Sondado por clubes de México e Turquia, o atacante André só pensa em cumprir o contrato com o Vasco até o final do ano e estendê-lo caso seja possível. Em São Januário, o atleta recuperou o futebol exibido com a camisa do Santos e não demorou para assumir a artilharia do time no Campeonato Brasileiro. São sete gols em 11 partidas disputadas pelo Cruzmaltino e a certeza de uma resposta aos críticos pelo hiato na carreira nos últimos dois anos.
Em entrevista ao UOL Esporte, o jogador analisou suas falhas e não se esqueceu do período vivido no Santos. Ele admitiu sentir saudades da dupla com Neymar e mostrou preocupação com o amigo Ganso. Para André, o meia precisa estar feliz e com o psicológico em dia para render o que dele se espera no São Paulo. O camisa 9 vascaíno também comentou a "estranha" saída de Paulo Autuori do clube e a difícil convivência com salários atrasados.
Confira a entrevista na íntegra:
UOL Esporte: Você despontou para o futebol na campanha do Santos em 2010. O que representou aquele momento em sua carreira e como foi atuar durante esse tempo sem os antigos companheiros?
André: Sinto muita saudade do Neymar e do que fizemos lá. Aquele time de 2010 marcou o futebol. Tenho a certeza de que fizemos história dentro e fora de campo. Vou me acostumando a jogar sem essa parceria. Somos muito amigos e sempre conversamos pela internet sobre a vontade de atuarmos juntos novamente. Até para seguir na carreira demora um pouco o processo de adaptação.
UOL Esporte: Durante muito tempo você ouviu críticas de que não era o mesmo sem atuar ao lado do Neymar. Essa situação mudou quando chegou ao Vasco. De que forma analisa a observação?
André: Isso é coisa de quem não tem o que falar. Todos sabem que aquele momento de 2010 foi fora do normal. Todo mundo passa por estágios na carreira. As quedas são normais, mas a coisa passou a andar de outras formas. Quando faço os gols no Vasco ninguém diz que o passe não foi do Neymar. Isso já me incomodou muito, porém, não perturba mais. Evito até ler jornal. Sou o cara quando faço gol. Se não faço, não presto. É coisa do futebol. Prefiro me manter afastado dos críticos e me concentrar apenas no trabalho.
UOL Esporte: Você também é muito amigo do Ganso. Ele não decolou no São Paulo como se esperava. O que falta para vermos o jogador que encantou o país pelo Santos? Pode dar algum conselho para o antigo parceiro?
André: É difícil falar por outra pessoa. Mas jogamos juntos desde a base. O Ganso faz coisas de outro mundo. Ele é um dos maiores jogadores que assisti. Ninguém desaprende a jogar bola e tenho a certeza de que vai voltar a atuar bem. Ele está em um clube que passa por um momento difícil. É muito o fator psicológico. Ele precisa se sentir feliz e ter paciência. É uma fase de aprendizado. O Ganso é um gênio e ainda volta para a seleção brasileira. Ele deve estar bastante chateado e sabe que pode render muito mais. Torço muito por um cara do bem e que merece o sucesso.
UOL Esporte: Você chegou ao Vasco e conviveu com uma saída inesperada do técnico Paulo Autuori por promessas não cumpridas de pagamento da diretoria. Como observou o fato em pouco tempo de clube e com um noticiário desfavorável em razão da crise financeira?
André: Pensava que já havia visto de tudo no futebol (risos). Já passei por muitas coisas, mas foi complicado. O Autuori era um cara que defendia o grupo e sempre mostrou sinceridade. Ele tem palavra, porém, foi muito estranho. Tivemos que assimilar rapidamente. O Paulo já tinha conversado conosco, mas não existia certeza de nada. Nunca tinha passado por isso no futebol. Acabou que o Dorival chegou, o time encaixou e foi embora. São coisas que precisam acontecer.
UOL Esporte: Como conviver com a realidade dos salários atrasados? O fato é cada vez mais comum no futebol brasileiro, mas o Vasco tem conseguido importantes vitórias para se reestruturar financeiramente...
André: É importante economizar e ter a cabeça no lugar. Não gasto tanto na rua mais (risos). Cheguei ao Vasco consciente dos problemas. Acredito que a culpa não é da diretoria. Eles estão fazendo tudo para reverter. Temos que ganhar e ajudar o clube dentro de campo. Só podemos cobrar conseguindo os resultados. O dinheiro faz falta, mas todos estão voltados para o campo. Estou com saúde para desempenhar a minha profissão. Isso é o que mais interessa. A situação econômica já melhorou bastante e a tendência é evoluir ainda mais.
UOL Esporte: O seu contrato termina no final do ano e as sondagens são constantes. Você já declarou o desejo de permanecer no Vasco. Acha que pode ajudar de alguma forma junto aos dirigentes do Atlético-MG?
André: É um pouco complicado, pois não é apenas dizer que pretendo permanecer aqui. Existe a questão do Atlético-MG. Posso continuar bem e fazendo os meus gols. Acho que as coisas devem se resolver de uma maneira melhor desde que faça a minha parte em campo. Estou muito feliz no Vasco. Sou tratado com carinho desde o primeiro dia. O meu pensamento era voltar a jogar bem e sabia que conseguiria em São Januário. Estou na minha cidade, ao lado dos amigos e tendo o trabalho reconhecido da forma que esperava.
UOL Esporte: Você aparenta ter uma relação amistosa com a imprensa que faz a cobertura diária do Vasco. A visão é essa ou considera a cobrança mais intensa no Rio de Janeiro?
André: A relação é tranquila, mas aqui a cobrança é muito mais pesada (risos). Tudo o que se faz sai na mídia. Existem as redes sociais, torcedores e jornalistas com celulares em qualquer lugar. É importante tomar cuidado para não virar matéria quando não tem nada a ver e se concentrar apenas no futebol. Acho que essa é a melhor forma de conduzir as coisas.
UOL Esporte: Ainda sonha em ser convocado para a seleção brasileira e disputar a Copa do Mundo de 2014 ou acredita que o técnico Luiz Felipe Scolari já tem os seus escolhidos para a competição?
André: Sempre pinta uma surpresa na última convocação para a Copa do Mundo. Tem aquele cara que estava certo e acaba não sendo chamado. Tem o outro que não era cogitado e aparece. A coisa pode acontecer naturalmente. A minha parte é ajudar o Vasco e fazer gols. Recuperei o bom futebol que as pessoas esperavam. A confiança voltou. Sem dúvida, essa é a maior vitória no momento. Só quero manter o trabalho realizado no Vasco e agradar aos torcedores que gostam do meu futebol.
Fonte: UOL