já a questão da pirataria é fiscalizada por uma empresa apoiada pelo nosso departamento jurídico", encerrou.
Fonte: UOL